Sempre perto das letras

Uma das boas notícias dos últimos dias foi a certeza de que a Revista Ler não desapareceu e vai surgir revitalizada de novo pela mão de Francisco José Viegas. Por essa razão retiramos hoje da nossa estante este livro que colocamos aqui num texto elaborado pelo Jornal A Voz do Minho.
Nas cerca de 200 páginas que compõem "Longe de Manaus", vamos encontrar mais um caso de investigação a cargo de Jaime Ramos, o detective dos anteriores policiais de Francisco José Viegas. Desta vez com a certeza, porém, que o autor do crime não é uma mulher. Depois de iniciar uma investigação sobre a morte de um homem desconhecido encontrado num apartamento dos arredores do Porto, Jaime Ramos, a partir de um passaporte que encontra na casa da vítima, é levado a percorrer caminhos que o transportam entre Portugal, o Brasil e a memória de Angola. Nesse triângulo vivem personagens solitárias que desaparecem sem deixar rasto e cujas biografias tenta reconstruir a partir do nada, socorrendo-se apenas da sua imaginação. Esse percurso transportará o leitor da Beirute do século XIX até ao coração da Amazónia e à Manaus contemporânea, do Porto a São Paulo, de Luanda ao Rio de Janeiro e ao Amapá, da guerra de Angola e da Guiné aos apartamentos vazios onde são recolhidos cadáveres, memórias e silêncios.
Há homens sem biografia nem memória, mulheres que desafiam o conformismo e a mediocridade do seu pequeno mundo, seres humanos que perderam todas as ilusões e se limitam a procurar não morrer. Este cruzamento de geografias e de tipos humanos provoca alucinações no próprio narrador, que ora escreve em português de Portugal, ora em português do Brasil, e no investigador Jaime Ramos, que é obrigado a inventar histórias de perdição para que o seu mundo tenha algum sentido.
Reconstruindo a própria linguagem do romance policial, subvertendo as suas regras, escrito em tons e linguagens distintos, Longe de Manaus é o “romance da solidão portuguesa, o retrato distante e desfocado de um país abandonado às suas memórias e ao seu desaparecimento”, confessa o autor.

SOBRE O AUTOR
Francisco José Viegas nasceu em 1962, em Lisboa. Foi professor universitário e jornalista, nomeadamente director das revistas Ler e Grande Reportagem. Actualmente é escritor e colaborador freelancer de vários jornais e revistas (entre os quais, Jornal de Notícias, Elle, Ler, Grande Reportagem, Volta ao Mundo), trabalhando também para a rádio (Antena Um) e para a televisão (RTP, Livro Aberto, depois de ter sido autor e apresentador de Escrita em Dia, Ler para Crer, Primeira Página, Avenida Brasil, Prazeres ou Um Café no Majestic).
É autor de diversos livros de poesia, de livros de viagem e de romances publicados pela ASA, editora com quem trabalha há 13 anos. Antes de “Longe de Manaus” publicou: As Duas Águas do Mar, Um Céu Demasiado Azul, Morte no Estádio, Um Crime na Exposição, Um Crime Capital, Lourenço Marques. Tem livros publicados na Alemanha, no Brasil e em França.


Longe de Manaus, de Francisco José Viegas • EDIÇÕES ASA

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