Taste it! (1)

“Tinha acabado por encontrar refúgio do mundo numa recôndita madrasa, como aprendiz de um jardineiro nonagenário que tinha um macaco triste, os únicos dois seres que não reparavam nas suas costas corcovadas. Um segredo que nunca chegou a ser-lhe revelado era que o seu patrono, um santo homem, era cego como uma toupeira, e o macaco tinha padecimentos vários que muito o apoquentavam. Sob os auspícios do ancião, Yusuf não só tinha descoberto a sua vocação na vida mas também perdido parte da sua timidez, pelo menos o suficiente para lhe permitir visitas frequentes à cidade vizinha. Tinha conhecido a Annina dos seus sonhos na mercearia do arménio. Tinha sido atraído pelo íman dos olhos da rapariga e ela, por sua vez, pela geografia da pele tostada do jovem (talvez também tivesse dado uma ajuda o facto de andar na altura a ler um livro da patroa, Nossa Senhora de Paris, e ter ficado comovida com a personalidade do torturado corcunda Quasimodo)."

in “O Labirinto”, de Panos Karnezis, para ler depois de “Pequenas Grandes Infâmias”, da Cavalo de Ferro

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