Up and away!

Alguns dos elementos da BLOOM vão de férias. Continuamos com o nosso espaço aberto, no Largo do Pagode do Bazar, das 14 às 22. A todos os que visitaram este BLOG o nosso obrigado. Colocámos aqui um contador há uma semana e neste período de tempo chegámos aos 1000 visitantes. THANKS!!

"Trying to look good limits my life"

Stefan Sagmeister is one of the designers that Bloom most admires.

He received his MFA in graphic design from the University of Applied Arts in Vienna as a Fulbright Scholar, and a master's degree from Pratt Institute in New York.

Stefan is the founder of the New York based Sagmeister Inc. Since 1993, he has designed branding, graphics and packaging for clients as diverse as the Rolling Stones, HBO, the Guggenheim Museum and Time Warner. He is a five time Grammy nominee and actually won a Grammy for the Talking Heads boxed set. Stefan has won practically every important international design award.

In 2001 a best selling monograph about his work Sagmeister, Made you Look was published by Booth-Clibborn editions. Solo shows on Sagmeister Inc's work have been mounted in Zurich, Vienna, New York, Berlin, Tokyo, Osaka, Prague, Cologne and Seoul. He teaches in the graduate department of the School of Visual Art in New York and has been appointed as the Frank Stanton Chair at The Cooper Union School of Art, New York. Stefan lectures regularly all over the world.

HERE, with his wise words, you can get a glimpse of his great work and see how is doing it.
[YOU HAVE TO BE PATIENT AND WAIT FOR THE VIDEO TO LOAD]

Check also this lecture:How Good is Good? - and come again when you're done.
You are always welcome at BLOOM!

Sem discussão

“O Livro do Desassossego é para nós, hoje, um manual de sobrevivência. (...) É um livro de sonhos e, completamente, uma apologia do sonhador. Em toda a sua grande diversidade e fragmentação existe, ainda assim, um refrão constante: mais vale viver na imaginação do que no mundo real. O génio do Livro reside, em parte, no que tem de fragmentário, de hesitante e de (recorrendo agora ao léxico de Pessoa) ‘intervalar’. É um livro que não o é, e, como tal, reflecte perfeitamente a alma de quem o escreveu. Pessoa, um pós-modernista ‘avant la lettre’, deixou-nos o livro, ou anti-livro, mais emblemático do final deste século”. As palavras são de Richard Zenith, investigador pessoano responsável pela organização da mais completa edição do Livro do Desassossego, na qual se apresentam algumas alterações textuais e o preenchimento de várias lacunas, que não tinham sido lidas até à data.

Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie - nem sequer mental ou de sonho -, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida.Como todos os grandes apaixonados, gosto da delícia da perda de mim, em que o gozo da entrega se sofre inteiramente. E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas, criança menina ao colo delas. São frases sem sentido, decorrendo mórbidas, numa fluidez de água sentida, esquecer-se de ribeiro em que as ondas se misturam e indefinem, tornando-se sempre outras, sucedendo a si mesmas. Assim as ideias, as imagens, trémulas de expressão, passam por mim em cortejos sonoros de sedas esbatidas, onde um luar de ideia bruxuleia, malhado e confuso.Não choro por nada que a vida traga ou leve. Há porém páginas de prosa que me têm feito chorar.
Lembro-me, como do que estou vendo, da noite em que, ainda criança, li pela primeira vez numa selecta o passo célebre de Vieira sobre o rei Salomão. «Fabricou Salomão um palácio...» E fui lendo, até ao fim, trémulo, confuso: depois rompi em lágrimas, felizes, como nenhuma felicidade real me fará chorar, como nenhuma tristeza da vida me fará imitar. Aquele movimento hierático da nossa clara língua majestosa, aquele exprimir das ideias nas palavras inevitáveis, correr de água porque há declive, aquele assombro vocálico em que os sons são cores ideais - tudo isso me toldou de instinto como uma grande emoção política. E, disse, chorei: hoje, relembrando, ainda choro. Não é - não - a saudade da infância de que não tenho saudades: é a saudade da emoção daquele momento, a mágoa de não poder já ler pela primeira vez aquela grande certeza sinfónica.Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico.Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-ma do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.
"Livro do Desassossego" por Bernardo Soares • Fernando Pessoa.
Editora: Assírio & Alvim • ISBN: 9789723704761 • Ano de Edição: 1998

Com tradução do mesmo Richard Zenith pode encontrar também na Bloom "The Book of Disquiet", a edição inglesa da Penguin, com uma fotografia belíssima na capa de Gérard Castello Lopes.

Como se Borges se pudesse reescrever

AS RUAS

As ruas de bom ar
viajam comigo
na minha entranha.
Sou tudo o que nelas existe
os passos, os instantes.
Sou a rua a existir nela.
Alguma coisa que já foi.
Que está a ser,
sempre.
A ilusão.
Sou o nevoeiro de uma distância que nunca morre
nas ruas nervosas e sôfregas
que circulam no meu recôndito desejo
em vidas inebriadas de história.
As ruas,
são para a solidão uma promessa
de milhares de almas que não são vistas
numa ilusão de céu e planície.
O bairro,
monótono e invisivel
de tão habitual,
está dentro de mim.
Estão dentro de mim
o invisível e o hábito.
E o Este?
Um deus de tempo decerto precisoso,
uma promessa de pátria
povoada de estandartes.
E este que eu sou,
dentro,
na rua,
um quê dentro de mim,
não é Buenos Aires,
é o Mundo.
E tudo o que eu sou,
no verso,
é o meu hábito invisível.
A minha versão d' "As ruas" de J.L.B.- publicado anteriormente AQUI.
do original:
AS CALLES

«Las calles de Buenos Aires
ya son mi entraña.
No las
ávidas calles,
incómodas de turba y de ajetreo,
sino las calles
desganadas del barrio,
casi invisibles de habituales,
enternecidas de
penumbra y de ocaso
y aquellas más afuera
ajenas de árboles piadosos
donde austeras casitas apenas se aventuran
abrumadas por inmortales
distancias,
a perderse en la honda visión
de cielo y de llanura.
Son
para el solitario una promesa
porque millares de almas singulares las
pueblan
únicas ante Dios y en el tiempo
sin duda preciosas.
Hacia el
Oeste, el Norte y el Sur
se han desplegado – y son también la patria – las
calles:
ojalá en los versos que trazo
estén esas banderas.»
J.L.B.
em "Fervor de Buenos Aires" / 1923

A "Gift" to all

An example of perseverance and confidence. Nuno, Sónia, Miguel and John are the fabulous four that together brought The Gift to life.
What started as a small side project in 1994, in the small, but great city of Alcobaça, Portugal, when most of them were still teenagers, with the intention of experimenting new sounds, gained a path of its own, and is now their main, huge life project.
The first time I saw The Gift in concert was in the tiny, intimate Bar “Labirintho”, Porto, late 1996. They were not famous yet, even though they were being spoken of, in the backstage of music world. I was fascinated with their music, and having known them for so long, made it even more thrilling! Some of their influences were Portishead, Divine Comedy, Jay Jay Johanson and many more.
By that time, they had in hand their first never sold in music stores album, Digital Atmosphere, and the sound of the synthesizers together with Sonia’s strong voice was definitely a perfect match.
Who would say that not a single editor in Portugal agreed to sponsor their project, so they decided they had the grounds to keep the project alive, and so started to edit their own albums in their home studio. Giving up? NO WAY!!!
Their first distributed album - Vinyl (end of 1998) became a huge success, and combined the potentials of new technologies (samplers and synthesisers) with classical instruments (violins, cello, trumpet, saxophone…). The new concept of it was shaking everyone, and those Labels that ignored them before started to be interested in them. Well… so much for interest… now The Gift were the ones ignoring those Labels. They bravely decided that they would do it all themselves and commited to their project. All this and no deadlines, no pressures and all the freedom for not having any editors.
They were invited to share the stage with famous singers and bands and soon after they started “Vinyl Tour" abroad (when I say abroad, I mean every continent!!).
From then on, they were famous and still are. They won the MTV Europe Award for Best Portuguese Act in 2005. They have now loads of side projects with other singers and bands everywhere!


And in what matters to us here in Macau, @ BLOOM, The Gift have been present and supported our project since our day 1. A big THANKS to The Gift!
I should also ask when are you planning to delight us again here in Macau? ;-)

Complete Discography:
1. 1997 - Digital Atmosphere
2. 1998 - Vinyl
3. 2001 -
Film
4. 2004 - AM-FM
5. 2006 - Fácil de Entender

[All their history here]
For daily info log on to THEIR BLOG.

Dim the light we'll do the rest


Já não temos muito espaço, é preciso ordenar os livros, hoje ficou tudo misturado. Amanhã se verá. A Bloom vive em plena mutação!

New GRANTA

Granta's list of the twenty-one Best Young American Novelists is out now.
The spring issue of Granta magazine, Granta 97: 'Best of Young American Novelists 2', is devoted to their new work - a revealing insight into a new generation of American writing which shows, beside its talent, what bothers and inspires the imagination of modern America.
Published in the US on April 24, 2007 • ISBN-1-929-001-27-4
Published in the UK on May 10, 2007 • ISBN-978-0-903141-92-5


'A list that sets the literary agenda for a generation' Observer

We leave you with an extract by John Wray from "In the Tunnel".

On November 11, Lowboy ran to catch a train. People were in his way but he was careful not to touch them. He ran up the platform's corrugated yellow lip and kept his eyes on the train's cab, commanding it to wait. It was a good train, an uptown local. Its doors had closed already but they opened when he kicked them. He couldn't help but take this as a sign.

He got on board and laughed. Signs and tells were all around him. The floor was shivering and ticking beneath his feet and the brick-tiled arches above the train beat the murmurings of the crowd into copper and aluminium foil. Every seat in the car had a person in it. Never mind about that. Notes of music rang out as the doors closed behind him: C# first, then A. Sharp against both ears, like the tip of a pencil. He turned and pressed his face against the glass.

Skull & Bones, his state-appointed enemies, were forcing their way head-first up the platform. Skull was a skinny, milk-faced man, not much to look at, but Bones was the size of a ticket booth. They moved like policemen in a silent movie, as though their shoes were too big for their feet. No one stood aside for them. Bones kept stepping on the back of Skull's Reeboks by accident. Giving him a flat tyre, that was called. Giving him a flat. Lowboy smiled as he watched them stumbling towards him. He felt his fear of them falling away with each ridiculous step they took. I'll have to think of something else to call them now, he thought. Short & Sweet. Before & After. Habeas & Corpus.


John Wray was born in Washington, DC in 1971 and raised in Buffalo, New York. His father is American and his mother is Austrian, and he himself is a citizen of both countries. His first novel, The Right Hand of Sleep (Vintage UK/Knopf), was published in 2001 and won a Whiting Writers' Award. His second, Canaan’s Tongue, is published by Chatto & Windus in the UK and by Vintage in the US. 'In the Tunnel' is taken from his latest novel, Lowboy, which will be published by Farrar, Straus & Giroux in 2008. At present he lives in Brooklyn.

Agarrado às árvores!

Se está a pensar ir de férias em breve, seja para descansar ou para passear por lugares desconhecidos, e mesmo que os conheça à partida, quer divertir-se com a família durante toda a viagem, este é o livro ideal.
Não é apenas a velha fórmula de que os "miúdos comigo vão sempre atrás", às vezes, quando o tempo se estende para lá do conforto da imaginação, torna-se aborrecido e penoso fazer uma viagem sem entretenimento. "Miúdos a Bordo", uma ideia criada por Robyn Freedman Spizman e traduzida para Português pela Editora Fubu, dá-lhe a corda que quiser sem se esgotar no comprimento, mantendo-o acordado com um sorriso nos lábios, a si e a todos os que o acompanham, sejam grandes ou pequenos, gordos ou magros. Verdes ou azuis. Eis alguns exemplos:

A a Z da diversão, diversão, diversão
Diversão e jogos com o alfabeto
Aos seus lugares, preparados... aqui chega o bom velho alfabeto! Este capítulo está repleto de jogos e actividades com o alfabeo divertidos, fáceis e apropriados, para todas as idades. Os jogos do abcedário são muito simples de jogar, não criam desordem e para que funcionem todos têm de usar a cabeça. Estes jogos transportarão os seus passageiros por uma viagem de A a Z!

Quando eu crescer
Entretenha os jogadores a pensarem em todas as profissões possíveis que comecem por cada letra do alfabeto. Desde artistas até bailarinas ou carpinteiros, todos terão a sua oportunidade de pensar numa profissão que comece com a letra que vem a seguir. O objectivo do jogo é prosseguir até à letra Z. Algumas letras são mais difíceis que outras, mas anime as crianças que vão a bordo a fixar-se nas lojas e nas pessoas que vão vendo enquanto conduz, para ganharem consciência de todas as profissões que nos rodeiam. Desde agentes de polícia a motoristas de autocarros e agricultores, as profissões podem ser encontradas em qualquer lugar, seja através do olhar ou iluminada pela memória.

Frases tontas
Invente uma frase que seja disparatada usando palavras que comecem todas com a mesma letra do alfabeto. Cada jogador que vá no carro disporá de uma vez, o objectivo do jogo é fazer a maior frase. Aplauda os esforços de todos, e deixe que cada criança tente fazer frases com diferentes letras do alfabeto. Os exemplos podem ser:

A Alice ama amoras, ananás, alcachofras, amêndoas, andando atarantada
agarrada às árvores.

Beatriz boicotou belos bombons brilhantes.


Nomes do alfabeto
Peça a cada criança que passeie o seu nome pelo alfabeto fazendo uma rima. Eu começaria por dizer o meu nome, Robyn, e depois começaria a repeti-lo mas com cada letra do alfabeto no início: Robyn, Aobyn, Bobyn, Cobyn, Dobyn, etc. Algumas letras são um desafio. Conte quantos nomes reais saem deste jogo, e certifique-se que as crianças ficam a saber quais são os seus nomes preferidos, à parte dos deles, claro!

E é isso. A proposta do livro é incialmente feita para automóveis, mas pode ser usado noutros meios de transporte como o avião ou o barco. A certeza é de que o tempo, todo ele, passará muito mais depressa. Vamos tentar:

Boa bandeja Bloom buscar bagagem brotar bronze baril bem-visto! Oh Yeah!

"Miúdos a Bordo", Jogos para entreter as crianças durante as viagens de Robyn Spizman
Editor: FUBU • ISBN: 9789728918385 • Ano de Edição: 2006

Taste it!

Macau Restaurant
271 Ormeau Road, BT7 3GG, tel: 02890691800
Belfast - Ireland
Cuisine: Chinese

You Sum It Up!: ♥ ♥ ♥
Price: Reasonable
Food: Average
Service: Good



"I really wouldn’t recommend this restaurant. If I had wanted fast food with poor service I would have went to McDonalds. However the food or service is not a patch on the new fat Buddha which has more time for its customers and u don't mind paying the price because the food is definitely worth it unlike Macau."
JOSHUA H. / 28th January

"The Macau is the best chinese resturant ever. I come from Lisburn to get take aways they are so good. you never have a bad order, eveything is amazing.
It can be expensive but it is worth it and the service is amazing and the owner always greats you with a smile and talks to you about your day. shes the best ever. I would really recommend it. "
Alice / 26th January

"An absolutely fabulous restaurant. The food and staff are first class. Just love dining there. "
Leona / 16th January

"My first time in Macau and wouldn't recommend it. overpriced for the standard of service. The food was ok but a very rushed and unfriendly atmosphere."
Sam / 11th January

"Have been eating chinese cusine all of my life and would frquently dine in Macau Restaurant. I can appreciate were some of the reviews are coming from as I too have noticed a slipping of standards in the restaurant.
The food was fine but the service did not , meet its usually good standard. It did put me off going back I have to say."
Frank / 07th January

"Have been to Macau on several occasions and I am very surprised at some of the reviews. My husband and I usually go on a Sunday evening as we are in the restaurant trade ourselves and we have always found the food and service to be excellant, perhaps those of you who are complaining should stick to your local chinese takeaway as you clearly don't appreciate freshly cooked food with authentic flavour."
Fedup / 04th January

"Was in Macau before Christmas and it seemed very busy which could perhaps could explain the very rushed rushed atmosphere. marks out of 10 i'm afraid I'd have to give it a 4. "
Sueling / 28th December

Tango feelings....again!

Mário Cesariny a Luiz Pacheco


Meu Caro

Gostei mais da tua carta que do texto que me enviaste a propósito da Cidade Queimada, embora este fosse, ou fosse a fingir, de altamente elogiativo: Corrijo: na tua boca, na tua maneira, ele é realmente elogiativo. Está lá o velho programa que traçaste para os teus mais próximos: cadeia, ou hospital. Tua ânsia, velha, que sempre te fez sobrepor, adiantar-te, esmerar, por conta própria, os serviços policiários. Conheço isso. Todos os presidiários falam de si mesmos e dos colegas como da classe aparte, ou a única que importa considerar. Estive preso, cá e lá, mas, muito pior que isso, tive cinco anos de liberdade vigiada que deram cabo de mim. Lembro-me de que nessa altura tu achavas graça a uma expressão do Lima: o poeta que vai à revista. O poeta foi à revista e matou-se aí. Ou mataram-no. Ficou uma coisa esquisita, de onde sai o excesso de pânico que me atravessa quando novas hipóteses se põem. Excesso, digo bem. E adiante. Por isso tenho memória de velha. De elefante. Não acho que sejam velhas coisas, estas. Nem tu. De enternecer, enfim, o preocupares-te com o tal teu amigo que diz que eu estou uma merda e com o G. Cruz que diz que eu perdi as imagens coitado. Olha, não te preocupes. Alguma coisa me diz que os meus poemas, com imagem ou sem, são a merda do pássaro. Essa os lambuza e ocupa, sejam más sejam fortes as cagadas. Quanto ao pássaro propriamente dito - o canto - ninguém viu. Acho que não o podem ver.
Não me defendas. É pouca a paternidade: Ramos-Rosa-Gastão-Cruz que pões na tua carta. Estes e outros foram todos beber a um que dizia isso com mais graça: o Luiz Pacheco. Assinado por ti, fui um pobre diabo, um que pinta com merda, uma barata em ascensão para as coroas, um que está bom para saldos, não quer ir para a cadeia, lembrarás o resto. Quando um dia foi possível reeditar o Lisboa, cujas primeiras edições já não existiam, o horrível crime foi punido: pediu oito tostões à mãe para o eléctrico e foi à editora.
É a isto que na tua carta chamas «verdade histórica»? Homenagem, querido, faço-te esta: a de tentar acreditar que tu acreditas nisso. Que é possível haver uma verdade para o dia 16 - verdade com tal força de verdade que chega para assassinar em duas forças de linha o amigo mais próximo - e haver outra correctiva da primeira ou mesmo, se preciso, sua antítese para o dia 18. Será verdade que acreditas nisso? Será possível que haja essa verdade? O assassinato da família do Kafka e a reabilitação do Kafka?
Para mim, era-me impossível viver, ou morrer, se tivesse de chamar a isso verdade. Que é o que te acontece. E tu dizes: justiça! Horror dos horrores. Assentemos pois nesta verdade: deixa-os dizer o pior, e o pior do pior. Não intervenhas, ficas caricato. Nada disso me ocupa, nem sequer incomoda. Golpe fundo foram os teus ataques, duplamente mortais para o nosso convívio: se justos - o poeta na «decadência» - de uma crueldade desnecessária; se injustos - o poeta a braços com um amigo louco - de uma crueldade de louco.
A minha pergunta - era uma pergunta o que te fazia ao enviar-te o teu postal de há 8 anos, - não é ao acaso. Tenho um livro a sair, «A Intervenção Surrealista». Dentro em breve, as provas. Como é de obrigação, surges nele. Há no livro documentos bem mais antigos do que as tuas campanhas contra mim. E não estão nada velhos. Em nada. Por isso perguntava: que faço eu com isto? Se achas que envelheceu, que já não é verdade, é uma resposta, com linguagem tua. Se achas verdade histórica, além de esquisito, é pouco. E é de lado.
Dúvida, é isto: incluo, não incluo o teu artigo sobre o meu «Picto-Abjeccionismo»? Sei que o retiraste do teu livro, mas: achas que podemos fazer isso? É, com o artigo do Virgílio, a única coisa que apareceu na Imprenso.
Se incluo, vais ouvir coisas horríveis, porque te dou resposta. Se não incluo, voltamos ao mesmo: que faço eu com isto?
A tua verdade histórica é a merda.
Diferente na minha neste ponto: é possível que a minha vida tenha dado cabo de mim, ou eu cabo de mim nela; o amor que tenho à vida fez-me sempre evitar dar cabo da vida dos outros. Não «enterrei» ninguém sempre até à última quis a vida dos outros. Tu incluído. A tua pressa em dar cabo dos outros, diz-me que vida é. E que espécie de cabo. Sempre até à última quis a vida do António Maria Lisboa. Mesmo nas edições que dele fiz. Toda a égloga fúnebre afastada. «Não se trata de um homem que vai morrer»... E do teu medo de perder o que ainda não perdeste dos textos do Lisboa, não terá culpa alguma o próprio Lisboa. Se tens medo de perder o que ainda não está perdido, põe em lugar seguro, ainda há alguns. Mas acaba com a chantagem insinuada na tua carta. Se quer fazer-se uma edição decente, ideia de luxo excluída, digo decente, colaborarei com gana. Se quer fazer-se uma edição despachativa só porque tu podes perder o resto, mando-te já à merda, a ti e à edição. Falando com o Victor, parece já conseguida uma certa concessão da parte da editora: farão um livro integrado na colecção mas em formato maior e maior cuidade gráfico.
Dizes que no ano passado te salvei a vida. Se é verdade, fico contente. Salvá-la-ia muitas vezes mais, se pudesse. Conforte-te saber, se não puder repetir-se, que da única vez que tive dinheiro meu, o reparti contigo, quanto pude. E que fiz o meu melhor para que outros fizessem algo parecido. E fizeram, mesmo pouco parecido. Há muito anos que joguei em ti, a favor teu, não como editor - por mais que isso te ofenda - não, também não, como a louca dos papelinhos que trazia a cidade divertidíssima e para quem o papelinho e a sua função, diversa, contava muito mais que a verdade. Qualquer verdade. Da qual verdade o burgo não queria. Tu também não. Joguei, eu, no que tinhas de melhor. «O senhor não é palhaço, o senhor é escritor». Estas linhas do Lisboa, cantei-tas várias vezes, em vários tons. Soube isso no teu texto dos Doutores, Salvação, e Menino, que continua a ser para mim o texto lúcido que, em literatura, a época forneceu. Soube-o de novo, com imensa alegria, na publicação do Teodolito. Diante de um texto tal hão-de curvar-se, sem querer, todos os merdas do literato lisboeta. E, o que é mais: pela primeira vez encontrava a tua humanidade, a tua forma natural de sorrir - tens o sorriso mais bondoso, espanta-te, de quantos vi a tentar abrir os lábios: sai quase sempre careta, lá o diz o Lautréamont - diante das calamidades. Melhor: eras o homem que se confessava isso, homem, e em que mundo assim, de que maneira! Nada a ver com os teus papelinhos acusatórios, de boa ou má esguelha, para a vida ou para a morte dos outros. Creio que não piorei o texto publicando-o com as «emendas» ou «chaves» que tu próprio aceitaste. Acho mesmo que ficou melhor, o que decerto te ofende. Outros textos tens parido de igual, ou maior altura? Este o Luiz Pacheco que conheço, o único que de facto existe e posso amar, mesmo conservando na gaveta, como conservo, e não esquecendo, não são para esquecer, feridas abertas. Em corpo frágil.

P.S. - Na folha publicitária que o Victor Tavares te fez, leio que te consideras velhote. Não te preocupes. Nem te defendas tanto. Parece mal. Será manobra, também. Não me preocupo. Preocupa-me - outra vez!! - o destino dos inéditos. Exceptuada a raiva, que permanece, vi-te sempre abandonar tudo, todos. Em que nome, não se percebe bem. Aceitemos que no do teu registo, L. Guerreiro Pacheco. Não é assim tão feio. Fiquemos aqui.

Lx. 1966

in Mário Cesariny, Jornal do Gato, [s.l.]: ed. autor, 1974, pp. 47-51
[À VENDA NA BLOOM, NA EDIÇÃO DA ASSÍRIO E ALVIM]

O país distante


Não resisto. Na realidade, não queria sequer comentar o acontecimento - ou o fait divers - mas não resisto. A propósito de um certo concurso de uma certa estação televisiva e de um certo serviço público, muito se escreve na blogosfera e nas outras esferas também. Por aqui, só me ocorre roubar palavras, para dizer que o passado é um país distante, que distante é a sombra da voz, o passado é a verdade contada por outro de nós.



33.ª Feria Internacional del Libro

Thirty-third International Buenos Aires Book FairLatin America’s leading book fair is a phenomenon, and more than 1 million people are expected to attend this year. The festival transforms Buenos Aires’s biggest convention centre into a giant bookstore, and will feature a dizzying array of speeches, courses and workshops. Over 1,520 companies and organisations from 57 countries will be represented, befitting the year’s theme, “Books Without Borders”. Even those who don’t understand Spanish should enjoy the chance to stroll through a virtual city of books.

La Rural • Avenida Santa Fe 4201 and Avenida Sarmiento 2704, Palermo • Tel: +54 (0) 11 4374-3288.
Open: Sun-Thu 2pm-10pm; Fri-Sat 2pm-11pm (also 2pm-11pm on Mon April 30th).

[ FOR DETAILED INFO CHECK THE FESTIVAL'S WEBSITE. ]

Presenting the first issue of 'documenta 12 Magazine'

The first issue of "documenta 12 Magazine" will arrive to MACAU hot off the press. Under the title "Modernity?", it brings together pieces resulting from a collective process involving more than 90 major publications on art, culture, and theory from around the world. In the period leading up to the opening of the exhibition, two more magazine issues will be released, all in German, English and the respective language of origin.

The magazine is published by TASCHEN and was presented on February 26th, 2007, at a press conference in Vienna by Roger M. Buergel (Artistic Director, documenta 12), Georg Schöllhammer (Chief Editor, documenta 12 magazines) and editors and publishers from the participating magazines.
The "documenta 12 Magazine" is available at BLOOM after tomorrow and online information could be found at www.taschen.com or www.documenta.de.

documenta 12 Magazine
N°1, 2007 'Modernity?' • Roger M. Buergel, Ruth Noack, Georg Schöllhammer
SOFTCOVER • 22.5 x 27.5 cm (8.9 x 10.8 in.) • 224 pages • ISBN 9783822815328 • MOP$ 175

O Espelho

Eu temia, em criança, que o espelho
Me mostrasse outra face ou uma cega
Máscara impessoal que ocultaria
Alguma coisa atroz. Também temi
Que o silencioso tempo desse espelho
Se desviasse do curso quotidiano
Das vãs horas humanas e hospedasse
Nos seus vagos confins imaginários
Inúmeros seres e formas e cores novas.
(Não o disse a ninguém; a criança é tímida.)
Receio agora que esse espelho encerre
O verdadeiro rosto da minha alma
Tão magoada de sombras e de culpas,
O que Deus vê e os homens talvez vejam."

Jorge Luís Borges em "História da Noite" (1977)

Suart On Air

Hoje à noite na televisão, no Canal 1 da TDM:

  • "A Montra do Lilau" com Peter Suart.

UM PROGRAMA APRESENTADO POR MARIANA PALAVRA • PARA LÁ DAS 22H00 • A NÃO PERDER!

Arriving this week!

Hey ladies! Take it off... take it all off! You don't need a brass pole in your living room, you don't need to be a professional dancer, and you certainly don't need a perfect body. All you need are a few key moves, a couple of props, and a little practice. This saucy little kit holds all the accoutrements and information you'll need to pull off a tantalizing 'tease. You'll be vamping it up in no time at all. Va va voom!

Includes:
• 48-page illustrated guide
• 2 red sequined pasties with adhesive
• Sheer black scarf
• Body glitter
• 10 fold-out cards with fully illustrated routines


"Striptease Kit - A Guide to the Art of Striptease" by Jennifer Axen and Leigh Phillips
Illustrations by Barbara McGregor • CHRONICLE BOOKS • ISBN: 9780811846387 • MOP$ 235


With the same romance and drama that put his Griffin & Sabine saga on the New York Times best-seller list for over 100 weeks, selling three million copies in 12 international editions, Nick Bantock presents an unforgettable story of one woman's journey to self-discovery. Ana, a striking young dancer, is promised in marriage to a man she doesn't love. No one understands her reluctance to wed. After all, isn't Marco a fine man? Won't the union of their two families benefit her people? And yet . . . Guided by her heart and forces she does not yet recognize, she flees to the exotic port of Serona in search of Felix Bulerias, a man reputed to have the answers she seeks. But along the way, the attentions of four unusual men threaten to lure Ana in directions that she could never have fathomed—and lead her down a path of sensuality and understanding beyond any she could ever have imagined. Bantock's compelling narrative is accompanied by over 200 masterful color collages that form a frieze throughout. Brimming with myth and intrigue, Windflower is sure to enchant Nick Bantock fans the world over.
Features a bookplate autographed by the author.

Nick Bantock is the author of the non-fiction works The Artful Dodger and Urgent: Second Class as well as, among other books, his famed Griffin & Sabine saga. Born in England, Nick Bantock now makes his home in Vancouver, British Columbia.
Edoardo Ponti, the son of Carlo Ponti and Sophia Loren, is a screenwriter and film director of, most recently, Between Strangers.


"Windflower Pack"
by Nick Bantock and Edoardo Ponti
HARDCOVER • CHRONICLE BOOKS • ISBN: 9780811885508 • MOP$ 233

Relógios


O comunismo, a democracia? Da democracia não sei muita coisa. Não sei se há muitos chineses, em Xangai e Pequim, que estejam a pensar nisso. O «comunismo» da China é mais científico do que o Marx e o Engels alguma vez pudessem ter imaginado: entre os nove membros do politburo do Partido Comunista da China, nove são engenheiros. Do comunismo aproveitou-se o que funcionava – um partido, mandando em nome de um projecto «nacional» - e o resto foi para o lixo. Mao está em toda a parte - não em estátuas, mas em bugigangas, matérias comerciáveis, t-shirts, porta-chaves, estatuetas, cartazes, relógios: um Che Guevara daquele hemisfério. E, embora o grande retrato dele continue a ornamentar a entrada da Cidade Proibida, como pai fundador da República Popular, da «nova» China, não há maneira de não achar que a omnipresença do Mao em objectos de consumo de massas é uma ironia maliciosamente calculada. Até para Mao o Partido tem uma fórmula científica: 70% do que fez foi correcto, 30% errado. Do verdadeiro pai da nova China, Deng Xiao Ping, nem um milésimo de representação em figurinhas."
"Turista Ocidental" por Ivan Nunes • 21 Set 2006 • Cinco Dias

Care for ... a Tango?

Escritos de Terça (1)

Cansa testemunhar tanto sem jeito, tanto desprezo militante pela inteligência dos cidadãos. Pausa. Fiquem a falar sozinhos, entre vocês, os que têm os livros – de contabilidade e os outros. Hoje não estou para vos aturar mais do que o obrigatório. Este cinzentismo dos dias mais os vossos fatinhos escuros, os vossos carrinhos escuros, as vossas mesuras, os vossos lacaios, os vossos cães de fila amedrontadores, os vossos sobreviventes pela vassalagem, as vossas banalidades e chavões, tudo junto e o que, hoje, não tenho pachorra para dizer, faz-me mover para outros tempos, ...”
in Hoje Macau, Hélder Fernando, À Flor da Pele

How would Gregor Samsa look like?

Gregor Samsa woke up once in his room and everything was changed. His legs were thinner-longer-black. "Strange", he thought at first, denying what was turning up to become an evidence. "Started dreaming", he thought again. His hands were gone. Vanished and slurped back in fur. A stick chopped, or the fork of a knife, grew back in their places, suddenly rushing, without knocking. "It's not me, I'm seeing", and that was already the cold sweat of panic coming ahead on his mind. Hands gone, feet gone, legs too many. Closed his eyes and the dark collapsed through all his short sighted vision. Couldn't move. Couldn't speak a language. Melting spots were coming from his jaws trying to mix with the lost taste of saliva. "And now what?", a clinched hunchback was making his hardest fears. Rounded corners like toy wings. Like plastic. Like thousand years frozen lava. Like anything. Suddenly he would like to die. Worth dying just like that, just as in a lightning, bursting on the whirl winds of a tornado. Flash and bang. Light and sound. "Kill me now", he thought, "kill me rapidly", and with his mouth shut, his eyes blocked, he started thinking of a river. And then a tree, and the memory of a girl. The sun. Something else, in motion, all landscaped...
And then he died, happily, breathing a short sigh.

Mais veloz do que a própria sombra

"Porquê ler os clássicos?", pergunta Italo Calvino. O que é na verdade uma obra clássica, será apenas o tempo que a classifica, o modo como ela perdura? Porquê, por exemplo, beber um sumo de laranja verdadeiro, natural, acabado de espremer se se pode ter uma Schweppes também de laranja, ainda para mais dentro de uma lata, ainda para mais com gás lá dentro, que causa desmaio e curiosidade, e que no final acaba por ter a mesma cor, mais amarelo menos amarelo. Será a sua essência, o gosto, o modo como se digere e reproduz sabores cá dentro? Será isso uma obra clássica? Que fica no gosto, para sempre?
Um clássico é um pedaço da Criação humana na sua forma mais crua, mais intacta, que ganha o estatuto imortal e que se abraça à eternidade tornando-a mais imensa, vestindo como uma sombra todo o infinito, aquele que passou e o que está ainda para vir. Um clássico é sempre novo, sempre actual, sempre em constante mutação. É sempre uma surpresa cada vez que se lê e pode ler-se centenas de vezes.
"Porquê ler os clássicos?" é uma obra póstuma de Italo Calvino publicada em 1994, em Portugal chegou até nós pela Editorial Teorema. Calvino foi um dos mais importantes escritores italianos do século XX. Nascido em Cuba, de pais italianos, parte com a família para Itália para onde regressam logo após seu nascimento. Formado em Letras, fez parte da Resistência ao fascismo durante a Segunda Guerra Mundial e foi membro do Partido Comunista Italiano até 1956, desvinculado-se em 1957. Carta de renúncia que ficou famosa e que também ela se tornou um clássico da defesa dos valores humanos. Faleceu em Siena a 19 de Setembro de 1985
"Os clássicos sãos os livros de que se costuma ouvir dizer: «Estou a reler...» e nunca: «Estou a ler...»"; "Um clássico é um livro que nunca acabou de dizer o que tem a dizer", que está sempre a dizê-lo de uma outra forma; "Os clássicos são livros que quanto mais se julga conhecê-los por ouvir falar, mais se descobrem como novos, inesperados e inéditos ao lê-los de facto"; "É clássico o que tiver tendência para relegar a actualidade para ruído de fundo, mas ao mesmo tempo não puder passar sem esse ruído de fundo".
A partir destas e de outras definições que nos oferece no primeiro capítulo, Clavino vai dar resposta à pergunta que formula no título, numa série brilhante de ensaios qie percorrem alguns dos pontos mais altos da literatura e do pensamento de todos os tempos: A Odisseia, Xenofante, Plínio, o Velho, Ovídio, Ariosto, Galileu, Robinson Crusoe, Diderot, Cândido, Stendhal, Flaubert, Tolstoi, Conrad, Hemingway, Borges e muitos outros autores de obras definitivamente clássicos.
A Teorema coroa e em certa medida ilumina o conjunto - já sem dúvida clássico - da sua vasta obra. E a partir daí satisfaz toda a sua sede ao deixar esse sabor eterno.
"Porquê Ler os Clássicos?" por Italo Calvino - Teorema - 1994

Our most recent visitors

MapTHE TOP 13:
1. Macau - 80.21%

2. USA - 4.17%
3. Hong Kong - 3.13%
4. Belgium - 3.13%
5. Italy - 1.04%
6. Colombia - 1.04%
7. UK - 1.04%
8. India - 1.04%
9. Malaysia - 1.04%
10. Australia - 1.04%
11. Romania - 1.04%
12. Brazil - 1.04%
13. Norway - 1.04%

Freak Speak: The Story Behind Lullaby (II)

[SCROLL DOWN TO READ THE FIRST PART]
Long story short, I’d worked in hospitals. I’d been a crime reporter. I know a dead body is not the person. Looking at the barbecued mess that had been my father, all the drama evaporated.
Still, did I want the man who did this to die?
In court, it came out that Shackleford had a life-long history of physically abusing women and children. He’d lived most of his life in mental hospitals and jails. The woman Shackleford had shot point-blank in the neck was his ex-wife. She’d gone into the prison system to teach legal skills, and taught him to be a para-legal. Using these skills he’d learned from his victim, he’d already filed an appeal to his murder convictions.
He told the court that he and a group of white supremacists had built and buried anthrax bombs in the Spokane area, and if the state killed him those bombs would eventually explode, killing thousands.
He told the police that I was harassing him, sending him things in the mail at a time when I didn’t even know his name. The prosecution team started calling his kind of grandiose yarn a “Shackle-Freudian” lie.
But still, did I want this man to die?
A friend of mine told me Karl Marx’ theory that in order to commit a crime, you must make your victim your enemy. You justify crime after crime by making more people your enemy until you’re left alone. You’re isolated in a world you’ve decided is entirely against you. At that point, Marx said, the only way to bring the criminal back into humanity is to capture and punish him. His punishment becomes his redemption. It’s an act of kindness.
Another friend, a Buddhist, said how every life requires the death of so many other things. Plants, animals, other people. This is life. Life is death. We can only hope to make the best use of the lives we live at the cost of so many others. He said, a terrible person should not be allowed to continue taking the lives of any other living things.
With all this on my mind, I finished the final re-write on Lullaby and sent it back to New York by next-day FedEx on September 10th, 2001.
What had started out as a dark, funny book about witchcraft became a story about the constant power struggle that is life. The struggle between generations. Between people and animals. Between men and women. Rich and poor. Individuals and corporations. Between cultures.
On a trivial level, the book is about my neighborhood’s struggle to deal with a local woman who opens every window and blasts every sunny day with her record collection. Bagpipes, Chinese opera, you name it. Noise pollution. After some days and weeks of her blaring noise, I could’ve killed her. It got impossible to work at home. So I traveled, writing on the road.
A month later, the State of Idaho sentenced Dale Shackleford to die.
While I was on book tour, my neighbor packed her huge stereo and million records and disappeared.
I wrote the court, asking if I could witness the execution.
There, but for the grace of God, go I.

by Chuck Paulahniuk in "Stranger Than Fiction: True Stories" (2004)
Can also find the complete text here.
IMAGE BY DAVID SHRIGLEY

If you want more go to BLOOM and look for this book!
"LULLABY" is also there.

Trocado por miúdos

Ainda o Jogo.
Feitas as contas, este sector em Macau encerrou o ano de 2006 com receitas brutas de 55 mil milhões de patacas (cerca de 5,2 mil milhões de Euros), um aumento de 23 por cento em relação a 2005. Em 2006 entraram em funcionamento o primeiro casino de Steve Wynn e os novos casinos do grupo Galaxy Star (Star World e Rio) em Macau e Grande Waldo na zona dos aterros entre as ilhas da Taipa e Coloane (COTAI). A Sociedade de Jogos de Macau, de Stanley Ho, abriu entretanto o Babylon (2006) e o Grand Lisboa (2007) passando a ter 18 dos 25 casinos de Macau.
Ora bem, vou fazer as contas por alto. A percentagem de imposto paga pelos Casinos é de 35%, dos 55 mil milhões, acrescentado os impostos indirectos, a receita do governo compreende cerca de 20 mil milhões de patacas, o que dá quase 55 milhões por dia (5,2 milhões de Euros).
E assim, voltando ao bolo todo, os "jogadores" perdem nos casinos 150 milhões de patacas por dia. É muito dinheiro. Ou não? Se 50 mil pessoas, o que me parece um exagero, passarem pelos casinos diariamente, cada um deles, em média, gasta 3 mil patacas (280 Euros). Talvez não seja assim muito. O que nunca vejo nas estatísticas é quantos, no meio de todos estes loosers, ganham alguma coisa com o Jogo, quantos deles fazem disso a sua profissão? 1 ou 2%?
Entre esses valores estará também a percentagem de falantes de português neste Território. É manifestamente pouco. Valerá por isso pagar para que eles compreendam, sem ser às suas custas, o que se passa num palco em Macau? Na transparência vinda a escaparate na apresentação do Festival de Artes deste ano a resposta é não. Não vale mesmo a pena!
E QUEM ESTÁ MAL QUE SE MUDE!

Local lá para fora

Às vezes, mesmo cá dentro, perco a noção do que se passa em Macau. Não sei se é puro desinteresse, se o que há, de maneira quase constante, não me desperta uma vontade ou qualquer desejo de conhecê-lo com mais detalhe. Essa coisa do saber, do estar a par. De ter coisas para dizer sobre a terra onde vivo, coisas mais profundas do que o vulgar encolher de ombros. O que há por aqui afinal?
Há uma vida cultural que vem como as ondas, isto é, às vezes vem, outras vezes não. Parece-me a mim que na maior parte do tempo o que temos é um lago de águas estanques, que não se movem. Sim, está lá a água, se olharmos é água, claro, mas não tem corrente, não tem vida. Tem mais alguma coisa?
Recentemente, ainda na semana passada, porque andei mergulhado noutras coisas, passou-me ao lado a história, e a polémica, do próximo Festival de Artes de Macau. Há dois factos a registar, o primeiro é o da língua portuguesa ter sido posta de parte durante os espectáculos. Quando até aqui tinhamos legendas por cima do palco, que nos davam toda a compreensão do que estava a decorrer, quer se tratasse de Ópera Chinesa ou de uma peça de Teatro, lá estava sempre a tradução escrita em simultâneo. Nesta edição isso já não vai estar presente, porquê, ninguém sabe ao certo. Alguém deve ter achado que não servia para nada ou que não era assim tão importante ter de pagar para ter esse serviço disponível.
Mais grave para mim é no entanto o Programa. Macau vive uma situação ímpar, todos os meses se batem os máximos nas receitas do Jogo. É sempre a velha história, da aplicação das verbas, das opções, do saber. O que é certo é que com todo este desafogo, como todo esse dinheiro se podia fazer mais qualquer coisa. Mais e melhor. Macau podia ser um eixo da cultura asiática, da cultura mundial. Podíamos ter concertos, peças de teatro, exposições, festivais, com os grandes nomes da vida artística de todo o mundo. Podiam vir pessoas em peregrinação de todos os cantos da Ásia até aqui, acampar à porta dos espaços culturais e esperar por um acontecimento único. Um acontecimento que iria ficar na memória de toda a gente. Nos de cá e naqueles que nos visitassem. E isso punha Macau no Mapa, retirando de certa forma o apelo ao Jogo que se sente por todo o lado e que é cabeça de cartaz em todos os guias turísticos.
Mas não. Parece que vamos ter mais, e sempre, uma fachada. Um nome a cumprir no calendário. De um período de tempo que tanto pode passar ao lado como pode despertar um pequeno incómodo, tanto faz. E nisto perde-se a noção do que se passa aqui dentro. Perde-se também o interesse. A esperança.
E deve haver por aí muito boa gente que deve achar que já é uma sorte ser assim.


Uma, duas, três, dez, muitas. Seis e meia, quase sete. A Bloom encheu na passada sexta-feira para receber Peter Suart e para ouvir este artista multifacetado falar dos seus livros, das suas vivências. Para ouvir falar da sua aventura no mundo da banda desenhada, com o “The Black Book of Falling”, a sua obra mais recente e o pretexto para a viagem a Macau. Para a viagem à Bloom.
Peter Suart, de nacionalidade britânica, cresceu aqui ao lado, em Hong Kong, e falou do que é ser um cidadão de lado algum, de todos os lados. Contou histórias de baleias e de funerais chineses e explicou como é que a infância influencia o trabalho que faz agora, que é adulto feito “sem ter tido uma iniciação” à vida dos crescidos. Iniciação à queda, leia-se. Porque aí está o separador entre infância e idade adulta: a queda e as sensações que provoca.
O autor mostrou imagens e descodificou-as. Falou do seu processo de criação e dos tempos que lhe são necessários para transformar um papel em branco em mensagens para todos – as suas ilustrações e esta nova banda desenhada não são só para os mais pequenos. De novo, o regresso à infância. “Lembro-me de ter lido livros que reli passado vinte anos e aí, sim, ter compreendido a outra mensagem. Espero que aconteça o mesmo com os meus,” riu-se.
Obra apresentada, não faltou a conversa no fim. “Quando estou aí desse lado não costumo fazer perguntas, sinto-me intimidado, mas se alguém quiser saber alguma coisa mais...” E houve. Na Bloom falou-se, conversou-se, primeiro sobre aspectos mais técnicos relacionados com a arte da BD, depois sobre a queda, o direito à queda, em que é que consiste todo este “falling” de que se escreve e desenha no livro de Suart. “Todos nós sabemos que um dia vamos cair, só não sabemos quando.” Da inevitabilidade da queda. Dos diferentes tipos de tombo, do direito a cair.
No fim, à saída, com a chuva miudinha a enfeitar o Largo do Pagode do Bazar, o mais importante: as sensações que ficam. Quando escorregamos no início da vida, choramos e há sempre quem nos levante. Depois, já não há direito à queda. Ainda bem que, para alguns, não é assim. Pelo direito à liberdade.

Freak Speak: The Story Behind Lullaby (I)


The medical examiner kept the photo covered with a sheet of paper, and he said, “I’ll pull the paper back very slowly.”
He said, “Tell me to stop when you’ve seen enough.”
In 1999, the examiner said, my father had been at the top of an outdoor stair-way when someone shot him. The bullet entered through his abdomen, bursting the diaphragm as it traveled up into the chest cavity where it collapsed both lungs. This is all evidence stated in court, bits of forensic detail put together after-the-fact by the detectives. After the shot, he dragged himself — or someone dragged him — inside the apartment at the top of the stairway. He lay on the floor next to the woman he’d just taken to a country fair. He must’ve died within a few minutes, the police say, because he was not killed by a gunshot to the back of the neck. What the police called “execution style.” The way the woman was.
In December 2000, a jury in Moscow, Idaho found Dale Shackleford guilty of both murders. As part of victim’s rights law, the court asked me to make a statement about the extent of my suffering caused by this crime.
As part of that statement, I had to decide: was I for or against the death sentence.
This is the story behind the story in Lullaby.
The months I talked to people and read and wrote, trying to decide where I stood on capital punishment.
According to the prosecution, Shackleford returned to the scene of the murders several times, trying to start a fire big enough to mask the evidence. It was only when he broke a window to give the fire some air that the building burned. As the second-floor apartment fell into the first floor, a mattress fell on my father’s body, shielding it so only the legs burned to nothing.
The photo under the sheet of white paper is what was left under
that mattress.
The lack of soot or smoke in the throats of both victims proves they didn’t burn alive. Another test, for increased carbon monoxide in their blood, would be conclusive, but I didn’t ask about it. You want to quit while you’re still ahead.
The medical examiners showing me the evidence after the trial is over. I’ve given my statement in court and been cross-examined. Just the two of us looking at the sheet of white paper, we’re in a back office with no windows. The rooms crowded with shelves full of books and bulging file folders. The medical examiner says few families ever want to see more than the first half-inch of an arson victim photo. He slides the paper aside until a sliver of photo shows, very slow, the way you can only see the sun move when it’s either rising or setting on the horizon, and he says, “Tell me when to stop, and I’ll stop.”
When I reach for the paper, I say, “Just show me.” I say, “I’m sure I’ve seen worse.” He lifts the paper, and my first reaction is how my Dad would hate the way they’d wasted a good sheet of plywood, cutting it into an angled, irregular shape to carry his burned body. The body is face down, the legs burned down to stumps. The skin is gone and the muscle is burned black, the muscle sheathes ruptured with red showing underneath. My second reaction is how much it looks like barbecued chicken, crusted black with sauce under the crust.
A year before this, my sister’s husband had died young, of a stroke while they worked in the garden. At the mortuary, she went into the viewing room, alone. A moment later, she stuck her head out the doorway and whispered, “It’s not him. They’ve made a mistake.” My Mom went in, and the two of them circled the open coffin, squinting and looking, trying to decide. Alive, Gerard had been so funny and bossy and active. It felt silly to cry over this object.

by Chuck Paulahniuk in "Stranger Than Fiction: True Stories" (2004)
IMAGE ON TOP BY DAVID SHRIGLEY

Available at BLOOM right now!






* Com especial referência para / With special reference to:
Peter, Jacky & Mary Chan (MCCM Creations)

Music for Sundays (2) - Jazzanova

Compiled and produced by Jazzanova.

«Este ‘Pátio’ foi publicado pela primeira vez em 1955 e ao autor jugoslavo foi atribuído o Nobel da Literatura em 1961. Traduzido em duas dezenas de línguas, chega agora a vez da língua Portuguesa tomar contacto com um romance que nos conta a história de Frei Petar, um monge bósnio cristão que por engano é preso e encarcerado na prisão que sofre de pior reputação em Istambul (Turquia): ‘O Pátio Maldito’. Este local é dominado pelos Império Otomano e aqui cruzam-se, diariamente, toda a espécie de gentes: assassínios, conspiradores, violadores, ladrões e algumas pessoas oriundas das várias classes sociais, mas que estão inocentes. Tal qual Frei Petar. “Raras são as noites calmas. A escumalha de Istambul, os durões que não receiam os guardas e não ligam a ninguém, cantam cantigas obscenas e gritam propostas desavergonhadas aos seus amantes nas celas vizinhas. Homens invisíveis que disputam um lugar para dormir; os roubados agonizam por socorro. Quando dormem, uns ragem os dentes e bafam, outros estertoram e roncam como degolados”. E é assim, neste ambiente degradado, que o frade vai ouvindo e conhecendo as histórias e estórias dos seus companheiros de infortúnio. Aos poucos, a sua voz vai-se perdendo no meio da multidão porque esta multidão de agonia é preenchida com relatos dramáticos e, principalmente, com mentiras e perspectivas diferentes de conceitos básicos como Justiça, Realidade e Frontalidade.»
Sofia Rato in Domingo Magazine / Correio da Manhã

Ivo Andrić, prémio Nobel de Literatura, nasceu na Bósnia em 1892. Desde jovem mostrou grande interesse na política da sua época. Torna-se membro do movimento nacionalista progressista Mlada Bosna (Bósnia Jovem), e chega mesmo a ser preso por suspeita de conspiração no assassinato do Arquiduque Francisco Fernando, que despoletaria a I Grande Guerra. É dentro dos muros da prisão de Maribor que «humilhado como um verme» escreve os seus primeiros poemas em prosa.
Este livro, considerado a obra-prima de Ivo Andrić, único prémio Nobel jugoslavo, é uma notável metáfora sobre a harmonia entre os homens em condições adversas. No estilo que o celebrizou, Andrić descreve os processos pelos quais a História se entranha na vida dos indivíduos e neles se reflecte, num eterno jogo entre o particular e o universal, ao mesmo tempo que põe a nu a raiz dos conflitos que têm assolado os Balcãs ao longo dos séculos.

Um livro de inquestionável valor que pode encontrar na Bloom.

"O Pátio Maldito", de Ivo Andrić - Editora Cavalo de Ferro - ISBN: 9728791062 / 2003

Peter Suart na/in Bloom

Neste nosso espaço vamos falar muito de David Shrigley, não só porque o vamos ter representado nas nossas prateleiras (e paredes!), mas porque existe uma admiração especial pelo seu trabalho, que vem sendo acompanhado ao longo dos últimos anos. Shrigley nasceu em Macclesfield bem no centro do Reino Unido, mas mudou-se para Glasgow, na Escócia, no final da década de 80 para estudar artes, permanecendo depois na mesma cidade que hoje ainda habita.
A sua obra vive do seu traço mas também das palavras que o acompanham, seja no título ou na legenda, ou mesmo na peculiar conotação com a banda-desenhada. Shrigley é uma voz crítica no mundo, que goza, e se diverte, com as situações do quotidiano e as recria de uma forma subversiva, o seu trabalho pode encontrar-se tanto nas estações de Metro como nas grandes galerias dos museus. Deixamos aqui uma pequena amostra presente na feira internacional de arte contemporânea Frieze de 2004, que tem lugar no Regent's Park em Londres todos os anos. Fica também em Inglês o pequeno apontamento que lhe serviu de legenda no Guardian Unlimited.

Slum, by David Shrigley
The Glasgow artist's work has graced a Blur video, several diaries and a London tube station as well as a few Saatchi shows. Shortlisted for the Beck's Futures award in 2000, Shrigley has been called a religious artist, but it's hard to say whether pious thoughts inspired such captions as: 'Good-0, Evil-0, after extra time (Evil wins 5-4 on penalties).'

Photo: Murdo MacLeod

Um país, duas leis

Está bem e recomenda-se

O Sínico, de José Carlos Matias. Um blogue sério feito por quem sabe pensar. Da lista de favoritos.

Escritos de sexta


1. “É uma proposta aberta, a do Armazém do Boi, e por isso a todas as disciplinas multimédia, a performances, poesia, “como é o caso de uma senhora que não é artista mas que quisemos convidar, digamos uma cidadã normal,” fotografia, vídeo, design. Neste momento, a exposição ainda se encontra em fase de preparação e o Armazém do Boi continua a receber propostas de artistas. Conta até agora com oito propostas entregues, todas de autores chineses.”
in Hoje Macau, Carlos Picassinos, “O Boi a olhar para o Farol”

2. “Um ciclo de poetas de Macau está a ser realizado em Lisboa, com a organização do Centro de Promoção e Informação Turística de Macau, em Portugal. O pano foi aberto, na segunda-feira, com António Manuel Couto Viana. Em Abril, segue-se Alberto Estima de Oliveira, num total de cinco sessões levadas a cabo por poetas que residiram e se inspiraram em Macau.”
in Jornal Tribuna de Macau

3. “Juntámos as duas cidades na instalação, não para demonstrar semelhanças que nunca existiram, mas para suscitar questões sobre Macau e o seu futuro. Veneza tem uma grande tradição na preservação do património, enquanto que Macau sofre uma enorme pressão devido ao crescimento e desenvolvimento, sustentado em grande parte por construções de parques temáticos, hotéis e casinos temáticos. No nosso projecto interrogamos sobre se é esta a imagem que queremos para o futuro de Macau, se a escolha de imitar outros lugares do Mundo é a escolha acertada, se a nossa identidade permanece intacta e se há algum papel a desempenhar no futuro para as nossas herança e cultura.”
in Ponto Final, Lui Chak Keong em artigo de Hugo Pinto, “O futuro de Macau vai ser copiar outras cidades?”

E a imagem é roubada a Renato Roque, num blogue que se recomenda. Muito.

Artslink Interview

A Story of Adventure: The Black Book of Falling - Comic Drawing by Peter Suart
INTERVIEW BY ESTHER CHAN

Life is like an adventure. Reading The Black Book of Falling by Peter Suart is like experiencing life. It is the life of you and I, rich and poor, Italian and American, the ancients and Homo sapiens. It is about the life of everyone. Knowing that Peter Suart will have an exhibition, a book launch and talks this month, we invited him to an interview to talk about himself and his new book.

About you and your comic drawings

Esther Chan: As I know you engage in various art forms, you are an artist, a composer, a musician, a playwright, a performer, a set-designer, a lyricist, a poet and a writer. How is comic drawing different from all the other arts forms and which role is illustrating in your art life?
Peter Suart: Strip cartooning is cinematic illustration. Writing and illustrating have predominated for the last seven years. The illustrated book combines several pleasures ─ stories, narrative pictures, private reading ─ and is portable and affordable.

E: You have been raised in HK and have returned to England since 1999 ? Where do you regard as your homeland? How do you feel about these two places?
P: Not to have a homeland is a lack and a blessing. They say that Hong Kong and southern England are in one world, but their being connected by metal tubes in the sky makes it hard to think so. Making the trip by train fails to convince. England is about to acquire seventeen casinos. Spitsbergen?

E: What comic drawings or illustrations do you like most? Are there any real life experiences or any books, music, or movies that inspire you to create your comic drawings such as this new one?
P: The cartoon gods: McCay (Little Nemo), Hergé (Tintin), Uderzo (Asterix), Jansson (the Moomins), Watterson (Calvin and Hobbes). Their single-frame brethren: Nielsen, Dulac, Rackham, Shepard, Peake. The Black Book of Falling fell out of nowhere, but there is a debt to all above.

E: Why are you interested in Perennial Philosophy? Does it infuse into your comic drawings? Do you incorporate some segments from it?
P: What is real? The wish to know may stem from a misapprehension due to language (the word 'real' has no meaning) or due to a flawed sense of what constitutes the self. The Perennial Philosophy is found in wisdom traditions around the world. It is either humanity's deepest and highest insight or an enduring delusion. Simply: the small self is a spark of the flame of Self, and when it realises this fact it enters the eternal (timeless) moment; death hath no sting, and the desperate hurt of warring life is transcended, blissfully. Talking about this directly in art or life can be fruitless.


About the story of comic drawings

E: Why did you choose a boy, Tik, and a dog, Tok, to be the characters?
P: A human/animal pair can be richly comic and can present an amused and bemused view of humanity. This is a common device, as seen in the Tintin/Snowy and Calvin/Hobbes pairings.

E: At the beginning, Tik and Tok find their way out of a black hole into a bewildering world. Why did you start the story like that? On the last page, they are in the mouth of a man, who’s that? Could you further elaborate on that?
P: Being is bewildering. When we meet the man we will know him without introduction.

E: They meet a cast of strange peoples and encountering numerous perennial human problems such as war, hazard, death, and slavery. However, they look the same way throughout the whole adventure. Not for pursuing a physical goal, is there any implication behind that?
P: The book not being a Cold War thriller, the author is free to preserve his characters in the most implausible fashion. The requirement is not to be plausible, but to amuse and to intrigue. Tik and Tok have no goal. Their choice is to be still or to move through the world.

E: In the story, the characters keep falling and walking , what you want to express? Is there any symbolic meaning?
P: Falling is a profound metaphor for the human condition.

E: What do you think is an open-ending storyline? Is this comic different from others?
P: Good art is ever-opening. The Black Book of Falling's method of construction: five pages a week, written and drawn with no preparation, direction or plot outline. This method is akin to falling.

E: Does the comic have a certain theme? Is it about the Life and death?
P: There are many themes. If they hang together, that is a spooky indicator of an organising power in the unconscious. (See the answer of the above question.)

E: Do you express the whole story in black and white deliberately? What kind of atmosphere do you want to create with the comic drawings?
P: The scratching of an ink-charged metal pen on paper in a small wooden-floored room has a monastic ring and provides profound pleasure. The pen must be cleaned repeatedly or the weight of expletives becomes injurious to the work. The method is old, and cheap, and requires no electrickery.

About your exhibition

E: How many books have you published? Which ones are the most influential & impressive?
P: There are seven Tik and Tok books. North is a good place to start if you don't know them. Of the four Folio Society books, the latest, Robertson Davies' The Deptford Trilogy, is the best.

E: What is your expectation for this exhibition?
P: Doubtless a sum of money will be offered for the publishing and film rights sufficient to build a tower in the north in which to read Peake and Melville, through a glass, darkly.

E: What do you think about the comics market & comic’s popularity in HK? What about this market’s future or trend?
P: There is a considerable audience for comics in HK. The form is a good one for discussing ideas and for amusing ourselves before we hit the ground.

...
The Black Book of Falling- Comic Drawing by Peter Suart is a programme of the Comix Home Base Project. After the showcase of independent and mainstream comics presented last March and July, we try to widen our sight by exchanging with artists and audiences in other cities. o, we had Jimmy’s Secret Garden last August and Comix Magneto touring to Singapore this February. We are pleased to have Peter Suart from England this spring. Other than his latest artworks, he will be present at the Arts Centre to share his experience on drawing with the audience.

About Esther Chan: After studying Cultural Studies, she became a labor in the media industry. Writing, photography and cinema are part of her life. Spiritual food becomes necessities.
Co-presented by: Hong Kong Arts Centre and MCCM CREATION

Yet again

Peter Suart was born in Jamaica, raised in Hong Kong and educated in U.K. From 1985 to 1999 he lived in Hong Kong, where he worked mainly in the performing arts field, and also for some years was a part-time lecturer on Music for Dance at the Hong Kong Academy for Performing Arts.
Suart has produced graphic works for magazines, books, and also for numerous theatre and dance performances. He has also exhibited pictures and designed theatre sets. Some of his pictures are now in private collections in the U.K. A man of many parts, Suart has also composed poems and lyrics, written (and himself performed) four one-man plays, and acted and narrated with theatre and dance companies. Currently, he is working on two writing projects - a novella and an illustrated parable. Suart has released six solo albums of music and two others with fellow musician Kung Shi Sing as 'the box' - a theatrical music ensemble. Solo and with 'the box' he has performed in numerous concerts, dance and music theatre works in Hong Kong and Taiwan. Concerts are planned for Cuba later in 2001. On the sports front, Peter represents a major - and as yet unsuspected - challenge to the world's leading table tennis stars. As a result of his Hong Kong experience, Suart speaks Cantonese as fluently as his native English. Suart lives in England.

  • WILL BE WITH YOU IN BLOOM, TOMORROW AT 18H30.

Questions and bits with Peter Suart


1. Who is Peter Suart, does he live in this World?
His identity remains unclear, but it may well be co-terminous with The World.
2. How and why have you met Hong Kong for the first time?
Came on a plane at the age of two. Daddy followed and got a job.
3. Are Tik and Tok some characters from your dreams, you find them on your life or is just a plan to make the World better? Who are they?
They are aspects of self, brought into being and grossly manipulated. Much like us.
4. Are you Tik? Or Tok?
Yes.
5. Can you tell us about "The Black Book of Falling"? Why is black, why the constant falling?
There is no ground to stand on in human life.
6. Do you think that by falling we're getting up? Is there a bottom, an end, on the "falling"? Is it the turbulence?
There is an end. It will be nasty. We can learn not to fear it.
7. What do you praise and love the most in Life?
The play of a dark imagination.
8. Where are you going to? Are you in a circle or in a straight line?
Nowhere. The answer is usually 'a helix'.
9. If you could do (everything) what would you do?
Build a tower of stone and wood, somewhere in the far North, in which to read, make books and drum.
10. Any plans to have your books translated in other languages?
Plans exist. They await rain.
11. Thoughts about Macau? Is it Macau anyhow ressembling the gamble, the chance, of Life or is just about easy going money? Do you think is there any philosophy on this? The mysticism of the Gambler? Is there anything else in Life than that?
We're better off without gambling, although I wouldn't bet on that.
12. What would you say for BLOOM-MACAU-HYBRID CULTURE-READERS, do you have a message for us/them?
Could you recommend a good, affordable Portuguese red?
13. Do you have a dog?
Only a toy. Much cheaper.

Acabados de chegar / Just arrived



Copyright 2006| Templates by GeckoandFly modified and converted to Blogger XNL by Blogcrowds and tuned by Bloom * Creative Network.
No part of the content of the blog may be reproduced without notice and the mention of its source and the associated link. Thank you.