É sempre curioso o método ou o próprio acaso que nos faz escolher o nome das personagens. É quase como escolher o nome de um filho. Depende sempre de uma enorme série de factores. Se é inédito, se é bonito, se tem uma ligação familiar, etc. Nas personagens o campo também está sempre muito lavrado e é preciso reflectir nas consequências. Se chamarmos a alguém Herman, Pombal ou Eusébio, a imagem desse nome fica automaticamente marcado, agarrado a uma figura que já conhecemos, e durante o livro todo essa imagem, quer se escreva ou se leia, não nos sai da memória.
O livro "Longe de Manaus", de José Francisco Viegas, pelo meio tem um Isaltino. De pronto visualizei um homem a dar para o forte, de bigode ou mesmo barba, um cabelinho daqueles e uns óculos que mudam de cor conforme a intensidade da luz. Ah! E um fato de xadrez amarelado. Não sei se foi a intenção do autor construir essa alusão. Mas isto não deixa de ser um ficção, deslocarmos as personagens para o nosso mundo particular. Por essa razão é que a leitura, e a escrita, é uma expressão pura de criatividade e imaginação. Vive com determinação colada a uma espécie de sonho.
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