Filipa Simões apresenta exposição “Why?” no Centro de Indústrias Criativas
Pergunta com resposta(s)
No início de tudo, há sempre uma questão que se coloca. O cliente encomenda um trabalho, explica o que tem em mente e aquilo que pretende. Compete, depois, ao designer gráfico, encontrar a resposta mais acertada, transformar conceitos em imagens, apurar possibilidades que vão aparecendo à medida que se explora o objecto. O resultado é a comunicação. O resultado ideal é a comunicação sem ruídos, mas que foge ao óbvio.
“O design está neste processo de encontrar respostas. Coloca questões e abre possibilidades”, explica Filipa Simões, designer gráfica, comunicadora por imagens, por natureza e formação profissional. Na próxima sexta-feira, quando forem 18h30, no Centro de Indústrias Criativas, abre ao público a exposição “Why?”, em que a designer explora, precisamente, as respostas para uma “inquietação”, desta feita lançada por ela própria e não pelo cliente.
“Há já algum tempo que queria fazer uma exposição”, conta Filipa Simões. A oportunidade surgiu, através do Centro de Indústrias Criativas, que lhe lançou o desafio. A autora da instalação de vídeo “Insaciedade”, construída em 2005, ainda ponderou a hipótese de voltar a usar este meio de expressão. Mas a opção que pesou mais acabou por ser outra. “Decidi fazer uma exposição de design de comunicação, que é a minha disciplina”, afirma.
Em “Why?”, Filipa Simões faz um “exercício de experimentação, de liberdade criativa”. A partir das três letras da palavra e do ponto de interrogação explora soluções gráficas de comunicação. Quem for ao Centro de Indústrias Criativas vai poder ver como se desenvolve o trabalho de um designer gráfico, as várias fases do processo, desde que se coloca a questão até que se encontram hipóteses de solução do problema.
“’Why?’ é o porquê das coisas e o porquê do design. É um ponto de partida para comunicar”, descodifica. “Peguei nesta questão e fiz um exercício gráfico, explorando plasticamente vários caminhos e hipóteses. Joguei com esta ideia simples, com várias imagens e sensações, que focam um caminho.” Nesta exposição, a designer mostra a tal inquietação que a procura das respostas implica, mas permite também, ao público em geral, perceber melhor o mundo da comunicação visual. Serve ainda, acredita, para abalar convicções em torno desta área de trabalho.
“O design gráfico é frequentemente encarado com um serviço”, analisa Filipa Simões. E isto deve-se ao facto de ser uma área com uma componente mais prática e imediata, mas também pelas condições em que, muitas vezes, é executada. “Com frequência, os trabalhos são feitos com muita pressa, exigem-se soluções rápidas, pelo que se pode dar menor importância.” Quando existe o tempo necessário para lidar com as inquietações, acontece um “exercício maior” e a arte conquista espaço. “É a arte de comunicar”, conclui.
Com “Why?”, o público pode ficar a perceber processos de construção e reflexões em forma de imagem, mas o trabalho acaba por ter um efeito semelhante para a sua autora. “Fazer este exercício abriu uma série de possibilidades, mesmo em termos artísticos, e fez-me encarar o trabalho de outra forma. Tem sido óptimo”, conta.
A exposição no Centro de Indústrias Criativas é um momento especial para a designer portuguesa. “Tenho vindo a fazer o meu trabalho muito discretamente e quero que as pessoas o conheçam, pelo que estou muito satisfeita com a oportunidade.” As imagens que constituem a “Why?” podem ser vistas até ao dia 3 de Março.
RETRATO DA ARTISTA
Filipa Simões nasceu em Portugal, em 1978, tendo vivido em Macau entre 1989 e 1992. Se bem que breve, a experiência no Oriente foi marcante, ao ponto de sentir vontade de regressar, o que acabou por acontecer em 2004. Antes de rumar, de novo, ao território, tirou o curso de Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.
Foi em Portugal que começou a desenvolver projectos de identidade editorial e corporativa, na empresa Forma Design. Já em Macau, trabalhou na editora Livros do Oriente, onde teve a seu cargo a concepção gráfica de várias publicações.
Em 2005, criou a sua própria empresa, a WHYDESIGN, tendo, desde então, concebido e executado projectos na área da identidade corporativa, do design editorial, web design e multimédia, design promocional e publicitário, eventos e exposições, design de embalagens e produtos, tanto para clientes locais como de Portugal.
Tem participado em vários concursos internacionais e locais, com prémios arrecadados. Em 2004, foi distinguida com o primeiro prémio do logótipo do Conselho das Comunidades Portuguesas, por um trabalho feito em conjunto com o arquitecto Nuno Soares. O logótipo acabou por ser seleccionado para representar Macau no livro “Worldwide Identity”.
Mais recentemente, e numa lógica de ligação ao território bem presente na sua concepção de design, ganhou o primeiro prémio do logótipo da Confraria de Gastronomia Macaense.
Na área do vídeo, outro meio que Filipa Simões emprega para comunicar, marcou presença na Experimentadesign 2005, em Lisboa, com a instalação de vídeo “Insaciedade”, um retrato de Macau da perspectiva dos restaurantes locais.
Mais recentemente, os trabalhos gráficos para as peças de mobiliário da série “constrAction”, desenvolvida por Nuno Soares, estiveram em exposição em Hong Kong, no ID Expo 2006, e em Milão, no Salone Satellite 2007.
[POR ISABEL CASTRO • TAI CHUNG POU EM PORTUGUÊS]
"Why?" • CENTRO DE INDÚSTRIAS CRIATIVAS • CENTRO CULTURAL DE MACAU • DE 15 FEV A 3 MAR
Bookmarkers: Design, Exhibitions, Macau, Português, Vida / Life