Questioning the wind

BORIS DUBROV © 2006
Boris Dubrov was born in St. Petersburg in 1979. At the age of five he surprised his parents by his unique art abilities. So, they decided to take him to the Art school where he got necessary knowledge of painting and graphics which he later developed on a professional level.
In 1994 Boris entered the Art-Restoring Lyceum "Kupchino" where while studying he got interested in surrealism. The Administration of this Lyceum arranged the first exhibition of his works in the field of surrealism. In 1997 Dubrov arrived in Israel. He joined the Israeli Defense Forces and served there for three years. After the Army service, in 2002, he became a prize-winner of the “Young Artist“ competition in Israel.
In 2003 he got acquainted with a unique master of coinage, Itshakh Cheskelson, working in the style of Judaika and got interested in the culture of Jewish people. At the same time he is painting many pictures dedicated to the subject of mestechko life of Jewish people of prewar epoch of the Eastern Europe.
In 2004 he took part in the exhibition of surrealism at the Jewish University in Jerusalem.
Later, in 2005 his personal exhibition was held in Ashdod. It brought a great success and fame all over the country. Now, most his pictures are found in private collections. The same year he is taking part in "Salon des Artistes Fransas" in Paris. There was also Dubrov's exhibition "Judaika Art" in New-York in 2005. Boris has his next exhibition at the Jerusalem Hebrew University in 2006.
Creative range of the artist is broad and versatile. One can see here social features of Judaika as well as strict classicism and surrealism, concealing the elements of erotic in landscapes.

838 pages of restlessness

From the award-winning author of 'Clear' comes an epic novel of startling originality. If History is just a sick joke which keeps on repeating itself, then who exactly might be telling it, and why? Could it be John Scogin, Edward IV's infamous court jester, whose favourite pastime was to burn people alive - for a laugh? Or could it be Andrew Boarde, Henry VIII's physician, who kindly wrote John Scogin's biography? Or could it be a tiny Kurd called Gaffar whose days are blighted by an unspeakable terror of - uh - salad? Or a beautiful, bulimic harpy with ridiculously weak bones? Or a man who guards Beckley Woods with a Samurai sword and a pregnant terrier? 'Darkmans' is a very modern book, set in Ashford (a ridiculously modern town), about two very old-fashioned subjects: love and jealousy. It's also a book about invasion, obsession, displacement and possession, about comedy, art, prescription drugs and chiropody. And the main character? The past, which creeps up on the present and whispers something quite dark - quite unspeakable - into its ear. 'Darkmans' is the third of Nicola Barker's visionary narratives of the Thames Gateway. Following on from 'Wide Open' (winner Dublin IMPAC award 2000) and 'Behindlings' it confirms Nicola Barker as one of Britain's most original and exciting literary talents.

This Man Booker Prize short-listed book has just arrived at Bloom!
(Guardian Unlimited Book Review here)

Darkmans, by Nicola Barker
• Publisher: Harper Perennial • ISBN: 0061575216 • 2007

O percentil do mundo inteiro

«América a Bem ou a Mal» é um retrato ponderado, lúcido e crítico da identidade nacional americana e das tradições culturais que estão na base da política externa dos Estados Unidos.
Segundo Anatol Lieven, a partir do 11 de Setembro, as relações externas deste país têm sido moldadas pelas características especiais dos nacionalismos predominantes.
Por um lado, muitos americanos vêem-se como os grandes defensores dos princípios da liberdade, da democracia, do individualismo e da primazia da lei. Mas a convicção quase religiosa com que assumem este papel dá lugar a sérios perigos: a tendência para o messianismo, a convicção de que a América tem o direito, o dever e a capacidade para disseminar os seus valores e a sua democracia pelos outros países, independentemente das necessidades e desejos destes últimos.
Por outro lado, a cultura política americana também inclui um nacionalismo chauvinista e belicoso, baseado numa visão da América enquanto comunidade cultural restrita, ameaçada por um mundo hostil e traiçoeiro.
Lieven explica, então, a forma como estas duas perspectivas têm influenciado as opções estratégicas da política externa norte-americana, quer nas relações com a Europa e com o Médio Oriente, quer na luta contra o terrorismo. Na «Introdução» pode ler-se, aliás: «Ao mesmo tempo que mantém um lar esplêndido e acolhedor, a América também alberga uma família de demónios na sua cave. Normalmente mantidos sob certas restrições, esses demónios foram libertados pelo 11 de Setembro.» [TEXTO DO EDITOR]

América a Bem ou a Mal, de Anatol Lieven • TINTA DA CHINA • 2007

É um épagneul-breton a personagem principal deste livro de Manuel Alegre. Com "manchas castanhas e uma espécie de estrela branca no meio da cabeça". Cão... como nós. Como nós, porque sabe da amizade (o cão é o melhor amigo do homem), da solidariedade, protege a criança, consola o dono, pressente a desgraça, 'chora' a morte. Mas também é altivo e irrequieto. Às vezes desobediente e exibicionista. Chama-se Kurika, e acompanhou o escritor e a sua família ao longo de anos. Aliás, ele 'é' parte da família, diz Manuel Alegre.

«Cão bonito, dizia eu, em momentos raros. E era um acontecimento lá em casa. Os filhos como que se reconciliavam comigo, minha mulher sorria, o cão começava por ficar surpreendido e depois reagia com excesso de euforia, o que por vezes me fazia arrepender da expressão carinhosa.
Cão bonito. E ei-lo aos pulos, a dar ao rabo, a correr a casa toda.
Digamos que aquele cão era quase um especialista nas relações com os humanos. Tinha o dom de agradar e de exasperar. Mas assim que eu dizia – Cão bonito – ele não resistia. Deixava-se dominar pela emoção, o que não era vulgar num cão que fazia o possível e o impossível para não o ser.» [EXTRACTO DO LIVRO]

"...sendo sobre um cão, o livro é sobre os homens. Certos homens com um certo tipo de valores só aparentemente contraditórios: a liberdade e a fidelidade, a solidariedade, a independência, a altivez. (...) um belíssimo poema de amor de um homem a um cão. Como nós. (...) Por isso (a minha cadela, a gata) me tocou tanto este livro. E tenho a certeza que a tantos outros leitores, novos e velhos, pobres, ricos, remediados. Cada um a ver no Kuirika dos Alegre o seu Leão, o seu Tejo, o seu Farrusco, o seu Saikó, o seu Jimmy, a sua Mimi, a sua Ró-ró."
Adelino Gomes, Público, Mil Folhas

"Na prosa desta pessoalíssima novela em forma de pequenas reflexões, Alegre consegue um equilíbrio perfeito entre um registo poético e humorístico. (...) Uma obra para ser lida por quem sabe de experiência própria. E porventura também pelos outros, já que não raras vezes... este cão fala por nós."
S.B.L., Visão

SOBRE O AUTOR
Manuel Alegre de Melo Duarte nasceu a 12 de Maio de 1936 em Águeda. Estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde foi um activo dirigente estudantil. Apoiou a candidatura do General Humberto Delgado. Foi fundador do CITAC - Centro de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra, membro do TEUC - Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra, campeão nacional de natação e atleta internacional da Associação Académica de Coimbra. Dirigiu o jornal A Briosa, foi redactor da revista Vértice e colaborador de Via Latina.
Com um conturbado percurso de vida antes do 25 de Abril, entre a prisão política, a clandestinidade e o exílio de 10 anos em Argel, onde é dirigente da Frente Patriótica de Libertação Nacional, aos microfones da emissora A Voz da Liberdade, a sua voz converte-se num símbolo de resistência e liberdade.
Os seus dois primeiros livros, Praça da Canção ( 1965 ) e O Canto e as Armas ( 1967 ) são apreendidos pela censura, mas passam de mão em mão em cópias clandestinas, manuscritas ou dactilografadas. Poemas seus, cantados por Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira, tornam-se emblemáticos da luta pela liberdade. Regressa finalmente a Portugal em 2 de Maio de 1974.
Sobre a sua obra poética, reeditada sucessivas vezes, Eduardo Lourenço afirmou que “sugere espontaneamente aos ouvidos (...) a forma, entre todas arquétipa, da viagem, do viajante ou, talvez melhor, peregrinante”. O livro Senhora das Tempestades (14.000 exemplares vendidos num mês) inclui o poema com o mesmo nome, que Vítor Manuel Aguiar e Silva considerou “uma das mais belas odes escritas na língua portuguesa”. Este livro foi premiado com o Grande Prémio de Poesia da APE-CTT de 1998 e com o Prémio da Crítica Literária da AICL de 1998. Publicou os romances Alma ( 12 edições ) e A Terceira Rosa ( Prémio Fernando Namora, 1999 ). Segundo Paola Mildonian, Manuel Alegre “canta a dor e o amor da história com acentos universais, com uma linguagem que (...) recupera em cada sílaba os quase três milénios da poesia ocidental”. No Livro do Português Errante, Manuel Alegre, segundo Paula Morão, emociona e desassossega: “depõe nas nossas mãos frágeis as palavras, rosto do mundo, faz de nós portugueses errantes e deixa-nos o dom maior (...) – os seus poemas”. O seu livro, Cão como nós, vai na 18ª edição. Recebeu o Prémio Pessoa em 1999, pelo conjunto da Obra Poética, publicada nesse ano.

Um livro comovente, que se lê de um só fôlego, para todos os que sentem o mesmo que Alegre, que os cães podem ser os nossos fiéis companheiros e que quando partem deixam um enorme vazio nas nossas casas e nas nossas vidas.

Cão Como Nós, de Manuel Alegre
Edições D.Quixote

Do outro lado do mar

Enorme é o enigma do tempo e, nele, o do futuro. O que podemos saber dele? É lá que moram os nossos sonhos e as nossas esperanças, mas de lá podem chegar também ameaças e horrores. Se os conhecêssemos, haviamos de tentar evitar os peridos e moldá-lo a nosso favor. Por isso, em todos os tempos e culturas, houve videntes, astrólogos, cartomantes, sibilas, profetas. A sua tarefa era precisamente prevê-lo.
Nunca como hoje o futuro terá sido tão fascinante e esperançoso e ao mesmo tempo tão problemático e imprevisível. Que influências terá biotecnologia? Como se configurarão a sexualidade e a família? Como vai ser o mundo cada vez cada vez mais ligado em rede? Caminharemos mesmo para a clonagem ou isso já é do passado? Como será viver num mundo verdadeiramente multicultural? O que comeremos e onde habitaremos? Que papel terão as religiões?
Norbert Bormann procurou os resultados das investigações sobre o futuro e as suas tendências por parte das ciências humanas e da natureza, da literartura e da religião, sem esquecer visionários e «profetas», e conseguiu, de modo informado e atraente, num dicionário em que as entradas remetem umas para as outras - de acaso a zoologia do futuro, passando por androginia, bebés-proveta, cibernética.,Deus, terrorismo, vida depois da morte, etc. Dando-nos uma imagem de um futuro muito perto de nós e que está a chegar. Uma expedição por um mundo novo, plena de conhecimentos e informações com muias surpresas.
[DA INTRODUÇÃO POR ANSELMO BORGES]

Dicionário do Futuro, de Norbert Borrmann • CASA DAS LETRAS

Matter of words

conundrum • noun
1 the conundrums facing policy-makers PROBLEM, difficult question, difficulty, quandary, dilemma; informal poser.
2 Rod enjoyed conundrums and crosswords RIDLLE, puzzle, word game; informal brainteaser.

The great travel writer Jan Morris was born James Morris. James Morris distinguished himself in the British military, became a successful and physically daring reporter, climbed mountains, crossed deserts, and established a reputation as a historian of the British empire. He was happily married, with several children. To all appearances, he was not only a man, but a man’s man.
Except that appearances, as James Morris had known from early childhood, can be deeply misleading. James Morris had known all his conscious life that at heart he was a woman.
Conundrum, one of the earliest books to discuss transsexuality with honesty and without prurience, tells the story of James Morris’s hidden life and how he decided to bring it into the open, as he resolved first on a hormone treatment and, second, on risky experimental surgery that would turn him into the woman that he truly was.

«Certainly the best first-hand account ever written by a traveler across the boundaries of sex. That journey is perhaps the ultimate adventure for a human being, but although it has been the subject of myth and speculation since ancient times, it is an authentically modern experience.... Morris can offer no real answer to the central mystery; neither she nor the scientists of this era can explain with any certainty why a transsexual's mind and body are at odds with each other. What Jan Morris does offer, through her life and her work, is a window on the wondrous possibilities of humankind.» [Newsweek]

This is a title from the extraordinary New York Review of Books publisher, among many things they have just those books we want to read. Includind Jean Genet, Stefan Zweig, Bioy Casares, Cesar Pavese, Turgenev, Moravia and many others. From our first chapter at Bloom the NYRB Magazine were mark down on our plans. For one reason or another it didn't came to our store as it should. It will now along with a great set of amazing friends. Prepare yourself for this grand delivery.

Conundrum, by Jan Morris • New York Review of Books • 192 pages • 2006 • ISBN: 1590171896

Do fundo da lata

Porque é que Espanha é Espanha e não Portugal? Porque é que devíamos estar gratos por qualquer crise que apareça? Porque é que temos tantos doutores e engenheiros, mas a produtividade não cresce? E afinal quantas cópias de João Jardim existem?

Escrito num estilo aberto e informal, este livro pretende diagnosticar os males da economia portuguesa, de uma forma acessível a todas as pessoas, e não apenas aos economistas, desmistificando alguns desses problemas. Aqui se analisam factos que se podem considerar autênticos mitos contemporâneos. Vivemos mesmo «a maior crise da história»? A «independência da Madeira» é viável e benéfica para o país? Portugal é «um país sem futuro»? Decifrando o economês recorrente nestas análises, são examinados temas tão interessantes quanto a razão de os economistas falharem (quase sempre) as suas previsões ou os motivos pelos quais os portugueses chegam sempre tarde aos seus compromissos (excepto à missa ou ao futebol). E há conclusões insólitas: a crise actual foi a melhor coisa que nos poderia ter acontecido, devíamos exportar os nossos gestores e sindicatos, e precisamos de (ainda) mais ucranianos e brasileiros.

Álvaro Santos Pereira nasceu em Viseu em 1972. É doutorado em Economia pela Simon Fraser University (Vancouver). É actualmente docente no departamento de Economia da Universidade de York, onde lecciona as disciplinas de Economia Europeia e de DesenvolvimentoEconómico. Entre 2000 e 2004, ensinou no departamento de Economia da Universidade de British Columbia. Irá em breve regressar à Simon Fraser University, no Canadá, para leccionar Economia e Desenvolvimento Económico. Desde 2001, colaborou regularmente no Diário de Notícias e no Diário Económico, e tem escrito ocasionalmente para a EXAME, o Expresso, o Jornal de Notícias e o Público. É autor do blogue Desmitos (desmitos.blogspot.com). Estreou-se no romance com Diário de um Deus Criacionista, um original e divertido diário da História de Deus e da Sua solidão infinita, editado também pela Guerra e Paz.

Zeng's Chronicle

"My wish is to become an author of ‘images’ and to construct an image ‘museum’ archiving and presenting our history of today and yesterday."
Zeng Li

The speed of change and modernization in Mainland China over the past ten years has stunned the world. The staging of the 2008 Beijing Olympics has accelerated that momentum even more. City construction has become the order of the day, the demolition of decrepitated areas of old cities and the disappearance of the traditional urban landscape providing the most visible essence of transformation. In this context, urban development becomes the vocabulary of the architectural revolution, and photography has never been so powerful. Zeng uses photography to register the dramatic changes that have swept through historic neighborhoods in the capital’s ongoing modernization campaign.
Featuring a collection of 160 works selected from over 6,000 images taken between 1997 and 2006, the photography book provides a lasting visual record of everyday urban environments in Beijing and other cities in the throes of rapid change. The hutong dwellings, standardized apartment buildings, and bustling factories of earlier decades have given way to soaring residential towers and glittering shopping malls. The publication represents a collective memory of our time of change, and promises to become an important documentation of China’s present heritage.

About the Author
Zeng Li is one of China’s most acclaimed stage and costume designers. His collaborations with renowned Chinese film director Zhang Yimou in various films and theatre productions have won him world-wide recognition.

Brought to us by our dearest MCCM Creations from Hong Kong, this is Bloom's largest book! The impressive print gives us an excellent overview of the changing giant China.

A China Chronicle, by Zeng Li
MCCM Creations • ISBN 9789889926649 • 232 pages • 150 color photos • Hardcover with kraft slipcase

Não estava quietinho...

A escritora italiana Romana Petri começou a ser conhecida em Portugal com o livro “A Senhora dos Açores” (prémio do melhor romance publicado em Itália em 2002). Depois disso, a Cavalo de Ferro editou “Os Pais dos Outros”, “Uma Guerra na Úmbria – Case Venie” e “Regresso à Ilha” (o seu outro romance cuja acção decorre no arquipélago dos Açores, ilhas pelas quais parece ter uma paixão muito especial), títulos disponíveis na Bloom. Agora acaba de ser lançado “Tive de o Matar”, uma história muito diferente das anteriores: divertida e irónica, a espargir sangue por muitos lados como algumas personagens de ‘Kill Bill’ de Tarantino, politicamente pouco correcta, e a cruzar a imaginação com violentas pulsões primárias. Romana Petri mostra a plasticidade das suas capacidades narrativas numa história bem arquitectada, com sucessivas mudanças de plano (como se de um filme de acção se tratasse), e pensada para ser um romance singular escrito num registo muito próprio.
Lulu, a personagem principal que afinal não se chama Lulu (não se chega a saber o verdadeiro nome), tem trinta e oito anos, é separada, vive em Roma com um filho pequeno, e é professora de francês num estabelecimento prisional feminino. Vai ouvindo as histórias das suas alunas, algumas condenadas por terem assassinado os maridos porque eles lhes foram infiéis, e elas os “apanharam em flagrante delito”. E começa uma espiral de descrições dos crimes, dos pormenores mais sangrentos, dos impulsos vingativos, e tudo com uma ausência de culpa que a princípio parece inverosímil, e que não se encaixa na mente de “simples homicidas acidentais”, mas que aos poucos se vai “justificando” no registo irónico e no género da ficção “pulp”. A estranheza transforma-se em objecto cómico e o leitor entra no jogo. Como neste exemplo: “E foi uma casualidade estar um martelo em cima da cómoda, porque precisamente no dia anterior pendurara na parede uma imagem de Nossa Senhora, que tinha comprado para que a protegesse de todas aquelas aflições, que de repente a tinham transformado noutra pessoa. E essa Nossa Senhora pendurada na parede olhava timidamente para baixo, exactamente como se olhasse para o martelo e, de modo discreto, lho indicasse. Então, pegou nele e desferiu a primeira pancada na testa daquele traidor (…) tinha aquele ar arrogante que os homens têm vinte e quatro horas por dia, quando traem a mulher.”
Mas dos crimes narrados pelas mulheres encarceradas (e também pela velha Ângela, uma divertida personagem cuja função no romance é fazer a “ligação” entre o fantástico e o real), depressa se passa a outro nível da acção. Lulu começa a receber visitas de famosos e intrépidos guerreiros. Durante as noites chegam ora Alexandre Magno, ora Ricardo Coração de Leão, e também de vez em quando Lawrence da Arábia (mas este aparece com a figura de Peter O’Toole, de outra maneira ela não reconheceria a verdadeira face de Lawrence). Devagar, com muita conversa, vão estes guerreiros tentar ajudar Lulu a fazer algo que ela ainda não descobriu que sabe que quer. Cinco anos tinham passado desde que ela se separara do marido, e pela mesma razão que as alunas tinham cometido os seus crimes. Ele enganara-a … com várias anãs. “O meu marido, nu, agitava-se como um louco debaixo de um enxame de anãs. E o seu frenesim embriagado era tal que nem se aperceberam de que entrara na sala. Só se deram conta quando uma delas, casualmente, se virou na minha direcção, e então sim, gritaram todas juntas e em uníssono saltaram, espalhando-se pela sala com a velocidade dos ratos.”
“Tive de o Matar” é um verdadeiro e conseguido exercício de imaginação. E um dos romances mais singulares dos últimos tempos.
[JOSÉ RIÇO DIREITINHO]

Tive de o Matar, Romana Petri • CAVALO DE FERRO • 2007 • EM BREVE NA BLOOM

Mania das grandezas

Eric Hobsbawm, o historiador que já publicou "A Era dos Extremos" e "A Era das Revoluções", analisa neste breve ensaio as diversas correntes de vanguarda artística que proliferaram durante o século XX e que assentavam no pressuposto de que as relações entre a arte e a sociedade se tinham transformado radicalmente. No entanto, segundo Hobsbawm, as vanguardas pictóricas, ao contrário das restantes artes, estavam à partida condenadas a um duplo insucesso: a sua incapacidade de ser "expressão de uma época", como até à data as artes visuais tinham sido, e a limitação técnica para exprimir essa mesma época.
Contrariamente aos escritores e compositores que aceitaram a produção de massas e a tecnologia da repetição ilimitada, os pintores não quiseram renunciar à obra de arte "única", realizada com as suas próprias mãos. Esta relutância resultou numa série de "vanguardas" pictóricas estéreis que, segundo o autor, estavam de antemão condenadas ao fracasso.

Muito mais do que qualquer outra arte criativa, as artes visuais sofreram com a obsolescência tecnológica. Estas artes, e especialmente a pintura, não foram capazes de adequar-se ao que Walter Benjamin chamou de "a idade da reprodutibilidade técnica". Desde meados do século XIX - isto é, desde a época em que podemos reconhecer na pintura movimentos de vanguarda conscientes - embora este termos ainda não tivesse entrado na linguagem das artes-, que as artes visuais tiveram noção tanto da concorrência da tecnologia, sob a forma da câmara fotográfica, como da sua incapacidade para sobreviver a esta concorrência. Um crítico conservador de fotografia afirmou, já em 1850, que a nova técnica iria pôr em perigo ramos da arte, como as gravuras, as litografias, as pinturas de género e os retratos. Cerca de sessenta anos mais tarde, o futurista italiano Boccioni sustentava que a arte contemporânea devia expressar-se em termos abstractos, ou melhor, através da espiritualização do que é objectivo, porque a "representação tradicional foi conquistada pelos meios técnicos".
Atrás dos Tempos - Declínio e Queda das Vanguardas do Século XX,
de Eric Hobsbawm
• CAMPO DAS LETRAS • DISPONÍVEL NA BLOOM

Close call

If we're not been here so often as before it's because we are running out of time. We have news, we have new projects and we have so many new books at Bloom. We'll keep you updated and try to post all our information as usual. And don't forget: WE NEED YOU!

What are we reading?

We, at Bloom, are reading at this time:

After Dark, by Haruki Murakami (English translation)
Choke, by Chuck Palahniuk (Portuguese translation - Asfixia)
Ignorance, by Milan Kundera (Portuguese translation - A Ignorância)
The Book of Disquiet, by Bernardo Soares (Fernando Pessoa) (Original Portuguese version - O Livro do Desassossego)
[YOU CAN FIND THEM ALL AT BLOOM JUST FOR YOU]

What are you reading now? Let us know here! :-)

That day of falling ash and near night

The defining moment of turn-of-the-21st-century America is perfectly portrayed in National Book Award winner Don DeLillo's Falling Man. The book takes its title from the electrifying photograph of the man who jumped or fell from the North Tower on 9/11. It also refers to a performance artist who recreates the picture. The artist straps himself into a harness and in high visibility areas jumps from an elevated structure, such as a railway overpass or a balcony, startling passersby as he hangs in the horrifying pose of the falling man.

Keith Neudecker, a lawyer and survivor of the attack, arrives on his estranged wife Lianne's doorstep, covered with soot and blood, carrying someone else's briefcase. In the days and weeks that follow, moments of connection alternate with complete withdrawl from his wife and young son, Justin. He begins a desultory affair with the owner of the briefcase based only on their shared experience of surviving: "the timeless drift of the long spiral down." Justin uses his binoculars to scan the skies with his friends, looking for "Bill Lawton" (a misunderstood version of bin Laden) and more killing planes. Lianne suddenly sees Islam everywhere: in a postcard from a friend, in a neighbor's music--and is frightened and angered by its ubiquity. She is riveted by the Falling Man. Her mother Nina's response is to break up with her long-time German lover over his ancient politics. In short, the old ways and days are gone forever; a new reality has taken over everyone's consciousness. This new way is being tried on, and it doesn't fit. Keith and Lianne weave into reconciliation. Keith becomes a professional poker player and, when questioned by Lianne about the future of this enterprise, he thinks: "There was one final thing, too self-evident to need saying. She wanted to be safe in the world and he did not."
DeLillo also tells the story of Hammad, one of the young men in flight training on the Gulf Coast, who says: "We are willing to die, they are not. This is our srength, to love death, to feel the claim of armed martyrdom." He also asks: "But does a man have to kill himself in order to accomplish something in the world?" His answer is that he is one of the hijackers on the plane that strikes the North Tower.
At the end of the book, De Lillo takes the reader into the Tower as the plane strikes the building. Through all the terror, fire and smoke, De Lillo's voice is steady as a metronome, recounting exactly what happens to Keith as he sees friends and co-workers maimed and dead, navigates the stairs and, ultimately, is saved. Though several post-9/11 novels have been written, not one of them is as compellingly true, faultlessly conceived, and beautifully written as Don De Lillo's Falling Man.
[MORE ON THE NEW YORK TIMES]


The Falling Man, by Don DeLilloON WIKIPEDIA
SCRIBNER • 2007 • HARDCOVER • 256 PAGES • NOW AVAILABLE AT BLOOM

Pets and Artists together!

(Click to zoom)
The Civic and Municipal Affairs Bureau of Macau (IACM) launched a public competition to choose a LOGO for the animal protection campaign scheduled for the coming months, under the title "Be a Responsible Owner".
The goal is to join citizens and artists together in order to raise awareness to the high rates of abandoned animals in the streets of Macau (consult data here). Responsible ownership and respect for all forms of life is the final message to all of us. It's our duty!
This subject needs attention from everybody, so why not stimulating the care for our pets through something nice, fun and where you can release all your creativity? Join the competition! It's for a very good cause and there are prizes too!
There are 2 categories: students and general public. Find all details and download application form here.

Pois...

• O que é que eu tenho de mudar para ela gostar de mim?
• E se elas não quiserem nada connosco... Damos-lhe um estaladão?!
• O que é que fazemos quando elas nos irritam?
• Como é que é namorar… o que é que se faz?
• Como é que eu sei se ela gosta de mim?


Estas são algumas das perguntas que integram este livro. Uma conversa sobre as raparigas, os namoros e a vida, à procura de respostas para as dúvidas de um adolescente. Uma conversa entre uma mãe e um filho onde muitos segredos femininos são revelados, sem tabus, e com os cómicos de situação com que, ao longo do tempo, fomos desenhando este delicioso mundo dos relacionamentos entre homens e mulheres! Não é um livro de teorias. São só coisas que aconteceram, exemplos práticos e reais vistos à lupa, numa partilha de vivências, de sentimentos e maneiras de entender o mundo e a vida.
O Livro para Saber o que as Raparigas Pensam foi escrito para um rapaz adolescente mas é um livro aberto a qualquer pessoa. Aos rapazes adolescentes que também têm dúvidas, às raparigas que possam estar interessadas em descobrir como é que os rapazes pensam e o que é que os preocupa, e a todos os homens e mulheres que tenham deixado, na adolescência, algumas dúvidas por esclarecer.
É, por contingência e contexto, uma perspectiva feminina sobre os namoros, a vida e o modo como nos relacionamos com os outros e com a vida. Para o completar, no prefácio, guardamos uma perspectiva masculina do assunto, pela mão do Sérgio Godinho.
É preciso ver este livro como uma partilha. Partilhar as perguntas que guarda e procurar encontrar as respostas que se aguardaram há que séculos. Faça já a sua encomenda na Bloom!

Rute Moreira, 34 anos, mãe de três filhos, trabalha há mais de dez anos nas áreas de comunicação e educação. Licenciada em Matemáticas Aplicadas, área de Investigação Operacional, seguiu um percurso profissional onde a matemática passou a ser aplicada apenas à criatividade, à escrita e à construção de projectos educativos.
Da publicidade à criação e produção de conteúdos pedagógicos para televisão (Disney Kids, Dá-lhe Gás, entre outros), foi um novo passo que a transportou para a ficção e para o jornalismo.
Foi redactora durante três anos na revista XIS, cronista na Olá Semanário e directora editorial da revista CARAS Angola. Entre as obras de ficção, destaca-se a co-autoria das novelas Amanhecer e Dei-te Quase Tudo, e as peças de teatro Eu Ligo-te, Escolinha da Música e Carochinha – Concerto no Ervilhal.
A terminar a licenciatura em Psicologia Clínica, para além de guionista e cronista, é consultora em vários projectos pedagógicos e dedica parte do seu tempo a dirigir o centro de estudos do Operação Nariz Vermelho, o projecto dos palhaços de hospital que integra há seis anos.

Livro para Saber o que as Raparigas Pensam, de Rute Moreira
• GUERRA E PAZ • 2007

Fresh & Delicious

Make fish an exciting dish with one of these delicious recipes from around the world. From Salt and Pepper Squid and Japanese Sushi Cones to traditional Spanish Paella and Fisherman's Pie, "Fish" contains over 80 mouth watering classic and contemporary recipes. Learn everything you need to know to cook great-tasting fish, from buying to cleaning, gutting to filleting, plus simple preparation techniques that will guarantee success every time. Step-by-step photography, clear instructions and professional tips make cooking fish and seafood easy, and with delectable accompaniments such as Lemon and Caper Mash, Chunky Chips and Tartare Sauce, fish will be everyone's favourite.

TABLE OF CONTENTS
Introduction. Buying. Storing. Scaling. Gutting. Skinning. Scoring. Filleting. Boning. Preparing Shellfish and Seafood. Basic Recipes and Accompaniments. Fish Stock. Mayonnaise. Bechamel. Rouille. Herb Butter. Tartare Sauce. Crushed Minty Peas. Lemon and Caper Mash. Chunky Chips. Snacks and Light Meals. Beetroot, Sardine and Ricotta Salad. Tea-smoked Clams. Japanese Sushi Cones. Cherry Tomato and Red Mullet Tartlets. Soups and Stews. Prawn Bisque. Thai Mussel Soup. Zarzuela. Hake, Butterbean and Chorizo Stew. Spicy Squid and Chickpea Stew. The Main Course. Pan-fried Sea Bass with Fennel. Ginger Salmon with Asian Greens. Salt Cod Fritters. Roasted Herby Monkfish. Herrings with Spinach and Pine Nuts. Index and acknowledgements.

Fish, Over 80 Great Recipes, by Joanna Farrow HAMLYN BOOKS • NEW RELEASE 2007

Get it on

THE WAYS OF THE EX-SECRETARY AO MAN LONG ON THE COURT OF FINAL APPEAL
(resuming today in macau and every monday, wednesday and friday)

Lá estás tu

Também eu tenho uma
meta
física
chegar ao corpo
de Deus.

VALTER HUGO MÃE em "três minutos antes de a maré encher"

Intriga, bruxaria, possessão, violência doméstica, remorso, amor – temas presentes na última obra de Valter Hugo Mãe, que retrata uma Idade Média «brutal e miserável» e recria poeticamente a língua arcaica e rude do povo. Na obra conhecemos Baltazar Serapião, o protagonista deste romance, e Ermesinda, a mulher dos seus sonhos, que habitam um espaço e percorrem um tempo em que a vaca, animal de estimação, tem os mesmos direitos e deveres que a mulher. Ao longo do livro cruzamo-nos com senhores feudais, observamos ambientes hostis de lutas contínuas pela sobrevivência, assistimos a casamentos feitos e desfeitos, a ódios e amores, remorsos e rancores.

O poeta e editor venceu a edição de 2007 do Prémio Literário José Saramago com a obra “o remorso de baltazar serapião” (o autor não usa maiúsculas na sua escrita).
Ao receber o prémio, Valter Hugo Mãe afirmou: “Estou muito aflito. É profundamente chocante receber este prémio desta forma. Estou habituado a pensar na escrita como um exercício de solidão e hoje sinto-me muito acompanhado”. O escritor que dá o nome ao galardão, José Saramago, classificou o livro como um “tsunami”. Saramago acrescentou que o adjectiva assim “no sentido total, linguístico, estilístico, semântico e sintáctico. Não no sentido destrutivo, mas no sentido do ímpeto e da força”. O premiado garante que a sua “forma de protestar é expôr, e o livro manifesta de uma forma asquerosa o que alguns homens pensam sobre as mulheres”.

Valter Hugo Mãe nasceu em Angola em 1971. É licenciado em Direito e pós-graduado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea. É autor dos livros de poesia: livro de maldições (2006); o resto da minha alegria seguido de a remoção das almas e útero (2003); a cobrição das filhas (2001); estou escondido na cor amarga do fim da tarde e três minutos antes de a maré encher (2000); egon schiele auto-retrato de dupla encarnação (Prémio de Poesia Almeida Garrett) e entorno a casa sobre a cabeça (1999); o sol pôs-se calmo sem me acordar (1997); e silencioso corpo de fuga (1996). Escreveu ainda o romance o nosso reino (2004). Alguns dos seus poemas estão traduzidos e editados em espanhol, francês, inglês, checo e árabe. Actualmente dirige a nova editora Objecto Cardíaco, com sede em Vila do Conde.
Foi responsável, juntamente com Jorge Reis-Sá, pela Quasi Edições, editora de autores como Mário Soares, Caetano Veloso, Adriana Calcanhoto, António Ramos Rosa, Artur do Cruzeiro Seixas, Ferreira Gullar e muitos outros. Também, co-dirige a revista Apeadeiro. Valter Hugo Mãe prepara uma tese de mestrado sobre Saúl Dias.

Instituído pela Fundação Circulo de Leitores em homenagem a José Saramago, depois da conquista do Nobel da Literatura, em 1998, o prémio pecuniário desta quinta edição do galardão ascende a 25 mil euros. Paulo José Miranda, José Luís Peixoto, Adriana Lisboa e Gonçalo M. Tavares foram, nesta sequência, os eleitos pelos júris das anteriores edições do prémio, destinado a jovens autores até aos 35 anos.
[NO PÚBLICO]

o remorso de baltazar serapião, de Valter Hugo Mãe
• QUIDNOVI • 2007

Designers Union

Unite For Children

60 artists and graphic designers from all over the world (19 countries) are gather together on behalf of Childhood.

With the objective to inspire the creativity and the commitment to every human being and to participate on the UNICEF's actions. This cultural and social project, realized by APAG Editions with the partnership of UNICEF, goes beyond the ambition of any other book.
"In December 2006, UNICEF celebrated its sixty years of existence. We wanted to avail ourselves of this anniversary to pay homage to this institution through the making of the present book. To that end, we contacted sixty recognized or up-and-coming artists and digital designers from every corner of the world, whom we invited to join in our project.
Our initiative found an echo among them and they kindly agreed to participate in it, convinced that Childhood is worth illustrating, as pictures may sometimes have a stronger impact than words. However, the project's goal has never been to realize a commercial catalogue but definitively a graphics creation anthology.
That is why all potential participants have been selected by APAG members behind the project and by professional in graphics community on very specifics criteria. Our intention was to vary as much as possible the graphic styles appearing in this book.
With this in mind, we approached designers from diverse crafts : advertising, cinema, comic strips, webdesign, photography..."

Through 180 pages, you will discover various creations, some of them will be abstract, others more explicit; some will be radiant, others dark and pessimistic. Given that each artwork corresponds to the picture its author has of the world, it is obvious that all of them cannot reflect every artist’s ideal. The pages express the feeling about each artist and their work. As a "philosophical aspect" each work comes with a short text from its author.
MORE HERE: www.60uniteforchildren.com
[SOURCE DEXIGNER.COM]

De visita à Bloom

Pedro de Lemos Lisboa, administrador para as operações mundiais da editora alemã Taschen
“Está na altura de ter uma estratégia para a Ásia”

Esteve de fugida em Macau, como turista, mas como administrador da editora Taschen, Pedro de Lemos Lisboa não deixou de sondar o mercado dos livros na cidade. Nesta entrevista ao Hoje Macau, o livreiro revela que a Taschen se prepara para investir mais a sério na Ásia e que Macau se tornou num sítio cosmopolita onde poderá valer a pena, no futuro, uma empresa investir.

Como é que um português chega a administrador da Taschen, uma das mais conceituadas da Alemanha?
Não tem que ver o ser português. Eu, antes de trabalhar na Taschen, trabalhei na Bertelsmann que é um grupo mundial na área editorial e dos media. Trabalhei em Portugal e em Espanha e depois tive uma oferta para trabalhar na Taschen. Fui para a Alemanha e fiquei a trabalhar como director de produção, encarregue da produção de todos os livros. Depois houve uma carreira que foi progredindo com mais responsabilidades e desde há três ou quatro anos sou administrador, responsável pelas operações mundiais.

Qual é a estratégia da Taschen para a Ásia?
Estamos numa altura de definir estratégias para a Ásia. É também uma das razões por que estou aqui. Até agora a Ásia não tem tido um papel muito importante em termos de vendas. Desde há cinco, seis, sete anos que há uma relação com os fornecedores, muitos trabalhos são impressos, mas, na verdade, em termos de vendas não tem tido um papel significativo. Há cerca de dois anos abrimos um escritório em Hong Kong, onde temos pessoal - não só para vendas mas também para coordenação em termos de compras - e, a partir dessa célula, estamos a avaliar qual a estratégia melhor para evoluir. Os negócios, aqui na Ásia, têm-se desenvolvido muito bem através de distribuidores, através de parceiros locais, de clientes. Temos a sensação que está na altura de avaliar a situação de uma forma mais global e definir o que vamos fazer nos próximos anos. Estive de visita à China, em Xangai e em Pequim, onde falei com algumas das personalidades envolvidas nesta área, falei também com o meio cultural, com artistas, e certamente, nos próximos meses vamos definir uma estratégia nova para a Ásia. Isto significa que, de alguma forma, vamos estar mais envolvidos directamente na distribuição dos nosso produtos, e em produzir títulos que tenham como tema a Ásia.

O que acha que o mercado na China ou na Ásia está mais disponível para consumir?
É evidente que, em qualquer mercado, os temas locais têm sempre um impacto diferente. Nós temos publicado alguns temas, nos últimos tempos, dedicados ao tema Ásia. Saíram livros sobre design de interiores, chamados “Living in China”, “Living in Japan”, e temos outros títulos que têm saído recentemente sobre esta área. É evidente que para expandirmos as vendas temos que ter mais produtos dedicados a esta zona. Essa é também uma das preocupações, neste momento, estabelecer contactos com as personalidades culturalmente relevantes na área da arte e do design. Temos estado em contacto com editores chineses e estamos a desenvolver um trabalho dedicado à fotografia na China que vai abranger cinquenta anos de fotografia. É uma obra de certo fôlego que demorou algum tempo a desenvolver mas que vai estar concluída dentro de cerca de um ano. Por isso, por um lado, queremos abranger os temas locais e levar estes temas para o outro lado do mundo.

Conta jogar com esse interesse...
Exactamente. Sabe que a filosofia da Taschen é muito simples. Não publicamos livros que tenham apenas um mercado limitado a uma área. Somos tradicionalmente uma empresa alemã mas não fazemos livros só para a Alemanha. Fazemos livros que tenham um mercado mundial. Esse é o nosso objectivo. É por isso que conseguimos fazer os preços que fazemos. Nós não fazemos livros especiais para um mercado. Tentamos abranger temas que tenham um impacto e que possam ser vendidos a nível mundial.

Como é que se determina esse mercado mundial? Pergunto porque haverá não um mas vários mercados...
Sim, há vários mercados, mas não há uma fórmula, não há uma receita. Há uma questão de sentimento. É preciso que se saiba que a empresa Taschen é dominada pelo Benedikt Taschen. É o editor e o dono da empresa. Todos os produtos que nós fazemos passam, de uma forma ou de outra, por ele. Por isso é que o nosso programa tem uma certa coerência. Nós temos editores a trabalhar em todas as partes do mundo mas ele é o pólo que dá unidade ao programa. E muito do trabalho que ele faz é precisamente decidir, a partir de um feeling dele, sobre o que é interessante para o público, em todos os países. É evidente que há livros que vendem mais aqui do que ali. No essencial, não produzimos um livro que só vai ter um mercado na China ou na América.

Diz que os livros são baratos mas quem observe o vosso catálogo conclui que se dirige a uma faixa de mercado com um certo poder de compra.
É uma questão interessante porque a Taschen sempre esteve associada a preços muito acessíveis. É assim na Europa e na América. Essa filosofia mantemo-la até hoje. Apesar de termos livros que podem custar mil euros, ou mil dólares, gostamos de pensar, e o nosso público assim o confirma, que quando uma pessoa compra um livro da Taschen que custa mil euros continua a pensar que é uma boa compra. Quando compramos um livro de mil dólares pensamos que tem um valor de dois mil.

Como uma obra de arte...
Exactamente, e essa filosofia mantemo-la desde os livros que custam dez dólares até aos que custam mil. Mas é verdade que nos últimos anos, sobretudo a partir de 1999 quando publicámos aquele livro do Helmut Newton que foi, na altura o maior livro do mundo, descobrimos que há também mercado para estas edições de alta qualidade.

Para coleccionadores...
Sim. Repare, quem comprou um Helmut Newton, em 1999, pagou cerca de mil dólares. Hoje se quiser comprar um Helmut Newton na e-bay não paga menos de doze mil. Há um valor adicionado a estas edições.

Não é uma estratégia de risco? Pode acontecer que o mercado de arte, como já aconteceu no início dos anos noventa, entre em crise com reflexos depois neste tipo de estratégia.
Mas, repare, é evidente que o risco é a nossa profissão. Cada livro que publico é um risco. Lançámos agora um livro que são dois volumes sobre a arquitectura moderna. Esse livro demorou quase cinco anos a desenvolver e foi um investimento de vários milhões de dólares. É um risco associado ao nosso negócio. Esse é um aspecto que nos distingue de outros editores. É evidente que somos uma empresa comercial e que estamos condenados a trabalhar e a fazer lucro. Mas como é uma empresa que, em termos de titularidade, pertence a um homem não há que haver grandes negociações em termos de análise de risco. Se tem a ideia de que é um projecto que se pode fazer, ele põe aí o seu dinheiro, com evidentes riscos. Depois cabe-me a mim fazer com que esse livro encontre o público de forma a compensar esse investimento.

Como é que se encontra esse público?
Repare, a Taschen é uma empresa com 27 anos. Temos um nome, uma rede de clientes que nos suportam e acreditam em nós. Não temos que ir à procura do mercado. Quando se fazem coisas novas tem que se procurar esse mercado. Às vezes não se encontra.

Mas imagino que um livro daquele valor não esteja exposto numa pequena livraria. Vão às galerias de arte?
Sim, vamos às galerias de arte, os livros de arquitectura têm que estar nas escolas e nas universidades, têm que ter uma boa publicidade nos media e nas revistas que têm influência na arquitectura. Nós próprios temos intervenções em termos de marketing e temos uma rede mundial de distribuidores que nos conhecem e que acreditam que esse livro tem um valor.
Nesta área não há o problema de encontrar mercado. É sempre um risco grande porque o livro é caro, são dois volumes com cerca de mil páginas muito bem encadernados, mas estamos sempre muito confiantes.

Começou também a publicar a revista “Manifesto” da [Mostra de Arte Contemporânea de Kassel] Documenta.
A Documenta aproximou-se de nós. Este ano queriam uma distribuição mundial da revista, coisa que o editor alemão não lhes proporcionava. Propuseram-nos a edição em exclusivo de todas as publicações da Documenta, que terminou agora. Foi um grande sucesso para nós. Propusemos colocar a revista em todos os museus que tenham um público para este tipo de publicação e conseguimos fazê-lo em locais onde nunca tinha estado à venda.

Admite fazer essa experiência com outras organizações ligadas à arte?
Nós temos uma tradição de colaborar nessas áreas. Mas, na verdade, livros da Taschen têm que ter as características da Taschen e nem sempre é possível fazer isso com todos estes tipos de organizações. Mas temos algumas experiências. Se alguém vier ter connosco e disser ‘quero que ponham o nome Taschen na capa’, isso nós não fazemos. Temos que ter outra influência no produto e no preço, e tudo isso.

Em Macau, alguma coisa o inspirou?
Por enquanto não, mas observamos o desenvolvimento de Macau com muita curiosidade porque nos últimos anos tem acontecido aqui muita coisa. Não só nos casinos, que são a parte mais visível, mas quem vem aqui como turista, como eu, em termos do movimento, do número de pessoas que se vê na rua, do tipo de lojas, Macau tornou-se muito mais cosmopolita do que era no passado. Não sei se para as pessoas que vivem aqui isso é uma vantagem ou uma desvantagem (risos), mas para uma pessoa que vem do exterior vê-se que aconteceu muita coisa. Provavelmente nos próximos anos vai tornar-se num centro interessante para criar aqui uma empresa.

Consome os livros da Taschen?
Mas claro! Já o fazia antes de ir para a Taschen e continuo a consumir.

O que é para si um bom livro da Taschen?
Boa pergunta! Como consumidor tenho as minhas preferências. Interesso-me muito por fotografia, interesso-me por arte. Um bom livro da Taschen é um livro que tenha uma boa relação preço/qualidade e isso significa que tem um bom texto e fotografias de muita qualidade. Quando me quero informar sobre um artista como Rothko ou Basquiat, eu sei que mesmo naquela série básica de dez euros tenho uma visão desse artista que, a este preço, não encontro em nenhuma editora. É por isso que eu compro esses livros.

Como é que se consegue vender livros assim, como diz, baratos?
Cada vez é mais difícil. Os custos de impressão subiram muito, todos querem direitos de autor, ficaram mais caros. A nossa vantagem é que produzimos estes livros, mais baratos, os publicamos em geral, em doze línguas, e os mais populares em 25 ou 26 línguas. E essa estratégia permite-nos amortizar os custos ao longo tempo.
POR CARLOS PICASSINOS • HOJE MACAU • 6 NOV 2007

In segments

Jim Jarmusch, for many and different reasons, is one of my favorite guys, I mean, on the movie business. That is the same to say that he is the best of the gang. Life and cinema is quite the same, one resembles the other. It's quite the only religion where you can see God for real. Yeah, in front of you just talking with himself, and if you got the luck he can just be there by your side, telling some jokes. Well. Religion should be not more than a fun thing to do.
One of the best examples of Jarmusch masterpieces is Coffee and Cigarettes. The film is composed of a comic series of short vignettes shot in black and white built on one another to create a cumulative effect, as the characters discuss things as diverse as caffeine popsicles, Paris in the 1920s and the use of nicotine as an insecticide — all the while sitting around drinking coffee and smoking cigarettes. As the film delves into the normal pace of our world from an extraordinary angle, it attempts to demonstrate how absorbing the obsessions, joys, and addictions of life can be, if truly observed.
In this scene, from "Somewhere in California", musicians Iggy Pop and Tom Waits (played by themselves) smoke cigarettes to celebrate that they quit smoking, drink some coffee and have an awkward conversation. Is just the best thing you have to do right now. Follow this way.

Derivado do vento

Desde há muito que o Ocidente dá como adquirido que a sua concepção do sexo e da sexualidade é, essencialmente, partilhada pelo resto do mundo. Contudo, nesta obra William Naphy mostra-nos que nem sempre assim foi. Muitas culturas antigas aceitavam, encorajavam até, as relações entre pessoas do mesmo sexo, fosse como ritual de entrada na adolescência ou com funções associadas ao culto, e só a ascensão do judeo-cristianismo obrigou à marginalização da homossexualidade.
Numa análise que se inicia ainda antes de Sodoma e Gomorra e que abarca culturas de todo o mundo, o autor apresenta-nos a forma como, ao longo dos tempos, a homossexualidade era encarada por diferentes povos e culturas.

Qualquer história da homossexualidade deve começar por lidar com dois problemas conexos, mas bastante distintos, relativos à sexualidade em geral. O primeiro é a questão da «natureza vs. cultura». Basicamente, o que se questiona é se a preferência pelo sexo oposto ou pelo mesmo sexo resulta uma predisposição genética ou da educação. Seria tentador e demasiado fácil responder que resulta de uma combinação de amabas e depois seguir em frente. Isso seria no entanto demasiado simplista e estaríamos a ignorar as verdadeiras questões levantadas (e pressupostas) por este debate.
Mesmo que se defendesse que a «natureza» (i.e. genética) é o factor principal da atracção sexual, isso não significa que o indivíduo vá forçosamente actuar movido pelos seus «impulsos genéticos». Isto é, um indvíduo pode ser geneticamente propenso à atracção por pessoas do mesmo sexo mas reprimir esses desejos, casar, ter filhos e nunca ter relações com uma pessoa do mesmo sexo. Nestes casos, a cultura, a religião, as leis e os valores de cada um podem servir para travar os ditos impulsos.
[DO PRÓLOGO]
William Naphy é professor e director no colégio de Teologia, História e Filosofia da Universidade de Aberdeen.

Born To Be Gay, História da Homossexualidade, de William Naphy

EDIÇÕES 70 • FEVEREIRO DE 2006

Enquanto o corpo arde

Neste seu breve e fascinante livro, Don DeLillo habita o universo mudo de Lauren Hartke, uma artista cujo trabalho desafia os limites do corpo. Lauren vive numa encosta isolada, numa casa tortuosa, onde se cruza com um homem estranho, sem idade, um homem com um misterioso conhecimento sobre a sua vida. Disse o Seattle Times a propósito desta última obra de DeLillo que «as obras-primas ensinam-nos a lê-las». "O Corpo Enquanto Arte" é um romance que nos persegue, belo e profundamente comovente, de um dos melhores escritores do nosso tempo. Este é o décimo segundo livro de Don DeLillo. As suas obras de ficção já ganharam numerosos prémios nos Estados Unidos e no estrangeiro, nomeadamente o National Book Award, o Jerusalem Prize pelo conjunto da obra e a Medalha Howells da American Academy of Arts and Letters pelo seu livro anterior, Underworld.

Donald (Don) DeLillo (1936) possui uma das vozes mais singulares da literatura mundial, reflectindo nos seus livros (alguns deles verdadeiras crónicas sobre os EUA) um apurado sentido crítico em relação ao "american way of life". Em Portugal estão traduzidos seis romances - "Libra", "Ruído Branco", "Mao II", "Os Nomes", "O Corpo Enquanto Arte" e "Cosmopólis", lançados sob a chancela da Relógio D'Água - e uma peça de teatro, "Valparaíso", encenada em 2002 por Nuno Cardoso. O generoso número de traduções não corresponde, porém, à aproximação dos leitores portugueses. No nosso país, DeLillo permanece ainda num lugar semiobscuro.

O Corpo Enquanto Arte, de Don DeLillo • RELÓGIO D'ÁGUA • DISPONÍVEL NA BLOOM

All the magic of a Christmas tree....in a box!

A tall tree you can assemble yourself, without any effort and without electricity! In a snap, using this all-inclusive kit, anyone can create a beautiful and festive celebration, all out of paper. It’s perfect for anywhere and a fun way for anyone to ignite the holiday spirit. Besides the tree, the box includes an 80-page, full-color Christmasmania! book!
You still need to decorate your tree...all the fun and no worries about space and wires, with this amazing box brought to you by Sterling Publishing! Ideal for those away from home during this Christmas!


Would you like to order one? Do it here, while there is still time to celebrate the season!
Bloom is starting the Christmas season! Stay tuned!

Uma leitura, hoje à noite, em Lisboa


Sentido de pedra

Na noite de 12 para 13 de Agosto de 1961, numa operação surpresa que deixaria os governos ocidentais estupefactos, a República Democrática da Alemanha construiu à pressa uma vedação de arame farpado, dividindo a cidade de Berlim em dois.
Da vedação ao cimento armado, familiares e amigos foram dramaticamente separados, milhões de habitantes da Alemanha de Leste ficaram retidos, a Alemanha Ocidental ficou completamente cercada no sector soviético.
Quem hoje se deslocar à cidade de Berlim, terá dificuldade em reconhecer os locais outrora atravessados pelo Muro. A geração que nasceu em 1989 estará prestes a iniciar a universidade ou a vida de trabalho, sem vestígios daquele que foi em tempos (recentes) um dos edifícios mais marcantes para a história política do Ocidente. Excepção feita a esta geração, julgamos que a história do Muro é bem conhecida, à custa de muitos artigos de jornal e da televisão. Mas, conforme demonstra a investigação de Frederick Taylor, a história do Muro segue percursos sinuosos e inesperados, e esconde segredos, muitos dos quais só agora revelados, outros já esquecidos mas a precisar de reabilitação.

Sendo fruto das enormes tensões entre os Aliados e a União Soviética e simbolizando plenamente os perigos e os absurdos que a humanidade viveu ao longo de décadas, a história da Muro é, na verdade, a história da Guerra Fria e de uma crise potencialmente catastrófica entre o Leste e o Ocidente - pela primeira vez, o mundo enfrentava a ameaça de um apocalipse nuclear iminente, medo que só desapareceria na histórica noite de 9 de Novembro de 1989.
Esta história é agora apresentada à luz de uma investigação sem igual. Uma escrita clara, fluida, que equilibra os dados científicos com uma análise inteligente e muitas vezes humorística da face irónica dos acontecimentos.

O Muro de Berlim, de Frederick Taylor
EDIÇÕES TINTA DA CHINA • 2007 • EM BREVE DISPONÍVEL NA BLOOM

Paparoca dos Castelos

Explorando o rico filão das memórias de Antonin Carême, Ian Kelly descreve a meteórica ascensão deste órfão da Revolução Francesa a celebridade internacional e, ao fazê-lo, oferece-nos uma espectacular perspectiva de um dos mais momentosos períodos da história europeia... observada da cozinha.
Carême tinha uma habilidade infalível para cozinhar para as pessoas certas no lugar certo e na altura certa. Sabia quais eram os pratos preferidos de Jorge IV, dos Rothschil e dos Romanov; conhecia as exigências de Napoleão e sabia como conquistar o favor do «príncipe de Gales».
Ao mesmo tempo, as suas receitas — hoje clássicos da cozinha francesa — trazem até nós, bem vivos, os sabores e os cheiros do início do século XIX.
Esta biografia tornou-se um best seller, de tal forma que a fama alcançada pelo seu autor, levou-o a apresentar programas sobre gastronomia, na BBC

O que dizem os mestres: "Um cozinheiro não alimenta só o corpo também transmite emoções e alimenta o imaginário. Neste livro, pode ver-se como Carême transformou a mesa num altar de prazeres pantagruélicos a que nenhum mortal ficava insensível. Elevou a cozinha pelo estudo que dela fez e pelo legado que transmitiu a um estado de uma Arte maior. Para os dias de hoje, fica a mensagem da importância de aliar o que servimos ao modo como servimos." [Chefe Hélio Loureiro]

O Cozinheiro dos Reis, A Vida de Antonin Carême, de Ian Kelly • ALETHEIA • 2007

Não houve modificações

K: Nunca se tentou suicidar?
.Tive dois ameaçozitos. De um ameaço salvou-me o Cesariny e o Carlos. De repente estive para me mandar para dentro de água…
.
K: Chegou a atirar-se?
Não, eles seguraram-me a tempo. E tive outro caso, mas estava bastante embriagado. Tinha uma vida muito difícil. Hoje não me admiro nada, tenho uma grande resistência. Agora é que eu me sinto muito enfraquecido, ando à procura de quarto e vêem um tipo com uma botija de oxigénio, já assim velhadas, e depois pensam que vou morrer lá para casa. Eu queria ver se entrava para um asilo, um lar, antecâmara da morte. Fomos ver um mas são caríssimos e tratam mal as pessoas. Eu até disse ao Paulo para vos convencer a não vir cá porque estou diminuído com esta história do quarto. Estaria muito mais bem disposto se já tivesse alugado o quarto hoje de manhã. Olha, não viessem.
[LUIZ PACHECO ENTREVISTADO NA REVISTA K EM JULHO DE 1992]

Miúdas, livros e mai' nada!

Hoje, na Bloom, foi o dia de Luiz Pacheco. Isto porque os seus livros, levados por diferentes mãos, desapareceram quase todos. O que é bom. Mas, por outro lado, já sentimos a falta do conforto maldito das palavras que fazem da escrita de Luiz Pacheco um caso único em Portugal. Para que se saiba, Luiz Pacheco ainda está vivo. Aos 82 anos abandonou o lar onde vivia e está agora com um dos seus - muitos! - filhos, o Paulo Pacheco. E por ser o seu dia, deixamos aqui uma das suas últimas entrevistas concedidas ao jornal Correio da Manhã.

[PRIMEIRA PARTE]
Os óculos pesam nos olhos que cegaram. À cabeceira, o jornal ‘Avante’ e um livro de José Gomes Ferreira não são bibelôs, mas companhias. Luiz Pacheco, criatura de inteligência rigorosa, de lucidez sobrenatural, um livre pensador que disse e diz coisas que não são fáceis de serem ditas, está preso a um cadeirão, tem o robe vestido, o aquecedor ligado e uma manta para o frio não lhe magoar o esqueleto. Nasceu em Lisboa, na Rua da Estefânea, a 7 de Maio de 1925, pai de oito filhos – frutos de muitos amores, na vida escolhida, que foi dura por prazer, só fez o que bem entendeu.

O Estado Novo prendeu-o por politiquices e por ter amado menores. Frequentou o curso de Filologia Românica na Faculdade de Letras e a meio mandou o curso dar uma curva ao bilhar russo. Entretanto, a Inspecção de Espectáculos admitiu-o como agente fiscal, mas sedentarismo não combinava com o seu feitio. Preferiu a situação que considera invejável: desempregado. Depois, funda a editora Contraponto onde a corrente surrealista viu muitos dos seus autores publicados. Crítico literário e cultural, tradutor, colaborou em diversos jornais e revistas, ‘O Globo’, ‘Afinidades’, ‘Seara Nova’, ‘Diário Popular’. A sua escrita caracterizada de irreverência e de poesia esbofeteou a torpeza intelectual e desafiou o lápis azul da censura salazarista. Luiz Pacheco, que, em tempos, se fez sócio do Benfica para ir aos bailes e do Sporting para ir à natação, já não dança e não aprendeu a nadar. Apesar de ter andado perto do fundo, acaba por vir sempre à tona e ao seu ritmo.

Tinha dito que não saía do lar do Príncipe Real. Afinal, enganou-se. Vive com o seu filho.
Um gajo também se engana! A vida nos lares é uma espécie de regimento. Horários. E mais horários. E eu estive em três. O pior era a convivência com os moribundos e as moribundas. Deprimente. Os tipos iam buscar os velhos às camas e espetavam com eles num buraco a que chamavam sala do convívio. Qual convívio? Convívio nenhum! Velhotes com os olhos fechados e outros que estavam nas últimas. Ah... e havia um animador que se punha a contar de um até ao número dez. Quando a gente pensava que o tipo ia fechar a goela, desatava a dizer a numeração em forma decrescente. Ele fazia coisas incríveis! Mandava pôr a mão para cima, para trás, para os lados. Eu sei lá. O último lar era muito mau. Tinha lá uma mulata que era cleptomaníaca. Roubou uma velha muito afanada e eu também fui roubado.

O Luiz é que não está nada afanado...

Eu não estou afanado? A miúda deve estar a brincar! Eu não estou nada bem. Tenho muitas doenças, talvez umas vinte e três. Agora tenho uma merda chamada incontinência. Para um gajo é muito mau andar de fraldas. Mas a vista é a pior das mazelas.

Se fosse menos teimoso já tinha sido operado.
Não conte com isso! Tenho medo. E não é da anestesia. Medo das consequências. A merda da operação pode provocar um acidente cardiovascular e já viu o que era? Dizem que é coisa muito simples, mas isso são conversas. Nessa eu não caio!

Voltar a ler não é um estímulo?
Oh miúda, eu já li muito. Nem queira saber o que eu já li. Agora é a minha filha que me lê os artigos de jornais e algum livro que eu queira ler. Ocupo o raio do tempo a ver a RTP Memória. Estou a ver coisas que nunca tinha visto. Como por exemplo, o Júlio Isidro, o Zip-Zip. Gosto de ver velhadas. Entretenho-me com o humor fabuloso do Vasco Santana, do António Silva. O Solnado é uma merda. Uma invenção. Um disparate. O Herman José é diferente. Basta ser de origem alemã para saber o que está a fazer .

O melhor aluno do Liceu Camões gosta de velhadas...
Não me faça rir. Mas fui o melhor daquela malta toda. Entrei em 1936 e fiquei lá oito anos. Sentava-me sempre na carteira da frente, porque os meus olhos já eram dois sacanas. O avô desse tipo chamado Eduardo Prado Coelho foi meu professor. Nós cagávamo-nos no gajo.

Quem eram os seus colegas?
Lembro-me do José Manuel Serra, que foi director do Teatro Nacional de São Carlos, Lobo Saias, que chegou a ministro, e outros.

Os liceus não eram mistos, portanto, miúdas não eram peras doces...
Imagine que nem podíamos chegar ao pé de uma escola feminina. Quando chegou a altura da universidade, o convívio não foi fácil. Não estávamos habituados. Pedir um lápis emprestado era cá uma trabalheira. Só para não haver contacto, deixávamos cair o raio do lápis ao chão.

Entretanto, os contactos melhoram... esteve preso no Limoeiro devido a aventuras amorosas.
Prenderam-me por razões políticas e por ter desflorado umas garotas que eram menores. Mas atenção: eu também era menor! Uma ocasião foram duas irmãs ao mesmo tempo. Foi cá uma chatice... Antigamente, rapazes e raparigas faziam o que hoje fazem, mas com a diferença: não tinham o à-vontade que existe hoje. A pílula foi a estrondosa revolução. Ouvir dizer que, até, os homens já podem tomar essa m. Eu nunca tomei. E sou contra o aborto. Hoje em dia as garotas têm muitas facilidades...!

Um rol de contraceptivos e a pílula do dia seguinte
O que é isso? O comprimido do dia a seguir à cegada?

Sim. É contra o aborto e a favor da despenalização?
É claro! Prender moças é um autêntico disparate. Mas há malta que diz que aborta porque rejeita ter filhos indesejados. Ouça cá uma coisa: uma rapariga que se deita com um rapaz sabe do risco. E há outra malta que diz que não consegue criar filhos. Mentira. É só conversa. Eu sem cheta, desempregado, tenho oito filhos. Uma vez, fui deixar um filho à Casa Pia. Se os ‘gansos’ eram bem tratados? Coitados. Aquilo era uma miséria.

Voltando à prisão. Como era no Limoeiro?
Uma prisão para os gajos que esperavam julgamento. Havia batota que não era a feijões, mas a dinheiro. Estava lá um enfermeiro tarado que vendia penicilina misturada com água. O refeitório era umas mesas corridas e havia um tipo que distribuía a comida. Os acordos davam direito ao prato ficar mais cheio. Naquela merda havia estratos sociais. A Sala dos Menores, a Sala dos Primários, para os estreantes, a Sala Comum, que era para a maralha, e a Sala dos Bacanos, onde estavam aqueles que tinham conhecimentos fora da prisão. Como eu. Da segunda vez que estive dentro, o Artur Ramos telefonou ao pai, que era director-geral da Penitenciária e pôs-me cá fora. [...]
[A 'MIÚDA' QUE ENTREVISTOU LUIZ PACHECO CHAMA-SE MIRIAM ASSOR e creio que confundiu afanar com anafar, mas isso é lá com ela...]

E muito obrigado a quem passou hoje pela Bloom, são eles que fazem com que nós continuemos a caminhar. A subir ao lugar onde está a luz e se pode respirar.

Ser ou não ser Benfiquista, eis a questão

«No Benfica é tudo em grande. E que alguns de nós tenham que crescer, imediatamente após nascerem todos igualmente benfiquistas, é como se de uma regressão civilizacional se tratasse. Isso mesmo: uma regressão. Como se crescer fosse exactamente aquilo que nos faz pequenos. Entretanto, que viva o Benfica. Alegria, alegria»

A teoria de Joel Neto é clara: se é certo que a maioria grita pelas cores encarnadas nos primeiros anos de vida, com o passar da idade, a evolução para os tons verdes é natural e progressiva. Em Todos Nascemos Benfiquistas (Mas Depois Alguns Crescem), Joel Neto reúne um conjunto de crónicas onde se debruça, com caneta afiada, sobre o futebol. É preciso dizer que o autor não é um cronista desportivo na verdadeira definição do termo. Então, mas afinal, porque escreve sobre futebol? Porque futebol é os protagonistas, os mister, os lances falhados, as substituições mal planeadas, as chuteiras, os estádios semicheios ou semivazios, os clubes e os apitos, as disputas e questiúnculas. Mas, Joel Neto vai para além deste mundo futebolístico, porque este jogo de bola é também e principalmente amor e ódio, drama e comédia. Que merece lágrimas e gargalhadas. Palmas e assobios. Diga-se em prol da verdade que o autor é um adepto convicto do Sporting.

«Se não houvesse Benfica, tudo era mais fácil. Éramos o nosso próprio termo de comparação, a medida da nossa glória intrínseca. Assim, não. Hoje, Sporting contra Benfica é o confronto de humildes derrotados contra vencedores implacáveis (…). Benfica contra Sporting, pelo contrário, é o mundo inteiro contra um cantinho de Portugal.»


Todos Nascemos Benfiquistas, de Joel Neto ESFERA DOS LIVROS • 2007

Blue skies

YELLOW NUMBER FIVE by RING JOID • MIXED TECHNIC • NO OIL, NO CANVAS
{Can you see the number 5? Look deeply!}

Bolinho chinês

O desafio é este:
1. Pegue no livro mais próximo, com mais de 161 páginas – implica aleatoriedade, não tente escolher o livro;
2. Abra o livro na página 161;
3. Na referida página procurar a 5.ª frase completa;
4. Transcreva na íntegra para o seu blogue a frase encontrada;
5. Aumentar, de forma exponencial, a improdutividade, fazendo passar o desafio a mais 5 bloggers à escolha.

Aqui vai, a 5.ª frase completa do livro Um Bom Homem É Difícil de Encontrar, de Flannery O' Connor, estava esquecido aqui na mesa ao lado:

Reconheceu-o, porque tinha andado a fugir-lhe durante todos os seus dias.

Christopher Hitchens reviews 'On Chesil Beach'

From the pages of The Atlantic
Think of England Ian McEwan’s new novella evokes his homeland’s natural beauty and the straitened sexual manners of the early 1960s.

A recent article in the London Sunday Times made the matter-of-fact statement that Ian McEwan had emerged in Britain as “our national writer.” I at once understood the justice of this opinion, but without at first being able to say what commanded my assent. A reading of McEwan’s latest novella allows one to be fractionally less vague. The “national” character of this literary fragment is to be found in its simultaneous evocations of time and place, which allow the reader—at any rate the reader of a certain age who is of English provenance—to locate himself with satisfaction in an identifiable geography at a given date.
But it’s not absolutely necessary to enjoy this shared relationship with either the story or the setting, for the subject is universal. It is sex—or, to be more precise, sex and the loss of innocence.
It’s perhaps more than a pleasing coincidence that the era is so well matched to the words of a famous poem by Philip Larkin, who for different reasons is now widely, if uneasily, accepted as contemporary England’s national poet. His “Annus Mirabilis” opens like this:

Sexual intercourse began
In nineteen sixty-three
(Which was rather late for me)—
Between the end of the Chatterley ban
And the Beatles’ first LP.
Continue reading From the pages of The Atlantic: Christopher Hitchens reviews On Chesil Beach...

Two fresh arrivals at Bloom

This dazzling sequel to Hollywood at Home takes readers on an international tour of the most spectacular homes that have graced the pages of Architectural Digest, the world’s leading design publication since Paige Rense became editor in chief in 1970.
Featuring thirty homes, Private Views collects in one volume the best in interior design and architecture as determined by Paige Rense and her editors. Readers will learn the virtues of island living through David Bowie and Iman’s idyllic Caribbean retreat; take in the breathtaking views from Giorgio Armani’s cliffside villa; wander the rooms and sprawling grounds of the Duke and Duchess of Northumberland’s castle; and tour Catherine the Great’s Chinese-inspired jewel box of a house, among many others.
Paige Rense joined Architectural Digest in 1970 and shortly thereafter was named editor in chief. Under her direction, the Los Angeles–based magazine has become the world’s leading design publication. She is the editor of Abrams’ Hollywood at Home and author of nine books on interior style and design.

Private Views: Inside the World's Greatest Homes, by Paige Rense
ARCHITECTURAL DIGEST HARRY N. ABRAMS • HARDCOVER • 224 PAGES • OCT 2007


Very small buildings have a special appeal. The constraints of space and cost can actually liberate the imagination. Most of the projects in this book consist of no more than a few key spaces, in many cases just a single space. They are united only by their compact nature, the pleasure that they can provide and the intelligence that they embody. A brief introduction is followed by five thematic chapters: Public Realm, Community Spaces, On the Move, Compact Living and Extra Space. The 53 case studies include a park bench that transforms into a shelter for the homeless in Australia, an inflatable treetop structure for rainforest observation, a portable house for victims of hurricane Katrina, a transportable church in Finland and a suspended office in France.
Ruth Slavid is Special Projects Editor for the Architects Journal.

Micro - Very Small Buildings
, by Ruth Slavid

LAURENCE KING PUBLISHING • HARDBACK • 224 PAGES • SET 2007



Copyright 2006| Templates by GeckoandFly modified and converted to Blogger XNL by Blogcrowds and tuned by Bloom * Creative Network.
No part of the content of the blog may be reproduced without notice and the mention of its source and the associated link. Thank you.