As Minhas Memórias (25)

No fim do ano veio um professor da Escola Oficial para examinar todos os alunos e determinar quais iriam passar de classe. Todos os alunos da minha segunda classe passaram para a terceira. Só que eu entretanto tinha decidido ir embora de Macau com toda a família que já contava com dois rapazes e duas raparigas. Começava-se a ouvir ecos da chamada Revolução Cultural e dos chamados Guardas Vermelhos. Comecei a sentir receios pelos meus filhos pequenos e pensei: - Se foi o Estado que pagou as passagens para eu vir para Macau, também deverá ser o Estado a pagar as passagens para eu sair. Para isso era preciso concorrer a um cargo público e foi o que fiz. Apareceu uma vaga no Serviço de Finanças e eu concorri. Fui apurado e entrei.
O Director do Colégio D. Bosco não queria por força deixar-me sair. Chegou a perguntar-me: - Quanto quer ganhar para continuar aqui como professor? Expliquei-lhe que a questão não era essa. Eu queria ir embora de Macau.
Quando entrei para as Finanças o primeiro trabalho que me deram (e segundo parece era uma espécie de ratoeira que se metia nas mãos dos novos funcionários), foi um monte de papéis a que chamavam os "bens do inimigo".
Todos estes papéis eram documentos referentes a casos passados durante a guerra do Japão e faziam parte de uma infinidade de processos existentes nos Tribunais que estavam para ser julgados, há anos, porque ninguém se entendia.
O Procurador da República numa reunião que teve comigo dizia-me que eram fundamentais alguns desses documentos para poder produzir uma acusação coerente, mas que não se conseguia organizar um arquivo útil para consulta desses documentos.
Entre esses papéis encontrei algumas coisas espantosas como por exemplo um cartão de visita do Governador de Macau em que ele lançava um despacho mandando apreender uma determinada propriedade.
Uma das primeiras coisas de que me apercebi e que tornava extremamente difícil elaborar um índice era o facto de muitos documentos se referirem a pessoas e outros a bens sem haver algo que os relacionasse.
Custou bastante mas consegui elaborar um arquivo em que todos os nomes de pessoas intervenientes tinham a referência a pastas onde se encontravam todos os documentos referentes aos seus bens.
Por outro lado todos os documentos referentes a bens tinham a indicação das pastas onde se encontravam os documentos referentes aos seus proprietários.
O Procurador da República ficou encantado com o meu esforço, bem como o Director das Finanças, de tal forma que sabendo da minha vontade de me ir embora, descobriu uma vaga nas Finanças de Moçambique e conseguiu a minha transferência para aquele lugar.
E assim foi. Passado pouco tempo aí estávamos nós todos, mulher e filhos, a bordo de um barco a caminho de Moçambique, depois de uma curta paragem em Madagáscar.

Our Children at BLOOMLAND!

We have a small bunch of sunshine that has come to do arts and crafts at Bloomland.
They have learned a lot amongst their playmates. We explored water color techniques and different brush strokes making rainbows and castles. Felt was used to place parts together for a final project Butterflies and Toy Soldiers. The children learned mosaic which took patience and stride. Their efforts paid off with a finished oval and many blues, greens, purple, red and orange on a surrounding sky blue backdrop poster board. The children explored many areas shapes, colors, texture and listening skills.
On Sunday the children participated on Keepsake Boxes that they created in a world of paint. Their own imagination and design was explored. Some painted in design others just a lot of color. The final step being a small fairy that was placed inside the box to keep them safe. All the children were happy to read stories at story time the books at Bloom are all educational and informative. Puppet theatre was great fun. The children played with me as Curious George found a new ice cream shop. We explored flavor of ice cream, and of course George’s favorite ice cream was Banana with a little whip cream on his nose.

We had loads of fun and hope to see you all this weekend!
[MICHELLE THOMAS]

I like to watch

[...]
- Sim, é mesmo disso que eu gosto.
- De quê?
- Já te disse. Não é preciso repetir. Quem não ouviu que tivesse vindo mais cedo.
- Ah...
- Gosto de ver, gosto de tocar e, na verdade, também gosto de morder.
- Mas morder dói.
- Sim, claro que dói, mas o que é que não dói? Tudo dói, de uma maneira ou de outra.
- Mas há pessoas felizes, que passam bem sem a dor, que não precisam dela.
- Não é uma questão de precisar ou não precisar. Ela vive com o nosso corpo. Forma todos os nossos sentidos. Somos criados por aquilo que nos dói. No fundo, é a dor que nos guia.
- Será? Não estás a ser demasiado linear. Demasiado radical, também?
- Não. Dói mesmo tudo. Dói a percepção errada que às vezes têm de nós. O acharem que somos isto ou aquilo. As opiniões que fazem através da nossa figura. Ou do que nos sai da boca para fora. Que não podemos ser mais nada e que está tudo dito.
- Há sempre uma última palavra para tudo. Uma última condição.
- Pois há mas não conta. O que importa é o que passou no jornal da uma. A grande notícia, o grande feito. A explosão ou o rapaz que engoliu a Terra. Isso é que vale.
- Acho que estás enganado.
- Não estou nada. Sabes bem que não estou.
- Mas do que é que estavas a falar antes?
- Disso. Daquilo que eu gosto mais. Eu sei que também gostas. Não há nada mais bonito.
- Ah sei. Talvez tenhas razão. Também gosto muito de as morder.
- Vês...

O Jardineiro (III)

Chance entrou no quarto e ligou a TV. O aparelho criava a sua própria luz, a sua própria cor, o seu próprio tempo. Não obedecia à lei da gravidade que encurvava eternamente as plantas. Tudo na TV era emaranhado e misturado, mas com contrastes macios: noite e dia, pequeno e grande, rijo e quebradiço, quente e frio, distante e próximo. Neste mundo colorido da televisão, a jardinagem era a bengala de um cego.

Ao mudar de canal, podia mudar-se a si mesmo. Podia passar por fases, tal como as plantas de jardim, mas ele mudava tão rapidamente quanto desejava ao pressionar o botão do comando. Podia até alastrar-se gradualmente por toda a superfície do monitor, tal como na TV as pessoas, por vezes, se alastravam, ocupando toda a largura do ecrã. Ao pressionar o botão, Chance podia trazer outras pessoas para dentro das suas pálpebras. E foi assim que começou a acreditar que era ele, Chance, e mais ninguém, o responsável pela sua própria existência.

A figura no ecrã de TV parecia um reflexo seu ao espelho. Ainda que Chance não soubesse ler ou escrever, a sua semelhança com o homem na TV era maior de que a dissemelhança. As suas vozes, por exemplo, eram muito parecidas.

Afundou-se no monitor. Como a luz do sol, o ar fresco e a chuva suave, o mundo exterior ao jardim penetrou Chance, e este, como uma imagem de TV, flutuou na direcção desse mundo, mantido em suspenso por uma força de que não via a presença e a que não podia dar nome.Ouviu o brusco guincho de uma janela que era aberta por cima da sua cabeça, e a voz da criada gorda a chamá-lo. Levantou-se, ainda que com relutância, desligou cuidadosamente a TV e saiu. A criada gorda debruçava-se da janela do andar superior, agitando os braços. Não gostava dela. Tinha chegado pouco tempo depois da Louise negra ter adoecido e regressado à Jamaica. Era gorda. Era do estrangeiro, e falava com um sotaque estranho. Admitia que não entendia as conversas na TV a que assistia no seu quarto. Por regra, apenas prestava atenção ao seu discurso acelerado quando ela lhe trazia comida e lhe dizia o que o Velho tinha comido e o que ela pensava que ele tinha dito. Agora, ela pedia-lhe que subisse rapidamente.


Chance de Jerzy Kosinski

LIVROS DE AREIA • 2007

In Full Bloom

FROM THIS WINDOW WE SAY HELLO TO THE CHIEF EXECUTIVE
{© BLOOM * CREATIVE NETWORK}

O Jardineiro (II)

Being There, “Bem-vindo Mister Chance”, em português, é o filme que deu vida ao livro de Jerzy Korzinski. Com Peter Sellers no papel memorável de Chance, o último que seria apresentado ainda durante a sua vida. Chance é o jardineiro analfabeto e solitário que passou a vida a ver televisão e que de repente se vê dentro desse mundo que observava e que conhecia, apenas, através do ecrã, tornando-se a partir daí uma figura de culto.
Há quarenta anos, Jerzy Kosinski colocou a hipótese de a vacuidade aceder ao poder numa sociedade democrática “evoluída”. Não é difícil reconhecer hoje a actualidade e a urgência desta parábola brilhante, tão divertida quanto desconfortável. Esta obra, considerada pelo Times de Londres o “livro do ano” em 1971, foi adaptada pelo seu autor ao cinema em 1979, num filme realizado por Hal Ashb. O argumento cinematográfico conquistou o BAFTA (British Academy of Film
and Television Arts Award) e o prémio da Writers Guild of America, e foi nomeado para os Globos de Ouro. Peter Sellers seria também nomeado para o Óscar de Melhor Actor.
Pode agora ser saboreado na BLOOM TV. [SEGUIR O LINK ANTERIOR]

O Jardineiro (I)

Era Domingo. Chance estava no jardim. Movia-se com lentidão, arrastando a mangueira verde de um carreiro para outro, e observando cuidadosamente o fluxo da água. De forma muito delicada, deixou que o fi o de líquido tocasse cada planta, cada flor, cada ramo do jardim. As plantas eram como as pessoas, precisavam de carinho para viverem, para se curarem das suas maleitas e para morrerem em paz.

E, no entanto, as plantas eram diferentes das pessoas. Nenhuma planta é capaz de se pensar ou de se conhecer; nenhuma possui um espelho no qual possa ver reflectido o seu rosto; apenas cresce, e o seu crescimento não tem qualquer sentido, pois uma planta não pode fazer uso da razão ou do sonho. No jardim, estava-se resguardado e seguro. Um muro alto de tijolo vermelho, coberto de hera, separava-o da rua, e nem mesmo os sons dos carros que passavam podiam perturbar aquela paz. Chance desconhecia as ruas. E, ainda que nunca tivesse posto o pé fora da casa e do seu jardim, não sentia curiosidade pela vida do outro lado do muro.

A parte da frente da casa, onde o Velho vivia, era quase como a continuação do muro ou da rua. Não sabia se algo aí estava vivo ou não. Nas traseiras do andar térreo, viradas para o jardim, vivia a criada. Do outro lado da sala de entrada, com um corredor que o levava ao jardim, Chance tinha o seu quarto e a sua casa de banho.

O que era particularmente agradável no jardim era que, a qualquer momento, enquanto se encontrava imóvel num dos carreiros ou entre os arbustos e as árvores, Chance podia começar a vaguear, sem saber se caminhava para a frente ou para trás, se estava adiantado ou atrasado face aos seus passos anteriores. Tudo o que importava era mover-se no seu próprio tempo, como as plantas que cresciam.

De vez em quando, Chance fechava a água e sentava- se na relva, a pensar. O vento, sem direcção definida, fazia baloiçar as copas das árvores e dos arbustos. A poeira da cidade assentava, uniforme, escurecendo as flores, que esperavam pacientemente serem lavadas pela chuva e secas pelo sol. E no entanto, apesar de toda a sua vida, mesmo no auge da florescência, o jardim era o seu próprio cemitério. Sob cada árvore e arbusto depositavam-se troncos podres e raízes quebradas e em decomposição. Era difícil saber qual era mais importante: se a superfície do jardim, se o cemitério do qual aquele nascia e no qual continuamente se transformava. Por exemplo, havia algumas plantas junto ao muro que cresciam sem qualquer respeito pelas outras; cresciam mais depressa, oprimindo as flores pequenas e invadindo o território de arbustos mais frágeis.

Chance de Jerzy Kosinski

NA LIVROS DE AREIA {uma das melhores editoras em Portugal}

As Minhas Memórias (24)

O meu primeiro dia de aulas tornou-se numa experiência inesquecível. Dei comigo no estrado da aula ao lado da minha secretária de braços cruzados encarando uma classe de trinta e quatro miúdos aos gritos, saltando por cima das carteiras e atirando coisas uns aos outros. Se estavam à espera de que eu desse um berro e os mandasse sentar, bem podiam esperar. Eu achava que eles sabiam muito bem onde estavam e acabariam por tomar consciência da sua posição. E de facto passado algum tempo, um deles olhou para mim de soslaio e vendo-me de braços cruzados espectante, sentou-se na carteira. Não tardou muito que outro lhe seguisse o exemplo e em breve estavam todos sentadinhos e a olhar para mim. Então mexi-me e disse: - Ora muito bem!
E apontando para um deles perguntei: - Como te chamas ?
Ele respondeu e eu apontei para outro e fiz a mesma pergunta. Assim, um por um, fui perguntando o nome de todos eles.
Depois comecei por fazer um ditado do primeiro texto do livro de leitura. Quando cheguei ao fim tinha trinta e quatro ditados para corrigir e então lembrei-me de fazer uma experiência.
Mandei que cada um escrevesse o seu nome na capa do caderno. Depois ensinei como se corrigia um ditado. Por debaixo de uma palavra errada punha-se um traço. No sítio onde faltasse uma palavra, punha-se uma cruz. No fim, no alto da página escrevia-se quantos erros e quantas faltas.
Em seguida recolhi e redistribuí todos os cadernos e cada um passou a corrigir o ditado de um colega.
Adoptei esta prática todos os dias no início da aula. No segundo dia tinha comprado trinta e quatro canetas vermelhas para distribuir e as correcções dos ditados agora eram todas feitas a vermelho. Também fiz concursos de leitura. Três ou quatro liam um mesmo texto em voz alta e no fim todos davam os seus pontos entre zero e cinco a cada um dos leitores.
Havia quatro filas de carteiras na aula e assim eu determinei que na fila da esquerda se sentariam os mais fracos e na fila da direita os mais classificados. Era muito curioso ver os esforços que cada um fazia para sair da fila da esquerda.
Com tudo isto ao fim de uma semana apareceu na aula o Director da Escola que queria ver como estavam a correr as coisas. Chamou um aluno ao quadro e mandou-o escrever "Eu sou bom aluno."
Ele escreveu sem erros e o padre ia dando um salto de espanto. Chamou outro e ditou outra frase: "Eu gosto de estudar". Este também escreveu correctamente. E entao o senhor Director disse-me: - No fim da aula venha ao meu gabinete que quero falar consigo.
Assim fiz e levei aquilo a que na gíria popular se chama uma caixa de charutos. - Você está doido. - Dizia-me ele. - Você vai esgotar a cabeça dos miúdos. Eles não podem saber tanto em tão pouco tempo.
Pacientemente expliquei que eu não tinha obrigado ninguém a aprender. Eles aprenderam naturalmente e por estímulo próprio. Nunca castiguei um aluno nunca forcei nenhum a nada.
E , de facto era surpreendente a capacidade de aprendizagem daqueles garotos, orfãos, que vivam no Colégio D. Bosco ao cuidado dos Salesianos.
Uma outra coisa que instituí foi a lei do carolo. Eu descobri que no recreio, uns com os outros falavam em chinês. O carolo era um soco dado com a mão fechada no alto da cabeça. Muitos padres usavam isso como forma de castigo. Eu propuz que algum dos meus alunos que ouvisse um colega a falar chinês, me viesse dizer, porque adquirira o direito a dar um carolo no prevaricador. Fazíamos uma roda com todos no pátio do recreio e eu perguntava: - Estavas a falar chinês? Ele dizia que estava e então o colega que o denunciara chegava ao pé dele e dava-lhe um carolo. Isto durante algum tempo não funcionou até que um deles estava de raiva com o colega e fez a denúncia. O que levou o carolo em breve estava a denunciar outro e assim por diante até que se acabou definitivamente com as conversas em chinês entre eles.

There's only the first

Jorge Álvares, the first portuguese that arrived to Macau. There will never be the last one.
[PHOTO BY BLOOM * CREATIVE NETWORK © 2007]

Today is a special day!

We're going to reach the 10000th visitor. If you are the one, if you see the number 10000 on the right side of this Blog, just bellow the visitors tag, send us an email and we'll send you a gift wherever you are. We'll trust your word.
THANK YOU FOR LET IT HAPPEN!

There's a quality to Self's low-decibel articulacy that seems to suck the words from those around him. I have seen it happen at parties. Self, pipe in hand, expounding. And a circle of people looking stun-gunned. But as a boy, he was oppressed by the words of others. "I was a quite committed and precocious reader," he says, fixing me with his pale-blue eyes and raising a fat cigar. "In early puberty, I was already reading Turgenev and at 12, 13, 14, 15, I was absolutely overawed by the canon. It really stifled my ability to express myself. I wanted to be an actor until I got to Oxford and was revolted by what thespians were like. I thought 'OK, I'll have to do the writing thing then.'"

Self grew his journalistic and literary careers in tandem. "I couldn't get in through literary journalism," he says, "I was too Caliban-like. Too uncouth. I couldn't do it. And I didn't want to, I wanted to write fiction. I was 27 and I thought, 'If I don't write a book now, I won't ever do it.' I got up at 6am and did an hour or two on The Quantity Theory of Insanity before heading into the office. That collection received what Cocteau has described as a 'terrifying baptism of caresses'. Instantly, overnight, I could call up an editor, pitch a piece and get it accepted. I like maintaining the two careers. The journalism gets me out. Although people who see me primarily as a journalist find the idea that I write fiction intolerably pretentious, while people who see me as a novelist find the idea of journalism rather vulgar."

His only concern is that he writes too much. "At least 1,000 words for publication every day. I'm incontinent about it. Of course, it's all exquisitely crafted. Hmmm. Who was it who said of Jack Kerouac, 'he doesn't write, he types'? That's what I worry about too. But I work at it. I work at my typing." We laugh. He pauses. "I'm afraid if I stop, I'll be overwhelmed. But mostly it's genuinely that I have so many ideas. I think that what blocks so many writers is a platonic view of the text - the need to write an ideal. I've always subscribed to the other view that everything is a version. The best I could do at the time. That comes out of being a working writer. I don't have a private income or a sinecure of any kind. It makes good sense for me not be too precious, and to hope that somewhere between the art and the craft it will out."

Despite all the TV and radio appearances, he says writing "is the way I engage with the world. And when I'm not writing, I feel stupid and very easily influenced - a coward. Writing - collecting metaphors, tropes, images - is my 'Windows', my operating system for the world."

But that operating system comes with lots of bells and whistles. Does he see himself as a show-off? "Definitely. Slightly Tourette-ish. Like any person who has difficulty with the normal range of relationships, I either do enormous intimacy or 'wordy bastard persona'. I feel quite compassionate towards myself about it. I know what the motivation is. But as the years have gone by it has jibed more. I am essentially a solitary person. Apart from spending time with my family, I like long-distance walking and cycling. I just walked from London to Oxford in a weekend. I'm obsessed with high mileage. People ask if that's where I do my thinking, but it's quite the reverse."

The most beautiful passage in The Book of Dave is where the cabbie renounces his Fairway and takes a long walk out of London. The Knowledge "falls out of him". He heads north, past "industrial estates where metal tortured itself and ducked under the echoic stages of elevated roadways". Towards evening, he mounts a hill, passes nettles and brambles and lies back on the crushed grass. "He was disembowelled - he was losing it; and as he lost it, the crushed plastic bottle of his soul expanded with sudden cracks and pops." It's a modern, urban version of Levin's scything moment in Anna Karenina. "Yes, you're right," says Self. "I hadn't thought of it like that… but it is very Levinesque. Yeaahhhhh. Good old Levin."

Finishing our coffee, we bat about ideas of cultural anthropology. Narrative. God. Cohesion and correspondence. "The book is arguing that what you need for a revealed religion is any old bollocks, it just has to be there in the right place at the right time," says Self. I wonder what a future might be like, had it taken the complete works of Will Self as its holy texts.

"Hnph!" he snorts. "I don't think civilization could ensue."
[ON THE TELEGRAPH]

About the publisher

Chatto and Windus has been, since 1987, an imprint of Random House, the publishers. It was originally an important publisher of books in London, founded in the Victorian era by Andrew Chatto (1841–1913).

Chatto & Windus published Mark Twain, Wilkie Collins, Richard Aldington, Aldous Huxley, Samuel Beckett, and the first translation into English (Remembrance of Things Past, C. K. Scott-Moncrieff, 1922) of Marcel Proust's novel À la recherche du temps perdu, amongst others.

Active as an independent publishing house until 1969, when it merged with Jonathan Cape, it published broadly in the field of literature, including novels and poetry. It is not connected, except in the loosest historical fashion, with the Pickering and Chatto imprint.

Time may change me but I can trace time

The peasant revolutionary turned lifestyle guru, the former Shaolin monk working on a Shanghai building site, the once-conservative father running a gay hotline - and the teenagers who just want to dress up as their favourite Japanese cartoon characters. Welcome to the new China, a nation in motion, where whole streets are rebuilt in a week, car ownership is soaring, education goes private and rural workers migrate to the cities in search of a better life. It is a transformation that has swept through the country since the first economic reforms of the 1980s, when Deng Xiaoping announced that China would have to 'let some of the people get rich first'. But while many have benefited under the new 'aspiration nation,' others are struggling to keep up in what is now one of the most divided societies on earth. Former BBC correspondent Duncan Hewitt lives and works in China and has witnessed first hand the impact and speed of these vast social and economic upheavals. His timely book speaks with the voices of everyday people as they learn to adapt to one of the most rapid transformations in human history.

ABOUT THE AUTHOR
Born in 1966, Duncan Hewitt spent his first year in China from 1986-7, while studying Chinese at Edinburgh University.He went on to work as the BBC’s China correspondent as well as writing for the Guardian, Observer and The Far Eastern Economic Review. He currently writes for Newsweek and divides his time between England and Shanghai.

Getting Rich First: Life in a Changing China by Duncan Hewitt
Chatto and WindusISBN: 9780701178970 • Paperback • 320 pages • 2007
SOON AT BLOOM

'This week, I recommend the Turkish coffee," says Will Self, in the manner of a barista. He warmly waves me down the stairs of his south London home, and prowls off in the opposite direction to root out the grounds. Anxious not to be suspected of snooping, I head straight into the kitchen and study the four multi-sided aluminium coffee pots lined up behind the stove like semi-domesticated Daleks.

"Looks like you've got the set," I say, as Self reappears. "Yes," he nods. "I'm very keen on sets. I write my books in sets." He muses on balancing the numbers of novels, novellas, short-story collections and collections of journalism he publishes. He likes to keep these numbers even. "Or maybe that's just the way it turns out."

Then he turns his back, twisting a tap and asking if I liked his new novel, The Book of Dave. "Yes," I say. "Good," he says, in the deep'n'doomy voice so familiar from late-night cultural review shows.

In the public imagination, Self is a freak-show sesquipedalianist. Roll up and see the man with the world's biggest vocabulary! The intellectual who snorted heroin on John Major's jet! In literary circles, he is known as a brilliant writer of darkly grotesque short stories; named among Granta's best of young British novelists in 1993 before he had published a novel. But also the man who too often thinks a short-story idea can fuel a novel, if only he puts in enough words. I told two friends I was going to meet him. One thinks he's a genius, the other says he's a fraud. Both asked: "Are you scared?"

I thought I would be. But, in person, Self is incredibly gentle and his movements are often strangely slow, as if compensating for the speed of his thoughts. A tall man with an empathetic gangster's face and a tiny white cup in his hand, he motions me back up the stairs like an underwater traffic cop.

The Book of Dave is Self's most successful novel to date. Funny, frightening, moving, its premise is that the unhinged and misogynistic rantings of a London cabbie are unearthed in a future capital (by then just a series of islands). Taking more of an interest in character than ever before, Self tells the sad story of Dave alongside that of the mangled-mockney-speaking, fearful new world in which a soul is a "fare", "irony" is the word for any metal, and Dave is always watching his people in the Rearview.

"The book was very much inspired by this scholarly study of biblical archaeology and textual exegesis by a couple of Israeli archaeologists," he says. "They said something that chimed with me: that even though the whole thrust of biblical scholarship since the early 19th century has been to disprove the Bible as the literal word of God, nevertheless there's a strong residual feeling we have that there's some truth in the Old Testament, that there were kind of sheep herders in the bronze era up to these sorts of things. What these two Israelis did was to systematically go through the Bible to show there is no historical evidence for any of it whatsoever.
[ON THE TELEGRAPH]

Dave's Book

When his wife, Michelle, leaves him for another man, taking their son along too, cabbie Dave Rudman falls to pieces. Fuelled by psychotic mania, he writes a book – a sort of hate-diary in which personal history, professional arcana and bigoted rants ramblingly commingle. Dave buries this ‘rich brocade of parable, chiasmus and homily’ in the garden of his wife’s new house – a posh gaff in Hampstead – where, hundreds of years in the future, when most of England has been destroyed by flooding, it is discovered by a small tribe called the Hamsters. (They live on what used to be Hampstead Heath, now the Isle of Ham.)

The Hamsters, who mostly speak in Mokni – standard greeting: ‘Ware2, guv?’ – treat the book as a holy text and believe Dave to be a god ‘who sees all of us in his rear-view mirror’. Dave’s rules are strictly adhered to: mummies and daddies live apart but split the childcare 50/50 (though actually, female ‘opares’ look after the kids during ‘daddytime’); days are measured in ‘tariffs’; and everyone lives in fear of the PCO (Public Carriage Office), whose spies or ‘seeseeteeveemen’ are everywhere, and which breaks on the wheel those it deems to have insufficient Knowledge.

It’s incredible to think there was a time when Will Self was patronised as a poor man’s Martin Amis. Amis would kill to have written ‘The Book of Dave’, which is dazzling on so many levels, it’s hard to keep track. We’re shuttled in alternating chapters between Dave’s present and the Hamsters’ future, and there is a temptation to hurry through the Ham sections, which take some deciphering, in search of the next hilarious Dave instalment. But readers should resist lest they miss the gags lodged deep within the nexus of cross-referencing.

Control is a quality Self has had to learn: previous books have sometimes felt undone by their author’s sheer facility, as if Self believed his main duty as a novelist was simply to get the stuff down on the page. But ‘The Book of Dave’ is considered as well as impassioned, kind as well as cruel. Black cabbies are easy to caricature, and Self’s achievement here, amid the satirical fireworks, is to make Dave not only human but capable of redemption. The result is one of the finest and funniest London novels in years.
[John O’ConnellTIME OUT LONDON]

And then what are you waiting for? We have the finest version of ‘The Book of Dave’ at Bloom, the hardcover, and it's ready to go onto your reading time and into your life.

The Book of Dave by Will Self
Publisher: Viking / Penguin • Hardcover • 495 pages • ISBN:978-0670914432 • 2006

As Minhas Memórias (23)

Um dia em que saí para ir dar uma volta, cheguei a um largo onde deparei com uma estátua grandiosa de uma imponente figura vestida com um kimono japonês. À volta da estátua, montes de flores, e várias pessoas colocando ainda mais flores.
Fiquei curioso e fui até à base da estátua para ver quem seria. Pensava que era algum Imperador mas... não senhor... era o Wenceslau de Morais, Cônsul de Portugal.
Acabei por ficar quase um mês no Japão. Fui de comboio até Osaka, atravessando o Japão dum lado ao outro, o que levou quase doze horas. Vi os imensos campos cultivados e aquela cortesia muito japonesa que põe duas pessoas que se encontram na rua fazendo vénias uma à outra, cada um procurando pôr a cabeça mais baixa do que o outro para mostrar a sua humildade.
Sempre acompanhado pela Machico Nakamura, conheci os seus pais e jantei em sua casa tipicamente japonesa, um jantar tipicamente japonês, sentados no chão e descalços, porque os sapatos ficam à porta, em volta de uma mesa baixa onde se vai cozinhando e comendo.
Mas as saudades de minha mulher e dos filhos começavam a apertar e chegara a altura de partir.
Foi um momento muito difícil. A Machico fartou-se de chorar e eu fiquei com uma imensa raiva de mim mesmo por ter criado esta situação em que insensatamente criara tanto sofrimento. Jurei que nunca mais em toda a minha vida cairia noutra situação igual. E não caí.
A minha mulher que veio a saber da minha aventura com a Machico, porque ela se fartou de me escrever e tive de me explicar, costumava gozar comigo e fazer troça dizendo que eu não sabia viver sozinho e tinha sempre de arranjar uma companhia, mesmo que fosse por pouco tempo...
Regressei a Macau e o meu amigo coreano nunca quis acreditar que eu tivesse sido submetido a uma busca por parte de tantos polícias da alfândega de Hong Kong e eles não tivessem encontrado o material. De qualquer forma o negócio acabou. Não houve mais malas para levar para o Japão, pelo menos, que eu tenha sabido.
E chegou novamente a altura em que era preciso encontrar um emprego.
Muito por acaso soube que o Colégio D. Bosco precisava de um professor de português para a segunda classe da escola primária e fui oferecer-me para o lugar.
O Director do Colégio, um Padre Salesiano, ficou um pouco desconfiado porque eu não apresentava credenciais que me habilitassem como professor de português.
Mas como a oferta não era muito abundante, resolveu pôr-me à prova aceitando-me à experiência.
E daqui resultou uma das experiências da minha vida de que mais me orgulho.

Up and away

It has been lots of fun. Today is Sunday, we will have our third session: Keepsake Boxes, a craft, and Story Time with all the joy of Michelle Thomas. Don't miss it, we still have some places left. It starts at 2 PM in Bloomland at the Hong Kung Temple Square.
[BOOK NOW]

Do not try to win awards

Nearly everybody likes to win awards.
Awards create glamour and glamour creates income.
But beware.
Awards are judged in committee by consensus of what is known.
In other words, what is fashion.
But originality can't be fashionable, because it hasn't as yet had the approval of the committee.
Do not try to follow fashion.
Be true to your subject and you will be far more likely to create something that is timeless.

That's where the true art lies.

Paul Arden in "It's Not How Good You Are, It's How Good You Want to Be"
[AVAILABLE AT BLOOM]

As Minhas Memórias (22)

Instalado no Hotel Fairmont, mesmo em frente do Palácio Imperial, um Hotel de grande luxo que até tinha uma piscina interior e uma janela nos quartos por onde se podia sair para um pequeno jardim privativo, senti necessidade de sair e ir conhecer um pouco de Tóquio e assim fui até um cabaret onde havia música e se dançava. Era um salão enorme com uma pista de dança e várias mesas à volta. Uma das paredes era toda de vidro com a altura de dois andares e no meio uma varanda. Ao nível do chão havia uma fila de cadeiras com um número e na varanda a mesma coisa. Em cada cadeira uma rapariga sentada, a maior parte delas de perna cruzada, mas todas belas e bem arranjadas. Em cada mesa havia um candeeiro com um abat-jour e com umas pedrinhas vermelhas a toda a volta. Quando se carregava num botão ao lado do candeeiro as pedrinhas vermelhas iluminavam-se e um criado solícito ocorria prontamente. Então dizíamos o que queríamos beber e qual o número da cadeira onde estava sentada a jovem cuja companhia solicitávamos.
Eu escolhi a número 23 que, depois vim a descobrir, era uma jovem extremamente simpática e que falava um inglês irrepreensível. Ficámos amigos instantaneamente e ela contou-me coisas da vida dela e eu da minha.
Tarde na noite, quando também já tínhamos bebido um pouco, convidei-a para vir até ao meu quarto no Hotel e ela aceitou. Quando entrámos no quarto o telefone tocou e ela atendeu. Ouviu atentamente e depois disse-me - Desculpa mas tenho de ir embora. Falavam da portaria a dizer que eu não podia ficar aqui no quarto contigo.
Saí disparado do quarto e fui direito à recepção para perguntar - O que passa?
Então o funcionário explicou - O senhor compreende. Isto é um hotel de luxo e não fica bem o senhor trazer uma rapariga de fora para o seu quarto...
Eu retorqui - Essa é boa!... No meu país quando alguém aluga um quarto num Hotel de luxo, como o senhor diz, o quarto está ao seu serviço e quando muito o que lhe podem dizer é que terá de pagar mais pela utilização do quarto por mais uma pessoa.
O funcionário da recepção então perguntou-me - De que país é o senhor?
E quando eu lhe disse que era português mudou imediatamente de atitude e pediu-me imensas desculpas e que a minha companheira podia ficar à vontade.
Fiquei impressionado com esta brusca mudança e mais tarde perguntei à minha amiga que se chamava Machico Nakamura, se ela percebia a razão desta atitude.
Então ela explicou-me - Sabes... desde criança nas escolas, nós no Japão aprendemos a história do nosso País. E ficamos a saber que o Japão noutros tempos tinha vários clãs que se combatiam para tentarem dominar os outros, criar uma unidade e formar um Império. Os samurais batiam-se desesperadamente mas não havia vitoriosos. Até que um desses clãs conseguiu dominar todos os outros e formar o tal Império a que se chamaria Japão. A razão da sua vitória sobre todos os outros ficou a dever-se, segundo reza a história, a uma nova arma poderosa que levou todos de vencida. A espingarda. E, acontece que essa arma se ficou a dever a um português que foi quem a deu ao chefe de um dos clãs.
Portanto, a formação do Japão ficou a dever-se à ajuda dos portugueses, que ficaram assim ligados à sua origem.
Além disso um dos clássicos catedráticos da cultura japonesa, um homem que sabia até cinco mil sinais da escrita japonesa, quando saber três mil sinais já é considerado um mestre universitário, foi Wensceslau de Morais, Cônsul de Portugal no Japão, que adoptou a cultura japonesa de tal forma que se tornou num mestre naquele País.

Dedicated body

Greil is a failed musician turned unsuccessful freelance journalist with a coke habit, a penchant for gambling and a huge debt to pay. His debt collectors are thugs who have given him two days to come up with a grand. If he fails, he'll learn the hard way why he shouldn`t have messed with them in the first place.

Heidi is young, beautiful and ambitious. She works as a lapdancer at a club called All Fur Coat. She'll do anything to become a model, including, it seems, sleeping with the boss and risking the antagonism of Fortune, Joy, Pleasure and all the other lapdancers.

Simon is an artist unhealthily obsessed with an actress whose face appears on tube posters everywhere advertising her new musical. He is dedicated to removing the chewing-gum people so frequently stick on her photo to make her body pure and perfect again.

ALL FUR COAT is the story of these three individuals, whose roller-coaster lives become dangerously and intricately intertwined as events spiral out of control towards the novel`s inevitable dramatic conclusion.

All Fur Coat by Andrew Holmes
Publisher: Hodder & Stoughton • AVAILABLE AT BLOOM

Partir e entrar

A razão porque não ganho a vida no casino é simples. Gosto de ganhar à custa do meu esforço e capacidade. Gosto de produzir, ser útil, contribuir, se possível, para um mundo melhor. Vivo da minha arte, da minha iniciativa e por vezes da minha sorte.
EURICO

As Minhas Memórias (21)

Ora quando eu decidi que não arriscaria mandar mais ninguém para o Japao sem saber quais os riscos que essa pessoa correria, resolvi ir eu porque já havia duas malas guarda-fatos para enviar e era preciso, fazê-las chegar ao seu destino.
Quando cheguei a Hong Kong para embarcar tinha no meu camarote, no navio, quatro ou cinco polícias da alfândega fardados e mais um inspector à paisana que vinham para fazer uma inspecção. Despejaram as malas e revistaram todos os meus pertences. Viram nos bolsos das calças, desmancharam uma máquina de filmar de dezasseis milímetros, uma Paillard Bolex que levava comigo, tiraram e inspeccionaram as lentes, abriram todas as caixas com os acessórios da minha toilete, enfim não deixaram escapar nada. Mas eu, que mostrava uma calma bem diferente daquilo que verdadeiramente sentia, ficava com a impressão de que eles não faziam a mais pequena ideia do que procuravam e estava atento a tudo o que se ia passando. A certa altura reparei que um dos polícias, metendo as mãos, com as palmas para cima, por debaixo do topo de uma das malas e a levantava tinha uma reacção de estranheza por achar talvez o peso excessivo para uma mala vazia. Eu atento perguntei-lhe - O que se passa? E ele, encarando-me frontalmente perguntou - Você garante-me que não leva ouro ? Eu encarei-o também frontalmente, olhos nos olhos e com o ar mais franco e honesto que consegui expressar disse - Juro que todo o ouro que levo comigo é este que está aqui a vista. E mostrei um anel e a minha aliança. Ele então pareceu completamente desinteressado de tudo e foi-se sentar num canto do camarote a ler um jornal. E eu comecei a achar que a coisa ja estava a ir longe demais e comecei a expressar alguma indignação. Foi quando reparei que o inspector à paisana começava a esgravatar no forro interior de uma das malas e começara a descolar essa cobertura de pano. Eu avancei para ele e pegando na ponta do pano que ele já descolara disse - Está a desconfiar de alguma coisa? E, com um puxão forte, rasguei o forro lateral da mala até ficar a uns centímetros de expôr as cabeças dos parafusos que prendiam a folha de contraplacado que cobria os mecanismos de relógio.

O inspector reagiu apressadamente dizendo - Não... Deixe estar!...
Acho que ele ficou com receio de que eu viesse a pedir uma indemnização pelos estragos provocados inutilmente nas minhas malas e a partir daí deu a inspecção por terminada. A despedida ainda lhe perguntei - Mas porquê? Porquê eu?
E ele dizia - Compreenda. De vez em quando temos de fazer umas inspecções assim. Senão nunca apanharíamos nada.
Despedimo-nos e todos sairam. Só aquele polícia que se sentara a ler o jornal se deixou ficar para trás e quando ia a sair à porta voltou-se para mim e perguntou - Conhece o Senhor Pina?
Eu achei e pergunta estranha e disse - Pina ? De Macau ou de Hong Kong ?
Ele respondeu - De Macau... e saiu.
Eu fiquei a pensar e durante toda a viagem em direcção a Kobe comecei a perceber o que se tinha passado. Também sentia os meus receios na chegada a Kobe. Sera que os japoneses me irão submeter a outra inspecção? Será que a polícia de Hong Kong entrou em contacto com a polícia japonesa?
Afinal a minha chegada a Kobe deu-se sem quaisquer incidentes, Nao houve revistas e fiz a entrega do conteúdo das malas e compreendi a razão de todo este susto.
O Senhor Pina era o Comandante dos Bombeiros de Macau e um voluntário nos serviços de assistência aos refugiados de Xangai. Era também, embora isso não fosse conhecido, informador da Polícia de Hong Kong. Quando viu um pobre refugiado de Xangai, a ir passar uma semana de ferias no Japão, o rapaz que eu tinha enviado anteriormente, informou a Polícia de Hong Kong que devia haver qualquer coisa de errado. E daí ele ter sido inspeccionado à chegada e eu ter levado com aquela recepção tão especial.

Oceans & Gardens

[FOR THIS AND OTHER IMAGES ON MACAU SEND AN EMAIL TO: root@bloomland.cn]

Lá em cima

A Bloom prepara-se para iniciar o seu ciclo de actividades de Verão.

Começam já hoje, Sexta-feira, com uma série de workshops para crianças, em língua inglesa e a partir dos 4 anos de idade, que se espalham por um programa em que a diversão e o contacto com o mundo das artes, e a experiência artística, são o tema forte de cada sessão. Tudo começa no primeiro andar do espaço da livraria que engloba também uma zona para literatura infantil. A intenção é partilhar os livros e estimular as crianças na sua percepção do mundo pela experiência e a magia da criatividade.
Diversão, tempos livres, trabalhos manuais, dinâmica de grupo dão rumo a todo este projecto. As actividades estão a cargo de Michelle Thomas, residente em Macau, com larga experiência em educação infantil.

Michelle é a face que dá a energia a este programa para ocupar os dias de calor. Nascida no Canadá e formada em Educação Pré-Escolar com uma pós-graduação em Psicologia Infantil. A sua experiência profissional passa também pela Cidade do Cabo na África do Sul e pela criação em Macau de um espaço de Actividades de Tempos Livres denominada Friendship Company.

Estimular a fantasia e a criatividade de cada criança, bem como o prazer pela leitura, faz parte do caderno de encargos da Bloom. São duas sessões de 45 minutos que terminam com a leitura de uma história ou com um pequeno teatro de fantoches. Estas actividades terão a sua realização ao longo dos meses de Verão e as inscrições podem ser efectuadas através do email: root@bloomland.cn ou aqui neste espaço, por exemplo, na caixa de comentários desta mensagem.

A Bloom prepara-se também para apresentar uma série de sessões de educação cinematográfica para jovens e adultos em colaboração com o cineasta Eurico Ferreira. Também ele residente em Macau e com uma história de vida toda ela ligada à Sétima Arte.

We were small but big

One summer night.
I was fourteen.
He threw stones up at my window and he asked if he could come up and see me.

He sat in the quad.
Across from me.
He asked my opinions about his short stories, it was flattering.

Saw him at the prom.
He danced with me.
I asked him if he'd write me when he went away to school, and he said, "Maybe."

We kissed goodnight.
I thought I'd never see him again.
But he showed up at my window that one more summer night and made him leave.
that dog. "One Summer Night"

[BUY THEM HERE]

Michelle Thomas

Keywords: Happy, spontaneous, goofy, giggly, passionate, extraordinary, believer, crazy, caring, cuddly, dynamic, popular, risky, bold and of course magical.

Michelle enjoys most anything and can encourage most anyone to participate. I have 10+ years in childcare and children's education. The most important thing to me in relationships with kids is caring. A young child once asked me "How do you do that?" and I said with no detailed instructions just caring eyes, patience and courage, I delightfully guided him on how it was done. At that time I realized my passion was with kids. I just wanted to have FUN with them.

My education: I have a degree in Early Childhood Education that I majored in Child Psychology. This hands on course brings you in and out of the classroom to work with special needs, handicapped, and abandoned children as well as the nursery classroom. I enjoyed the courses and have since owned and operated a small nursery school in Macau called the Friendship Company. Now that Bloom and Friendship Co. have united the Children will have the educational material for learning at home. I am so happy to give that to the children and the people of Macau.

My home: Is here in Macau although originally I come from Canada. My training and experience is also from Cape Town, South Africa.

My life: I have two beautiful daughters, age 8 and 3, and a wonderful husband who also works here in Macau.

Why? Children are a gift from GOD, carefree individuals with personality and character - Why not enjoy their company and feel their energy. They need confidence and awareness from all different areas. Reading books is a way to connect to their inner self and positive reflections. Guiding them is our job.
Hope to see you soon!

Ms. Michelle

The schedule

This is the program for our first kids activities at Bloom. There was a slightly change. The 4th of August Saturday session will start earlier at 11.30 AM. For further information call us, send us an email or keep coming here so you can get all the news and thrills from Bloom. Thank you.
[TEL/FAX: 28920121 • root@bloomland.cn]

People from Brooklyn #3

But from today we have something else: Beirut, the name of 21-year-old Santa Fé native Zach Condon's band.

While it may sound like an entire Balkan orchestra playing modern songs as mournful ballads and upbeat marches, Beirut’s first album, Gulag Orkestar, is largely the work of Zach Condon, and was almost completely recorded at home. Horns, violins, cellos, ukuleles, mandolins, glockenspiels, drums, tambourines, congas, organs, pianos, clarinets and accordions (no guitars on this album!) all build and break the melodies under Condon’s deep-voiced crooner vocals, swaying to the Eastern European beats that sound like they’re being brought to you by a 12-member ensemble.

Condon was a straight-A student until he dropped out of high school at the age of 16 to travel Europe in a drunken haze, cavorting and partying with the locals wherever he ended up. It was during one of these evenings that he was first exposed to Balkan gypsy music (notably including the Boban Markovic Orchestra), blasting from the upstairs apartment. Condon went upstairs to see what exactly he was hearing, and ended up staying up all night with the Serbian artists, going through albums country by country, note for note. The Gulag Orkestar is the direct result of what he learned that night.

Most of the tracks on Gulag Orkestar were recorded on Pro Tools while skipping school in Albuquerque, but this past winter, Condon moved to Brooklyn and booked time at Sea Side Studios in Park Slope. He was joined by Jeremy Barnes and Heather Trost of A Hawk and A Hacksaw, who added percussion over what was originally done with drum machines, and some beautiful violin overlays. The resulting record sounds like a Neutral Milk Hotel from behind The Iron Curtain, a glorious and emotional sweep of music both shocking in its emotional content as well as the astounding logistical feat of this having all been pulled off.
[INFO TAKEN FROM BEIRUT'S 4AD SITE]

Hope you like the next song, and also the video, is a BLOOM TV gift for you. Have a gorgeous day! Here it is: Elephant's Gun by Beirut.
[THEIR OFFICIAL WEBSITE]

Triplets Dogs

that dog. was a Los Angeles-based rock band that formed in 1991 and dissolved in 1997. Featuring Anna Waronker on lead vocals and guitar, Rachel Haden on bass guitar, her sister Petra Haden on violin, and Tony Maxwell on drums, their punk power-pop songs were full of hooks and many layered vocal harmonies.
Seemingly born into the Los Angeles music scene, Anna Waronker is the daughter of record industry mogul Lenny Waronker, the sister of sometime Beck and R.E.M. drummer Joey Waronker. Petra and Rachel Haden are the daughters of free jazz bassist Charlie Haden and brother of Josh Haden, a bass guitarist and singer, presently the head of the band named Spain. They are triplet daughters, Petra, Tanya and Rachel Haden, are all musicians. After that dog., Petra was a member of progressive folk group The Decemberists, Rachel was a founding member of rock band, The Rentals, and Tanya is married to actor Jack Black.
They can be seen at BLOOM TV in this glimpse. Later I will bring the song where I caught them, called One Summer Night, back in 1991.
That's it for now. See you soon.
[MORE HERE + HERE]

As Minhas Memórias (20)

Por intermédio de um antigo companheiro meu que era sargento conheci nessa altura um coreano que me pediu se podia ajudá-lo. Por vezes estas coisas acontecem caídas do céu quando menos se espera. Pretendia ele que eu arranjasse pessoas de confiança dispostas a passar uma semana de férias no Japão, num Hotel de primeira classe, com todas as despesas pagas. A viagem era de barco, ida e volta, com partida de Hong Kong e a única condição imposta era que o beneficiado levasse, em vez da sua mala, uma mala guarda-fatos. Ofereci essa regalia a um alferes meu amigo, que aceitou com muito gosto. Fui assistir ao seu embarque em Hong Kong e não houve quaisquer problemas. Nem sequer lhe revistaram a bagagem. Quando voltou, vinha encantado. Tinha desembarcado em Kobe. Estava um táxi à sua espera, que o levou para Tóquio.
À sua chegada foi recebido por um cavalheiro muito simpático que deixou sozinho no quarto do Hotel enquanto foi dar uma volta pela cidade. Passado uma hora voltou. Estava tudo em ordem e lá ficou a sua semana de férias. Adorou o Japão.
Pouco tempo depois este processo foi repetido. Desta vez com um capitão. Por cada candidato eu recebia uma boa quantia. E foi mais outro e outro até que eu tive a ideia de dar essa viagem a um amigo meu que era refugiado de Xangai. Só tinha trabalho esporádico e uma viagem ao Japão ajudá-lo-ia a levantar o seu moral. Pensava eu. Porém, quando embarcou em Hong Kong, pela primeira vez e estranhamente, foi chamado pelos altifalantes e acompanhado até ao seu beliche por funcionários da alfândega que lhe inspeccionarem a bagagem. Não encontraram nada e seguiu viagem, mas eu fiquei desconfiado. Quando veio mais uma mala guarda-fatos para levar para o Japão, decidi que não mandaria ninguém e iria eu.
Convém agora explicar um pouco do que estava por detrás deste negócio.
Acontece que comerciantes de Hong Kong exportavam grandes quantidades de seda chinesa para a Suíça. Os suíços por sua vez estampavam essa seda e exportavam-na para todo o mundo como sendo seda suíça. Essa seda era paga a Hong Kong, não com dinheiro mas com mecanismos de relógio de homem e de senhora. O único cliente para essas máquinas era o Japão, mais propriamente a TIMEX que fazia as caixas para esses mecanismos e os exportava para todo o mundo como relógios japoneses.
Porém, para o negócio ser compensador, essas máquinas de relógio não podiam pagar as pesadas taxas alfandegárias que o Japão aplicava a tais materiais.
Daí, um empresário de Hong Kong, que por sinal era Director de um Banco, e que tinha uma fábrica de malas guarda-fatos, começar a fazer umas malas que em vez de ter um fundo de madeira sólida tinham um fundo de contraplacado em cima do qual se dispunham as máquinas de relógio cobertas depois com outra folha de contraplacado e assim o fundo da mala, forrado com pano de cor, ficava igual aos fundos feitos com tábua grossa.
Conheci bem esse director do Banco e jantei em casa dele na companhia da sua esposa e do amigo coreano que mo havia apresentado. Era uma pessoa extremamente gentil e simpática.

The old man that mourned alone...

When they were young lovers they had carved their initials on the bark of the tallest Banyan tree in the garden. He remembered how nervous they were and, fearing guards or curious eyes, how they had giggled and waited under the spreading branches of their chosen tree for the path to empty. After encircling their initials with a shaky heart, he had tried to kiss her but in his excitement grasped her hand too tightly and she had pulled away laughing softly.

It was such a long time ago and they had both forgotten about it until the day he saw that huge landmark of their love surrounded by uniformed men holding menacing machines with names he could not pronounce.

Ah, no. They would not cut it down. It was much to large, and the park was filled with people. Why would they anyway? The park was built around these old trees whose cool shade was the reason he had taken lunch there every day for the past fifteen years.

It took the men three days to saw the tree all the way down to the last two feet of trunk. They piled branches and massive logs into green trucks and drove away, carting with them the first pronouncement of nervous young lovers. Yellow police tape encircled the two meters of stump, reminding him of the scene of a terrible accident he'd once passed on his way home from work. The green trucks would soon come back to uproot the last of the tree, like a bad tooth it would be pulled from the earth.

Two days after the incident the old man came back to the park, his arms full of white lilies. At the foot of what used to be the tallest Banyan tree in the garden he laid out the bouquets, a sullen protest or a funeral of sorts, while young lovers hid behind other trees and giggled.

Frenzy

Let me turn these insanities into lines of poetry for you. When you first saw his dark shadow: your eyeballs unbridled, hoof-beats racketed in skull's canyon.
Let me use words to ravage the wild beast lurking on the shores of my streaming blood, then throw the lines at your feet. Witness their primordial ferocity.
Let me use my pen to impale onto paper primitive urges creeping behind your mountainous eyes. These papers spread toward you like a road. You leave behind an animal's scent when you run.
Let me sink my incisors into your collarbone.

Who can lift up this sticky sentence? These words throng. We all are scrawled by a river. Conviction shipwrecked and drifting;
stanzas sink, saturated with desperation. Madness motionless in shadows, winding around drowned legs, tangling any hope of the living. In voiceless combat, both sides suffer. Panting savagery through flaring nostrils, I provoke you.

I use poetry to plaster the world's splintered limbs. I scourge your face with my affliction. That filthy yellow water may overflow in your life, breaking against dikes and dams of reason, nourishing soil, nurturing crops and humans. We are mud or awns of wheat or grotesque cries of birds hauling delicate shackles. We always must write poetry, singing praises to the sun or another unfamiliar constellation. Let me disgrace you with derangement gushing consumptively from my throat.

Words order themselves before you. They surround my heart; blood coagulates under their constriction. At the center of that clot, in heat an animal roars. Do you see its radiance? Do you see those white birch trees, they lean on each other like my lines of verse, linked by grief, line by line. Like me, anxious, hearing butchered tree roots regenerating in my words; like that hand that signs my death sentence, scrawling on my hysteria's ashes: Love.
from Flames, by Xue Di
Xue Di was born in Beijing in 1957. More poems and information about him at: www.thedrunkenboat.com/chinafeature.html

I'm all ears!

"C'mon, tell me....I'm all ears!"

This month's feature on BBC Wildlife Magazine is the Bat-eared Fox. An inhabitant of the great African Continent, this nice insectivore fox uses its stupendous ears to track insects and other small animals that live underground.
SAVING PLANET EARTH is the cover feature of the magazine. I'm sure it's one of the greatest magazines published on nature!

Of course, the magazine is produced using sustainable forest FSC derived paper!
Would you like to subscribe? Do it here at Bloom!
More on earth follow this link!

As Minhas Memórias (19)

Com o fim da Eurásia Filmes para mim não restava nenhuma outra forma de sobrevivência. Casado e com filhos, precisava em absoluto de arranjar uma forma de satisfazer as nossas necessidades. Então pensei que poderia arranjar essa forma de sobreviver indo buscar um rendimento ao Jogo. Eu tinha visto tantos ex-colegas meus arruinarem-se com o Jogo. Um dos corredores da Fórmula 1 que viera para as corridas, perdera todo o dinheiro que tinha e até perdera o carro. O casino, pagou-lhe a passagem para Hong Kong, só para ele se ir embora. Mas para mim havia uma forma de jogo baseada no cálculo de probabilidades que me poderia dar um rendimento razoável. Havia aquele jogo a que chamam Tai Siu (Grande Pequeno) e que se baseia em três dados que uma vez agitados apresentam na sua superfície superior um certo némero de pintas de um a seis (cada dado, claro, tem seis faces). A soma dessa pintas determina o número que ganha. De 4 a 10 é Pequeno. De 11 a 17 é Grande. Se saírem três dados iguais não é Grande nem Pequeno. A casa ganha. Quando se ganha recebe-se o dobro do que se apostou. Ora segundo o cálculo de probabilidades quando se joga Grande existem tantas possibilidades de sair grande como de sair Pequeno. Isto é, existem tantas probabilidades de ganhar como de perder. Se jogasse um número infinito de vezes não ganhava nem perdia; Mas a casa tem uma vantagem a seu favor que são os três dados iguais. Então para eu ganhar tinha de encontrar uma forma de aumentar as minhas probabilidades. E assim fiz. Jogava alternadamente Grande ou Pequeno (+, -, +, -...). Punha lá dez patacas num lado ou no outro (naquela altura podia-se jogar dez patacas, agora já não, tem de ser mais) e se perdia dobrava. Se voltasse a perder, voltava a dobrar e isso tantas vezes fossem precisas até ganhar o que compensava tudo o que tinha perdido anteriormente e ainda dava dez patacas de lucro. Nunca precisei de dobrar mais de cinco vezes, o que era um máximo que raramente sucedia. Assim, foi um amigo antigo companheiro da tropa que me emprestou o capital base para poder fazer o meu jogo. Em média fazia dez patacas (daquele tempo) por hora. Trabalhava seis horas por dia o que me dava um ordenado mensal equiparado ao de um major, mesmo dando uma percentagem das minhas receitas ao meu amigo que me emprestava o dinheiro para eu poder jogar.
Vivi assim três meses até que o tal amigo que me emprestava o dinheiro achou por bem experimentar ele o esquema e não sei como perdeu o dinheiro todo. Sem capital nao podia continuar no meu "emprego" e por isso voltei-me para outras possibilidades.

The Saurus

moron
[noun]
what moron left ice cream on the stove? FOOL, idiot, ass, blockhead, dunce, dolt, ignoramus, imbecile, cretin, dullard, simpleton, clod; informal nitwit, halfwit, dope, ninny, nincompoop, chump, dimwit, dingbat, dipstick, goober, coot, goon, dumbo, dummy, ditz, dumdum, fathead, numbskull, numbnuts, dunderhead, thickhead, airhead, flake, lamebrain, zombie, nerd, peabrain, birdbrain, jughead, jerk, donkey, twit, goat, dork, twerp, schmuck, bozo, boob, turkey, schlep, chowderhead, dumbhead, goofball, goof, goofus, galoot, lummox, klutz, putz, schlemiel, sap, meatball, dumb cluck. ANTONYM genius.

The Job Interview

Two men seated in each side of a desk. High ceiling. Cool temperature.
- For this job you must have a girl friend. Do you have a girl friend?
- No, I don't!
- Alright, so you can leave. Thank you and good day.
- Good day? But do you think is that easy to have a girl friend?
- Yes, it is.
- Are you crazy? I don't have a girl friend for ages and the last time I got laid was with someone I don't even remember the face. I was so drunk!
- I dispense the details. Have a nice day.
- Do you think I want to have your stupid job? "Must have a girl friend". You moron.
- I will call the security now.
- Girl friends? You and your stupid casino, your little sampans, your fake latins.
- "Security, please come to my office!"
- The fucking skiffs. The kayaks. Your gondoliers!
A guard enters the room.
- Please, take this man away.
- Do you think I care how many girl friends you have? How many times you kiss them? DO YOU THINK I CARE?
The guard opens the window and throws the man out.
He lands on a small lifeboat that was passing by through the canal. He lands on the top of a woman. Right on her lap.
He asks.
- Excuse me for the short time and manners but do you want do be my girl friend?

My favorite Band at the moment, at 1.19 AM

Ok, it doesn't matter, their name is Irving, yes, Irving the rock band. I heard them at Soma FM and I liked them widely. So here it is - at BLOOM TV! - you can try it by yourself. Wear them!
First song: I Want To Love You In My Room and the second: Jen, Nothing Matters To Me. Enjoy!
[FOR MORE STUFF LOG ON TO THEIR WEBSITE]

The unrest of the Puppets

What's on a Blooom? What better than some FUN for the kids on a HOT day!

BLOOM*CREATIVE NETWORK has put together some fun afternoons to help with the heat. On our first floor kids activities will begin this weekend with new and exciting arts and crafts, story times, and of course puppet theatre. If you are looking for some fun please join us in these workshops. Your children will love to meet, play and read with other children of Macau and get to explore in planned art projects that express their own creativity.
Our sessions will be 45 minutes with all supplies provided. Please note that prebooking is a must! We would love to have you join in the FUN and CRAFTS at Bloomland. Children will be supervised although parents are more than
welcome to stay.
Hope to see you soon!

The activities will begin at 2 PM. Payment is due the start of activity. If you are leaving your child minimum age is 4 years old. English language only. Maximum booking for one session is 8 students. Please pick your child up at the time requested. Thank you.

Michelle Thomas is the face and joy behind our children’s quests you can reach her here: michelle@bloomland.cn
[PDF FILE DOWNLOAD]

A Filosofia da Saudade - Dia 4

O quarto está limpo. Vazio. Sem as camas. Sem nada.
Só as paredes brancas.
E peixes a nadar.

Hong Kung Miu [iat]

INSIDE THE TEMPLE ON THE OTHER SIDE OF OUR SQUARE

Uma alma nova, para sentir algo novo

«A única maneira de teres sensações novas é construíres-te uma alma nova. Baldado esforço o teu de querer sentir outras coisas sem sentires de outra maneira, e sentires de outra maneira sem mudares de alma. Porque as coisas são como nós as sentimos - há quanto tempo sabes tu isto sem o saberes? - e o único modo de haver coisas novas, de sentir coisas novas é haver novidade no senti-las. Muda de alma. Como? Descobre-o tu.»
Fernando Pessoa

Today is Tuesday

So don't forget that the books at BLOOM are resting today.
But tomorrow they will be awake again and waiting for you!

Numa Europa imersa ainda no neo-classicismo surgiu, de repente, «O Castelo de Otranto», do político e homem de letras inglês, Horace Walpole. Romance quase irracional que desafiava todos os padrões literários e violava todas as regras do bem escrever. O seu sucesso foi tal que despoletou toda uma revolução que grassou por uma Europa boquiaberta. E um dia Walpole confidenciou a um amigo «... e tenho coisas ainda mais estranhas na minha gaveta... mais estranhas que o Castelo de Otranto».
Os Contos Hieroglíficos constituem, de facto, os mais delirantes textos da literatura de todos os tempos. Feitos para subverter e minar todas as técnicas narrativas conhecidas, o seu nonsense cruza histórias bizarras e fábulas modernas que precorrem trilhos exóticos, das arábias à Irlanda, da China a Veneza, da Jordânia à Espanha muçulmana. 

Havia antigamente um rei que tinha três filhas – ou seja, teria tido três filhas, se tivesse tido mais uma. Mas seja por que razão for, a mais velha nunca chegou a nascer. Era extremamente formosa, dotada de uma sagacidade viva e falava francês na perfeição – nisto, todos os autores da época concordavam, e no entanto nenhum deles afirma que a donzela tenha alguma vez existido.(...) o rei insistia que a filha mais velha fosse a primeira a casar. Ora, como tal pessoa não existia, tornava-se assaz difícil encontrar um pretendente à altura. (...) a nação depressa se dividiu em facções diferentes. Os rezingões, ou patriotas, insistiam que a segunda princesa era a mais velha, pelo que devia ser declarada herdeira legítima. Foi então que o Chanceler-mor declarou que a segunda princesa não poderia de modo nenhum ser a mais velha, já que nunca houve uma princesa-herdeira que falasse com sotaque de Yorkshire, afirmação que o conselho de ministros admitiu ser impossível de responder. (...) Já que, se não havia uma princesa mais velha, e visto que a segunda teria de ser a primeira, pois não havia primeira, e como ela não podia ser a segunda se já era a primeira, daí se concluía, de acordo com todas as noções de lógica, que ela não poderia ser absolutamente ninguém. Daí se concluía, obviamente, que a mais nova deveria ser a mais velha, uma vez que não tinha irmãs mais velhas.
Horace Walpole (1717-1797), filho do primeiro ministro Robert Walpole, rapidamente singrou no mundo da política, mas foi no ano de 1964 que deixou a sua marca na história inglesa e mundial através da literatura, com a publicação de O castelo de Otranto, obra que marcou o início e traçou os contornos de todo o movimento gótico europeu. Este romance inqualificável e os seus ainda mais inqualificáveis Contos Hieroglíficos (1785) antecipam o surrealismo e a modernidade literária.
A obra de Walpole é um conjunto de obras de impossível definição: cartas, ensaios sobre jardinagem, histórias anedóticas sobre pintura, discursos políticos, artigos polémicos ou memórias forjadas... A pena de walpole esteve envolvida em quase todas as polémicas que abalaram o meio intelectual inglês do período. Ficou famosa a polémica gerada por uma carta de Walpole assinando como o Rei da Prússia dirigida a Rousseau e que envolvia o filósofo Hume.
Uma leitura desconcertante, repleta de crítica, ironia e sarcasmo escritos com a mestria de um escritor e político inglês do Século XVIII, mas que relativiza a seriedade dos dias de hoje, no mundo dos livros da Bloom.

Contos Hieroglíficos, de Horace Walpole • CAVALO DE FERRO • ISBN 9728791178

As Minhas Memórias (18)

Com a colaboração do operador de câmara Albert Young e a boa vontade dos artistas de Hong Kong, continuamos as filmagens ate ao fim. Em vez de um gravador síncrono usei um gravador vulgar de fita magnética para captar o som. Depois alterei o sistema de arrasto deste gravador, rampeando a roda de balanço e arranjando uma guia que subia ou descia por meio de um parafuso, fazendo com que a correia de transmissão fizesse o sistema de arrasto andar mais depressa ou mais de vagar. Em Hong Kong então cronometrei cada plano de imagem fazendo com que a reprodução do som correspondesse ao mesmo tempo da imagem e assim fosse passado a foto-sonoro. Desta forma consegui fazer uma primeira cópia síncrona de exibição mais ou menos aceitável e que trouxe para a estreia em Macau. Esta teve lugar no Cinema Victoria que ficava numa transversal à Almeida Ribeiro, logo a seguir ao Hotel Central, e foi um sucesso.
Uma das suas caraterísticas pioneiras era que quando os artistas portugueses falavam, havia legendas em cantonense e quando os artistas chineses falavam, havia legendas em português. Assim todos podiam compreender o filme. Havia feito um contrato com o cinema segundo o qual quando a casa estivesse mais de meia receberíamos sessenta por cento da receita. Se estivesse menos de meia, receberíamos apenas quarenta por cento. Recebemos sempre os sessenta por cento. Mas, ao fim de uma semana de casas cheias o gerente do cinema mandou-me chamar e disse-me - Amanhã tenho de tirar o filme do cartaz para estrear um filme americano. E eu perguntei - Mas porquê? E o gerente respondeu - O distribuidor diz-me que se não estrear um filme dele amanhã nunca mais me dá filme nenhum para exibição.
E assim foi.
Os CAMINHOS LONGOS saíram do cartaz e eu preparei-me para levar todo o material para Portugal, e ir a Cinelândia para refazer a montagem, o sincronismo e o som por forma a tirar uma nova cópia corrigida que nos permitisse estrear o filme em Portugal com sucesso.
Mas, sem meu conhecimento, o Professor Serra tivera uma reunião com os outros sócios aos quais dissera. - Afinal isto do filme é um grande negócio. Vejam só quanto dinheiro ele fez aqui em Macau. O que o Ferreira quer agora é pirar-se com o filme para se governar. Ora eu vou agora de licença graciosa, o Estado é que paga a minha passagem, e eu levo o filme e entrego ao distribuidor.
Quando eu soube disto fiquei extremamente revoltado e cortei relações por completo com o Silveira Machado e a Eurásia Filmes. Nunca mais quis saber de nada em relação ao filme que acho que terá sido levado para Lisboa, nunca foi exibido e não se sabe onde pára porque inclusivelmente o distribuidor que o recebeu já não existe.

Dicionário Infernal ou biblioteca universal acerca das obras, das personagens, dos livros, dos factos e das coisas que dizem respeito às aparições, à magia, ao comércio como inferno, às adivinhações, às ciências secretas, aos grimórios, aos prodígios, aos erros e aos preconconceitos.

Desde que Collin de Plancy empreendeu a imponente tarefa de erguer este monumento a tudo quanto há de mais baixo, malévolo e invulgar na história das mentalidades, é de admirar que ainda hoje haja quem, estranhamente, tenha prazer na leitura deste misto de peças fantásticas, istórias inacreditáveis, enfim, de um chorrilho de mentiras que constituem mais um romance do que um dicionário que se preze.
Se alguém resolver perder o seu tempo a ler este texto inqualificável, se alguém se quiser esquecer que o principal motivo de Plancy foi fazer dinheiro, só correrá o risco de rir da credulidade da espécie humana, de uma humanidade que historicamente está próxima de nós ou, caso seja ainda um espécime dessa raça crédula, poderá ficar apavorado por histórias que o autor afirma serem verdadeiras, mas que foram inventadas sob a tortura da Inquisição, de documentos e testemunhos cuja veracidade é indubitável mas cujos autores, também indubitavelmente, deveriam estar internados num asilo de alienados.
Um enigma completo é o de saber como é que um editor se atreveu a trazer este obscuro documento, que jazia no fundo da memória de um qualquer bibliotecário perverso, novamente à luz do dia à qual nunca lhe foi destinada. Outro é o da razão que levou uma poetisa de créditos e valor firmados a empreender esta insólita tradução...
Que cada leitor faça o seu juízo.

JUNG: Outrora o demónio era projectado para fora; hoje, graças à sua
inteligência, o homem já não acredita nele e retem-no dentro de si.
APOCALIPSE IX-6: Nesses tempos os homens procurarão a morte e não a
encontrarão; desejarão morrer e a morte fugirá para longe deles.
FREUD: É evidente que o Diabo não é mais do que a encarnação das pulsões
anais eróticas recalcadas.
GOETHE: Eu sou aquele espírito que nega. A essa Força eu pertenço. Que
sempre faz o Mal mas só o Bem alcança.
LES ÉTUDES CARMÉLITAINES: O Maligno ajuda maravilhosamente a malícia
humana.
D. A. F. SADE: Quero que deixes eternamente de existir para que eu possa
eternamente perder-te, eternamente destruir-te.
MEFISTÓFELES: Pediria ao Diabo que me levasse imediatamente. Apenas
acontece ser eu ele.
[Excertos de Liminar, selecção de Ana Hatherly]

Ficção? Ensaio? História? Quaisquer que tenham sido as reais motivações de Collin de Plancy ao escrever a sua obra, hoje, passados cerca de dois séculos desde a sua publicação, esta pode ser lida como uma reflexão sobre o Homem, as suas crenças suas instituições, ou simplesmente como uma extraordinária compilação de histórias fantásticas enriquecida pela excelente tradução e prefácio da poetisa Ana Hatherly.

Jacques-Albin-Simon Collin de Plancy nasceu em França em 1793 numa localidade denominada Plancy e faleceu no ano de 1887. A sua celebridade no campo das letras deve-se ao carácter particular das obras que publicou, que veio a ser designado por "género frenético" e que hoje designaríamos talvez por "literatura fantástica". Apesar do relativo desconhecimento a que se votou a sua extensa produção literária, é considerado um dos nomes clássicos das letras francesas, e o seu Dicionário Infernal tem conhecido edição após edição. Autor de uma obra extensissima da qual constam mais de 200 volumes é-lhe ainda atribuída a autoria de muitos outros pois usava (entre os já reconhecidos) mais de trinta pseudónimos.
Uma obra endiabrada a ferver na BLOOM.

Dicionário Infernal, de Collin de Plancy • CAVALO DE FERRO • ISBN 9728791003



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