A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
O som da bigorna é como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação
[JOSÉ AFONSO • 1972 - TEMA DEDICADO AO POETA JOSÉ DIAS COELHO, ASSASSINADO PELA PIDE EM 19 DEZ 1961]
Bookmarkers: Música / Music, Português, Revolución, Taste it, The Greatest, Vida / Life
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