Parabéns Agustina

"Esta é a minha história que a memória abreviou, quando não é que a modéstia a repreende."

Esta é a frase com que Agustina Bessa-Luís descreveu este livro, em que fala sobre a sua vida, família e locais onde habitou.
A Guerra e Paz Editores lança hoje "O Livro de Agustina", uma reedição da autobiografia da escritora Agustina Bessa-Luís, disse hoje à agência Lusa fonte daquela empresa editorial. O volume, que inclui diversas fotografias dde família da escritora, é lançado por ocasião dos 85 anos de Agustina Bessa-Luís, que se cumprem no dia 15 de Outubro, hoje portanto. A presente reedição apresenta-se em formato mais pequeno do que a edição original, publicada pela Três Sinais em 2002, altura dos seus 80 anos.
"Não está prevista qualquer apresentação de lançamento desta reedição devido ao estado de saúde da autora, doente há mais de um ano, o que impossibilita a sua presença nas sessões", disse à Lusa a fonte da Guerra e Paz.
Agustina Bessa-Luís, nascida em Vila Meã, Amarante, a 15 de Outubro de 1922, tem-se dedicadoquase inteiramente à criação literária e desde sua estreia em 1948, com o romance "O Mundo Fechado", a que se seguiriam mais 46 romances, seis biografias, seis peças de teatro e numerosos obras de crónica, ensaio e memórias, tendo desde o começo mantido um prolífico ritmo de publicação. Além da actividade literária, a escritora envolveu-se em diversos projectos, como Comunidade Europeia dos Escritores (1961-1962), de cujo conselho directivo dois membro. Colaborou em várias publicações periódicas, tendo sido entre 1986 e 1987 directora do diário O Primeiro de Janeiro (Porto), enquanto entre 1990 e 1993 assumiu a direcção do Teatro Nacional de D. Maria II (Lisboa) e foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social. É membro da Academia Europeia das Ciências, das Artes e das Letras (Paris), da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa (Classe de Letras), tendo já sido distinguida com a Ordem de Sant`Iago da Espada (1980), a Medalha de Honra da Cidade do Porto (1988) e o grau de Officier de l`Ordre des Arts et des Lettres, atribuído pelo governo francês (1989). Em 2004, com 81 anos, recebeu o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa.
Nesta edição autobiográfica, que comemora este seu aniversário, a autora de "A Sibila" ajuíza sobre a sua vida, família e locais habitados e o seu álbum de família, com muitas imagens inéditas.
A Bloom aqui do longínquo Macau deseja um feliz aniversário a Agustina.
[TEXTO LUSA & GUERRA E PAZ com a Bloom]

Agustina por ela própria:
Eu pensava que a minha mãe não era uma pessoa justa, faltava-lhe a independência que faz a alma imortal. Achou sempre, e meu pai também, que o meu talento era devido a meu irmão e que eu o usurpara, como Jacob a Isaú. Contudo, meu pai mandou dactilografar o meu primeiro romance, e ainda hoje me pergunto o que foi feito dessa senhora Champollion que decifrou o que eu escrevi.
Viciei-me na leitura, minha mãe achava que eu estava a isolar-me demasiado, a perder o contacto com a realidade. Dava-me tarefas caseiras, vestia-me à inglesa com saias de pregas e peúgas pelo joelho. Eu queria que me deixassem em paz com o Cagliostro e a du Barry e outros. Gente perversa e fascinadora. Hoffmann também, e as suas fantásticas narrativas.
Como se podia escrever assim? Era um milagre, uma criação do mundo. Escrevi o Mundo Fechado enquanto a minha filha dormia; a cozinha era de telha vã e havia um ratinho esperto ao qual eu punha comida na despensa todas as noites. E lá vinha o aroma das tílias anunciando os exames e o seu terror laureado de esperanças.
O Livro de Agustina, de Agustina Bessa-Luís • GUERRA E PAZ • 15 DE OUTUBRO DE 2007

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