Pinga água por todo o lado. Ele levanta a cabeça para ver a chuva que cai sobre o alpendre. No pátio, no exterior, estão dispostas peças de máquinas agrícolas e uma charrua desmontada que já não serve. Dois cães mostram-lhe os dentes. Volta a entrar em casa. O tecto é muito alto, de alto a baixo a divisão está cheia de fardos de palha. No centro deste celeiro sombrio, uma mesa de cozinha comprida à volta da qual está sentado um grupo de raparigas, cada uma com uma expressão diferente no rosto, e nos olhos, nariz, pestanas, faces, cantos da boca, orelhas, restos de farinha. Amassam a massa entre as mãos cantando, mergulhadas numa profunda tristeza. Na frente de uma jovem esbelta de longas tranças, está pousado, em frente de um espelho, um candeeiro a óleo protegido por uma bandeira. Uma camarada desfez-lhe as tranças e penteia-lhe o cabelo. Ele aproxima-se institivamente do espelho e vê a tesoura cortar os cabelos compridos. Ouve os cães a ladrar.
GAO XINGJIAN em UMA CANA DE PESCA PARA O MEU AVÔ
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