Não queria sair daqui hoje sem falar de toda esta informação que navega e que, sem medo, se vem pôr em frente aos nossos olhos. Não é um fantasma isto da Internet, isto dos Blogues. Já falei hoje do DIAS FELIZES, mas não quero deixar de referir outros espaços, porque de certo modo vêm todos ligados - ligados a mim - de onde sai aquilo a que eu chamo, nunca chamei mas estou só agora a contextualizar, de intuições de criança, aquilo que se adquire sem aprendizagem. Quer dizer, aquilo que se apreende e que salta cá para dentro sem esforço, porque se cola a nós, àquilo que nos faz e que nos forma. Não sei se me explico bem. É quase como olhar para um espelho, a questão do reconhecimento.
Talvez mais para a frente volte a este post e o complete com mais detalhe, com mais tempo, porque o merece.
- ERRÂNCIA de Lídia Aparício - Descobri-o há pouco tempo, mas logo me despertou os sentidos, todos eles. E senti-me bem, com as palavras, com as imagens, talvez com a melancolia de um tempo qualquer que passou ou que ainda está para chegar.
- PÉ DE VENTO de Paulo Esteves - Que dizer? Imagens belíssimas que habitam a poesia dos nossos olhos, como o nosso abrigo.
é a tempestade que define o sentido da casa - como abrigo, como calor. e o vento que te leva é o mesmo que te traz de volta. não como alguma coisa que exista no exterior de mim, mas como algo que me habita e me possui: uma matéria insana, fundente"
"Casa" - 25 de Novembro de 2006, às 22:25.
- SINCRONICIDADE de Luciana Melo e Vítor Real Barros - Foi de lá que retirei a imagem do Caravaggio do post anterior.
- ARQUIVOS MORTOS de Sérgio Lavos - Lembro-me do Japão quando entro aqui, lembro de um certo nevoeiro, de vozes. E quase que consigo ver as vozes por entre o nevoeiro...
- SETA DESPEDIDA de Alexandra Barreto - Guardei para último aquele que acho ser a maior referência do que quero deixar passar com esta lista. A Alexandra desapareceu, desde 31 de Outubro que não escreve, deixou mesmo assim o email. Dela retiro a mesma sintonia de que quando olho para o céu e vejo as nuvens a passar, entregando-me a elas. Aprendo a viver melhor lá no alto. A intuir o que me rodeia e o que me desperta.
Para quem só agora aqui chegou, a este mar de letras que se escrevem, aconselho a leitura completa do Seta Despedida. Para quem o fizer tenho a certeza de que o seu mundo não será mais o mesmo.
Gosto muito de conhecer rotinas de escritores, principalmente quando estes se dedicam inteiramente à escrita.
As horas a que se levantam, o que tomam ao pequeno-almoço, o número de páginas que conseguem escrever diariamente, os períodos mais produtivos durante o dia, o que fazem durante as pausas da escrita.
Como se uma espécie de segredo da criação pudesse residir oculto sob os pormenores mais banais, as superfícies isentas de acontecimentos marcantes, as regularidades mais previsíveis.
Nunca li nada de James Ellroy, o autor do romance que inspirou o filme A Dália Negra.
Mas, numa entrevista publicada no Y de sexta-feira passada, Helen Barlow perguntou-lhe o que costumava fazer num dia normal e ele respondeu isto:
«Levanto-me, bebo duas chávenas de café, sento-me e trabalho, faço mais café, exercício e alguns alongamentos, como alguma coisa, durmo uma soneca, sento-me e trabalho um bocadinho. Talvez vá visitar amigos ou falo ao telefone à noite com alguém. Muitas noites fico simplesmente deitado no escuro.»
"No Escuro" - 8 de Outubro de 2006, às 23:40.
Agradeço ainda a referência do Pedro Correia ao nosso espaço. Em tempos idos chegámos a partilhar contiguamente o mesmo espaço de trabalho. No tempo da Velha Senhora, em mil novecentos e troca o passo.
«Blogue provinciano de aspirações kierkgaardianas. admitem-se crises de adolescência em analepse e demais contrições. somos pela misantropia,pela aurea mediocritas e patinagem artística. * Ruy Belo é nosso muso e Tarkovsky merece o nosso fervor ortodoxo. perigo: este é um blog em suspensão fenomenológica! somos pelas leis proteccionistas ao ginger ale da schwepps. temos cotação no mercado de valores:consultar o cac 40. é favor não pisar os jacintos.»
Recomendo vivamente!