Papoilas. Lírios. Rosas. Brincos-de-princesa.
Lembro-me de cheiros diferentes que se misturavam, tornando-se impossível distinguir. Cheiros que me invadiam enquanto circulava por diferentes jardins e parques em busca do conjunto de flores perfeitas.
O meu pai perguntava: "Estas servem?" Aproximava-me lentamente, absorvia o aroma, observava a cor, o formato e a textura. "Sim, servem", respondia, dependendo da sensação que me causassem.
No fim do dia, tinha conseguido reunir cheiros doces, frescos, acres, todos no meu caderno. Orgulhosa, entreguei-o à professora, com a sensação de dever cumprido.
Claro que, com o passar do tempo, os cheiros daquele caderno alteraram-se, mas, na minha memória, permanece o aroma daqueles campos abertos cheios de flores. Como se fosse o espelho da minha infância.
Luciana Leitão • Jornalista
Bookmarkers: Albergue, Bloom Exclusives, Literary Studies, Português, Taste it
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