A arte de contar a vida banal, fazendo luzir o que no banal quotidiano há sempre de excepcional, o dom da agilidade narrativa, a capacidade de muito rapidamente sugerir o mais profundo de uma personagem apenas esboçada fazem de J.D. Salinger um dos mais fascinantes, porventura o mais talentoso dos contistas norte-americanos do nosso tempo.
Este seu livro já antigo, mas sempre actual, agora reeditado em português, Nove contos, é disso exemplo. Salinger, esse homem quase bisonho e misterioso, que foge a toda e qualquer publicidade, escondendo-se nos confins dos Estados Unidos, é o escritor moderno que melhor alia uma profunda humanidade a um constante humor. E sabe dialogar com um raríssimo instinto do verosimil insólito, como no primeiro e prodigioso conto, tão simples, , do volume, Um Dia Ideal para o Peixe-Banana. Em poucas páginas assistimos às conversas telefónicas da um pouco frívola Muriel num hotel da Flórida, sobre o seu esquisóide marido, que veio da guerra transtornado, enquanto ele, na praia, conversa com grande doçura e inventividade com uma menina pequenina e caprichosa, a quem ensina a pescar o imaginário peixe-banana. Depois sobe até ao quarto e, muito tranquilo, mete uma bala na própria cabeça, enquanto olha para Muriel, que nem o vê.
Todos os contos são verdadeiras preciosidades e a tradução de José Lima é correcta e fluente.
[URBANO TAVARES RODRIGUES]
A escrita de Salinger é magnífica, original, séria e profundamente bela. Aqui estão nove dos seus contos, e a razão pela qual são tão interessantes, e tão poderosos lidos em conjunto, é porque são paradoxais. Por fora, são frequentemente divertidos, por dentro, são de quebrar o coração. Eles podem fazer isso porque são puros.
[The New York Times Book Review]
Um livro a não perder que pode encontrar na Bloom e que o pode surpreender ao virar de cada página. Como quem vira uma esquina e dá com a pessoa certa. Com o tempo certo. Com a vida certa. Mesmo que não seja a certa é qualquer coisa de muito boa, a vida. É assim a escrita de Salinger. Ele e mais uns poucos fazem tudo o que há para ler.
Nove Contos, J. D. Salinger • DIFEL • UMA DATA DE PÁGINAS
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