Pelo direito à queda ou história de um final de tarde na Bloom
Semeado por / Sowed by: isabel at 11:25Uma, duas, três, dez, muitas. Seis e meia, quase sete. A Bloom encheu na passada sexta-feira para receber Peter Suart e para ouvir este artista multifacetado falar dos seus livros, das suas vivências. Para ouvir falar da sua aventura no mundo da banda desenhada, com o “The Black Book of Falling”, a sua obra mais recente e o pretexto para a viagem a Macau. Para a viagem à Bloom.
Peter Suart, de nacionalidade britânica, cresceu aqui ao lado, em Hong Kong, e falou do que é ser um cidadão de lado algum, de todos os lados. Contou histórias de baleias e de funerais chineses e explicou como é que a infância influencia o trabalho que faz agora, que é adulto feito “sem ter tido uma iniciação” à vida dos crescidos. Iniciação à queda, leia-se. Porque aí está o separador entre infância e idade adulta: a queda e as sensações que provoca.
O autor mostrou imagens e descodificou-as. Falou do seu processo de criação e dos tempos que lhe são necessários para transformar um papel em branco em mensagens para todos – as suas ilustrações e esta nova banda desenhada não são só para os mais pequenos. De novo, o regresso à infância. “Lembro-me de ter lido livros que reli passado vinte anos e aí, sim, ter compreendido a outra mensagem. Espero que aconteça o mesmo com os meus,” riu-se.
Obra apresentada, não faltou a conversa no fim. “Quando estou aí desse lado não costumo fazer perguntas, sinto-me intimidado, mas se alguém quiser saber alguma coisa mais...” E houve. Na Bloom falou-se, conversou-se, primeiro sobre aspectos mais técnicos relacionados com a arte da BD, depois sobre a queda, o direito à queda, em que é que consiste todo este “falling” de que se escreve e desenha no livro de Suart. “Todos nós sabemos que um dia vamos cair, só não sabemos quando.” Da inevitabilidade da queda. Dos diferentes tipos de tombo, do direito a cair.
No fim, à saída, com a chuva miudinha a enfeitar o Largo do Pagode do Bazar, o mais importante: as sensações que ficam. Quando escorregamos no início da vida, choramos e há sempre quem nos levante. Depois, já não há direito à queda. Ainda bem que, para alguns, não é assim. Pelo direito à liberdade.
Obra apresentada, não faltou a conversa no fim. “Quando estou aí desse lado não costumo fazer perguntas, sinto-me intimidado, mas se alguém quiser saber alguma coisa mais...” E houve. Na Bloom falou-se, conversou-se, primeiro sobre aspectos mais técnicos relacionados com a arte da BD, depois sobre a queda, o direito à queda, em que é que consiste todo este “falling” de que se escreve e desenha no livro de Suart. “Todos nós sabemos que um dia vamos cair, só não sabemos quando.” Da inevitabilidade da queda. Dos diferentes tipos de tombo, do direito a cair.
No fim, à saída, com a chuva miudinha a enfeitar o Largo do Pagode do Bazar, o mais importante: as sensações que ficam. Quando escorregamos no início da vida, choramos e há sempre quem nos levante. Depois, já não há direito à queda. Ainda bem que, para alguns, não é assim. Pelo direito à liberdade.
Bookmarkers: In Bloom, Livros / Books
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É do despertar da queda que sobra a iniciação. Pode não vir à primeira, mas vai vindo. Vai acordando, ao mesmo tempo que nos acorda também e nos torna mais vivos.