Os ouvintes d’A história devida, o programa diário da Antena 1 (RDP) que Miguel Guilherme e Nuno Artur Silva apresentam, tornaram-se, tal como a equipa do programa, coleccionadores de histórias – gente que escreve e ouve histórias todos os dias e que dificilmente abdica dos três minutos de rádio em que a voz de Miguel Guilherme dá vida a personagens e episódios reais.
Esta antologia de algumas das histórias lidas n’A história devida até Julho de 2006 obedece às várias “regras” de um programa baseado num conceito posto em prática por Paul Auster nos Estados Unidos e que deu origem ao livro Pensei que o meu pai era Deus: são histórias curtas, concretas e reais, sem restrições de conteúdo nem de forma. E isso significa que este livro é feito de episódios cómicos, tristes e brutais; gaffes hilariantes e mágoas profundas; pequenos e grandes dramas; coincidências bizarras e inesperadas; sonhos, pesadelos, pressentimentos, intuições ou premonições; mas também de histórias sobre a velhice e sobre a infância, sobre a amizade, o ódio e o amor. Muitas têm a forma de diálogos, narrativas e pequenos relatos; algumas são escritas num estilo seco, outras num estilo irónico ou sincero… A lista de possibilidades é infinita e este livro, mesmo reunindo apenas algumas das histórias lidas n’A história devida, é prova disso. Disso e da única certeza que tem guiado este projecto – toda a gente tem uma história para contar.
Histórias Devidas, Antena 1 e Produções Fictícias • ASA • 2006
Bookmarkers: Escritores / Writers, Livros / Books, Português, Vida / Life
A natureza que nos rodeia já não é composta de árvores e passarinhos, mas de fotografias, imagens televisivas, imaginários virtuais.
Embora se pense geralmente a cultura como produto exclusivo da sensibilidade individual, na verdade, a tecnologia tem um efeito determinante nas formas de expressão criativa. Não só pela constante introdução de novas e revolucionárias ferramentas, pense-se por exemplo no aparecimento da fotografia ou do cinema, mas porque é através do olho tecnológico que o mundo nos é revelado. Hoje, embora persistam abordagens nostálgicas e conservadoras da representação romântica, a paisagem contemporânea é essencialmente mediática. Ou seja, a natureza que nos rodeia já não é composta de árvores e passarinhos, mas de fotografias, imagens televisivas, imaginários virtuais.
Nestes últimos anos o processo de mediatização do real tem sido acelerado com a generalização do computador e, em particular, da Internet. E a sua influência começa a sentir-se na produção cultural, mesmo se a cultura contemporânea se caracteriza por uma lógica de resistência ao novo e forte conservadorismo ideológico.
Na literatura, o conceito de hipertexto promete fazer os maiores estragos. Ainda que a maioria continue a escrever numa única camada narrativa, alguns autores conseguem passar para o livro uma escrita de múltiplos registos, ligações, interacções e sobreposições que caracterizam o designado hipertexto. Um desses poucos autores, entre nós, é o Henrique Garcia Pereira. Professor e investigador do Instituto Superior Técnico tem produzido livros que não se reduzindo à designação corrente de romance ou conto, também não se podem ler como mera divulgação científica. São livros muito inovadores, no conteúdo e na forma, e ao contrário de tanto experimentalismo, bastante atraentes na leitura. «Arte recombinatória» de 2000 e «Apologia do hipertexto» de 2002 (prémio revelação APE), foram as primeiras obras. Agora, com «A matéria de que são feitos os sonhos», Garcia Pereira acrescenta mais uma deambulação em direcção a um novo tipo de literatura, fortemente embebida no universo dos novos saberes da ciência e na Internet, ou seja, no tempo contemporâneo.
O tema é tudo menos politicamente correcto. Trata-se de falar do fumo, do prazer de fumar e de toda uma galáxia de apetrechos, lugares, encenações, vivências em torno desse objecto persistente que é o cigarro. O resultado é uma viagem não-linear pela história do agora malfadado vício, onde a cada página nos deparamos com peripécias, citações, referências, personagens e ideias. E também, muitas imagens, as quais, mais do que simples ilustrações, são peças essenciais numa espécie de nuvem de fumo narrativa de que se faz o livro. Garcia Pereira é exímio a recombinar saberes com vida, teses com impressões, dados com imaginário. Num registo que surpreende. Numa época em que se perseguem e ostracizam os fumadores, seria de esperar um texto moralista em defesa dos resistentes. Mas o livro não faz a apologia do fumo, não defende direitos humanos, não é panfletário. Coloca-se antes num outro plano bastante mais radical e subversivo. O da vida e dos prazeres experimentados. O das cumplicidades, em particular com essa vastíssima multidão de fumadores célebres que, de forma tão marcante e estética, contribuíram para criar a própria imagem da cultura urbana ocidental.
Num único momento Garcia Pereira analisa a questão da polémica sobre o tabagismo. Quando fala das doenças neste mundo moderno recheado de perigos, desinformação e contaminação generalizada. Sendo certo que o tabaco é prejudicial à saúde, não é menos certo que perante a grande poluição, da vida, das terras e dos oceanos, permitida e legitimada pelos estados, não tem qualquer paralelo. Em resultado as pessoas convivem e adaptam-se ao risco. E disso não há melhor imagem do que uma anedota contada no livro. Um homem que vai comprar cigarros recebe um pacote com a tarjeta «Fumar causa impotência sexual». Então virando-se para o empregado diz: «Não tem antes um daqueles que causam o cancro?»
[POR LEONEL MOURA NO JORNAL DE NEGÓCIOS]
A Matéria de que São Feitos os Sonhos, de Henrique Garcia Pereira • TEOREMA
Bookmarkers: Environment, Escritores / Writers, Livros / Books, Português
Forever falling night is a known
Star and country to the legion
Of sleepers whose tongue I toll
To mourn his deluging
Light through sea and soil
And we have come
To know all
Places
Ways
Mazes
Passages
Quarters and graves
On the endless fall.
Now common lazarus
Of the charting sleepers prays
Never to awake and arise
For the country of death is the heart's size
BY DYLAN THOMAS
Bookmarkers: English, Escritores / Writers, Mundo / World, Poem
ON MACAU CLOSER
A comprehensive encyclopedic history of gambling since the mystical knowledge of Stone Age. It goes from the ancient origins of odds and evens as an divination "game" until the bustling online gambling of our times. Schwartz is a historian at the University of Nevada and tells the epic story of gambling arguing that was always a crucial part of the evolution of Man.
David G. Schwartz • Roll the Bones: The History of Gambling
Gotham • Reprint edition (October, 2007) • Paperback • 592 pages
From the opening pages of After Dark you immediately jump into a story where you travel as a movie camera. Going back and forward, flying through a scope of characters that live between the interruptions of time as night falls into darkness. You are the observer. You can see, you can feel, but you cannot intervene. A shift of secrets between two sisters flakes into a mistery story full of humor and psychological tension where love plays with compassion. The hypnotic Murakami at his best.
Haruki Murakami • After Dark
Harvill Secker • ISBN: 1846550475 • Paperback • 208 pages
Building physical barriers to try to solve political or ethnic conflict proved be a drastic and unrealistic solution in the past. From day to dawn Israel built a wall in the Palestine territories that flows now for a distance of 650 kms and its silence is felt in every corner of the world like a stain of human disruption. Since October 2003, the Berlin-based and awarded photographer Kai Wiedenhöfe as been the testimony of this new path composing the fragments of the people that suddenly could not shake hands with their neighbors.
Kai Wiednhöfe • The Wall
Steidl • ISBN: 3865211178 • Hardcover • November 2006
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In the Gospel of John, Lazarus, also called Lazarus of Bethany or Lazarus of the Four Days, was a man who lived in the town of Bethany. The sisters are immediately identified: "Mary was the one who had anointed the Lord with perfumed oil and dried his feet with her hair; it was her brother Lazarus who was ill." So the sisters sent word to Jesus that the one he loved was ill. Jesus tarried where he was, and when he arrived, he found that Lazarus had already been in the tomb for four days, and Martha reproached him. When Jesus assured her that Lazarus would rise, she took his meaning for the resurrection on Judgment Day, to which he replied, "I am the resurrection, and the life: he that believeth in me, though he were dead, yet shall he live: And whosoever liveth and believeth in me shall never die". In the presence of a crowd of Jewish mourners, Jesus had the stone rolled away from the tomb and bade Lazarus to come out, and so he did, still wrapped in his grave-cloths. Jesus then called for his followers (friends and family alike) to remove the grave-cloths. The narrator claims many other Jews were convinced of Jesus' divinity after visiting Lazarus, but says no more of the individual.
[SOURCE WIKIPEDIA]
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Composto por sete sessões realizadas em seis universidades portuguesas, o Colóquio "Saberes Partilhados: O Lugar da Utopia na Cultura Portuguesa", realizado entre Março e Maio de 2005, promoveu o diálogo interdisciplinar entre diferentes centros de investigação nacionais. O volume que agora se publica espelha os trabalhos então desenvovidos. Pela sua estrutura, mais do que fornecer respostas, o livro levanta questões: é esse o resultado inevitável da partilha de saberes. A importância dessa partilha pode ser medida pelas janelas que, no final de cada sessão, se foram abrindo sobre um horizonte utópico português, apreendido a cada passo como sendo cada vez mais vasto e mais interessante.
O projecto sobre a Utopia funda-se na constatação de que o pensamento utópico português, e em particular a utopia literária em Portugal, não têm suscitado a merecida atenção por parte da comunidade científica. O estado lacunar do nosso conhecimento destas matérias tornou-se por demais evidente após a identificação de certo número de textos utópicos, dos séculos XVIII a XX, até então ignorados. E é incontornável, por outro lado, a existência de uma tradição utópico-profética, informada por temas como o Sebastianismo e o Quinto Império, que permeia o pensamento português de Bandarra e Vieira a Agostinho da Silva. Assim, o projecto encarna uma ambição de pesquisa sistemática e exaustiva, implicando vários objectivos, designadamente: proceder a um levantamento exaustivo de textos de carácter utópico, portugueses e publicados ou com circulação em Portugal, da Idade Média ao século XX; publicar edições críticas de textos raros e relevantes para uma reapreciação da história do pensamento utópico em Portugal; reexaminar o lugar do pensamento utópico português no contexto mais vasto do pensamento ocidental, numa perspectiva comparatista.
Empenhada que está no desenvolvimento do campo dos Estudos sobre a Utopia no nosso país, a equipa do projecto desenvolveu um sítio na Internet e lançou a primeira publicação periódica sobre o tema - E-topia: Revista Electrónica de Estudos sobre a Utopia, que podem ser encontrados aqui: www.letras.up.pt/upi/utopiasportuguesas.
Saberes Partilhados O Lugar da Utopia na Cultura Portuguesa • Fátima Vieira
QUASI EDIÇÕES • ENSAIO • 2007 {à venda na Bloom}
Bookmarkers: Livros / Books, Mundo / World, Português
«To make a visual work succeed, both sides need to be satisfied — the creator and the audience. It’s very important that when an audience sees a work, they respond. They should really feel something from the bottom of the heart. Not like, “Oh, that’s so cool,” but a real emotional touch. If you as the creator feel that same emotion, it becomes complete. That’s what makes a work succeed.»
Qian Qian
A escrita de Luiz Pacheco sempre conteve elementos diarísticos. Não somente porque o escritor utiliza elementos pessoais nos textos mas também porque existe uma imagem de Luiz Pacheco que precede (e às vezes substitui) a leitura dos seus textos. Diário Remendado 1971-1975 é apenas uma concretização mais imediata dessa ideia. Depois de várias tentativas abortadas ou abandonadas, este diário vem finalmente a lume, com fixação de texto e posfácio de João Pedro George, biógrafo pachecal e seu discípulo em virulência crítica.
Um diário de Luiz Pacheco é como qualquer outro livro de Luiz Pacheco há prosa de primeira água, há vernáculo desabrido, há detalhes desnecessários, há um narcisismo cruento (cito) que sublinha a imagem desgraçada do escriba sujo, endividado e esfomeado, aqui escrevinhando na sua cama em Massamá nos anos setenta. Luiz Pacheco não é apenas esta imagem, mas vive muito dessa imagem "bêbado, maluco, panasca, teso". Aqui aparece esse sem disfarces esse Pacheco eternamente teso (nos dois sentidos) e obrigado a ganhar o cacau em biscates como traduções ou artigalhadas. Mas também fazendo reedições aldrabadas ou de luxo porque sabe que tem um público que paga tudo e papa tudo. E recorrendo a uma pedinchice constante entre mecenas, amigos, assinantes. Algumas passagens deste texto parecem apenas uma contabilidade de ganhos e gastos, natural em quem conta tostões.
Meio projecto ambicionado e meio projecto falhado, este Diário Remendado é assim uma acumulação sem disciplina de episódios pícaros, inventividade estilística, interlúdios oníricos, desabafos políticos, anotações literárias (Ba- taille, Beckett, Lawrence, Lowry, Sade, Sartre, entre outros) ou momentos anedóticos (exemplo os textos de Marx que curam a asma ao asmático Pacheco).
Diário de 1971 a 1975, com referências ao meio intelectual da época. Era um livro esperado há anos. Luiz Pacheco foi uma das mais controversas personalidades da cultura portuguesa e uma das suas maiores figuras de culto.
[OU MUITO ME ENGANO OU ESTE TEXTO É DO PEDRO MEXIA]
Diário Remendado 1971-1975, de Luiz Pacheco • PUBLICAÇÕES DOM QUIXOTE
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2008 Moleskines Diaries will be with us soon. Our dear planners that we got so used to are almost ready. Would you like to pre-order yours? Do it here! :-)
Bookmarkers: In Bloom, Vida / Life
The Happy Birthday
Nada.
“Can you hear me?” – Não queria responder. Nem com um sorriso. Nem ao lembrar-me da viúva a amaciar a boca num creme seco de bolo e a olhar para mim com os dentes esquecidos no tabuleiro da cozinha. As gengivas a dizerem “Olá”. Ou se calhar a dizerem “olha lá, não queres ajudar-me a dar uma dentada?”. Cada um cumpre o destino que lhe cumpre, a pensar que os dentes não me serviam para nada. Que não me importava o bolo, mas o sorriso apenas, com as suas pedras todas soltas. A sorte, sabia, estava para vir, amanhã, no dia seguinte, ou depois. “Deseja-se o destino que se deseja”, assobiava o motorista que me levava, no travão do seu sapato. Isso sabia eu. E sabia, que assim, nem se cumpria o que se desejava, nem nunca o que se desejava se iria algum dia cumprir. O que não era verdade. Também não importa, a verdade não existe. Nem a dor é real, nada é. A única verdade é que a realidade é o refúgio da imaginação. Onde ela se esconde. E mesmo isso sou só eu a dizer.
Eu não sei dizer.
“Ground Control here, do you read?” – Os arrepios da linha, o caminho que não me importava, povoavam-me o coração com intimidades alheias, ajeitando-lhe os canteiros. Que parvoeira, as coisas que se dizem. A imperfeição da sua traça fazia-me feridas no peito, que de imediato se acorrentavam à pele. E o médico dizia “não há nada a fazer, é de lá, não está cá, já se foi…”. Eu que sonhava com um amor irrequieto, tão tolo que era, a jorrar uma sangria da cabeça aos pés. Eu que amava os meus sonhos, e apenas isso. Não enganava ninguém, por pensar assim. E adorava a realidade quando adorava os meus sonhos. Era só aí que ela se punha de pé e existia, escalando por mim acima. A realidade era uma mulher deitada na última carruagem que se mexia em fúria no topo do meu corpo. Só conhecia o meu nome, de o ouvir dizer, nada mais. Queria saber de que quem era a roupa que eu usava. Onde tinha arranjado o meu cheiro. Que poeira era aquela que girava sempre à minha volta. A mulher não tinha nome, fazia apenas parte do meu destino, uma fraca luz, a ser cumprido artificialmente com a ajuda da electricidade. E quando me fundia apagava-me na sorte do meu desejo. E que pior desejo. A ligação estava fraca. Apertada nos passos imóveis em que me deixava levar, com os cordões soltos, despejados à dentada numa cara qualquer. “Seriam beijos se beijar soubesse”, disse-me o doutor mais tarde. Esquecia-me de quase tudo. Tudo o que valia e não valia. E vinham listas do que sabia e do que não sabia. Do que era bom, do que era mau. Papéis que fui riscando e deitando fora quando perderam o uso. Gavetas cheias. Isto sim, isto não. Até chegar o Gigante.
“Check ignition now” – rugiam uns monitores no lado de cá do espaço. “Can you hear me?” – e o som que não queria ouvir agarrou-se-me ao pescoço, aos sopros. Lembrava-me de repente que talvez pudesse estar surdo, que seria melhor se estivesse. O silêncio seria maior que o mundo, seria tudo, e aí podia olhar sem descanso para as mãos da viúva que cosia os cabelos de um homem na cabeça de um cão. Que lhe retirava os braços para os deixar cair na orla da testa. Quando tropecei no Gigante, todas as minhas folhas caíram e o mar deixou de prometer paz à terra. O sossego passou a ter uma voz estranha, cheia dos sussurros das marés. Perguntei-lhe pelo tempo que ele empurrava para trás e o espaço que nem lhe chegava aos pés. E esquecia-me do atravessar da rua, esquecia-me de lhe dizer “Olá”, esquecia-me do dia seguinte e do amanhã. Se a verdade existisse seria essa, ao menos teria um traço que revelaria as dimensões verdadeiras da vida para que me lembrasse sempre dela, esquecendo-a no imediato. Deu-me anos, o Gigante, coisas para recordar, sorrisos que nunca vou conseguir pendurar. Lembro-me dos cafés. De me sentar lá dentro. De abrir a porta para os pássaros poderem voar. O creme seco dos bolos a escorrer-me do bico, de olhos virados para o Gigante. Na primeira manhã o sol perdeu-se no branco e saltou por entre as árvores. O céu desfez-se em azul e o aço da poeira fugiu.
“I can read you”, respondi, “I can hear you”. A linha não estava cortada, estendera-se, clara como a água fresca, e comecei a flutuar com o passo firme. Eu sei para onde vou agora, sei que vou tomar o caminho mais longo, mas nada disso importa. O Gigante vem dentro de mim no banco de trás da carruagem a seguir o meu próprio caminho. Acima de qualquer tempo, acima de qualquer sentir. No café todos falam, todos gritam. Percebo-os finalmente, são apenas gente, fazem apenas parte do espaço, do campo que não é meu mas que, por ser igual, por ter uma forma idêntica, frequento. Interessam? Talvez não. A imaginação poderá dar-lhes um disfarce real mas o que sobra é apenas a roupa que vestem e o cheiro que têm. O seus únicos refúgios. Nem na aparência de um tronco de árvore conseguem sobreviver. Mas estendidos na relva com o Gigante o ar salta de uma outra forma. Para sempre.
PUBLICADO NO JORNAL HOJE MACAU EM 13-MAI-2005
Bookmarkers: Bloom Exclusives, Português, Ring Joid, Taste it
Não deixar de ler hoje a entrevista concedida ao Tai Chung Pou português por José Santos, um dos administradores e fundadores da editora Guerra e Paz, e a quem a Bloom envia daqui um abraço.
• PRIMEIRA LIGAÇÃO (o site do TCP)
• DO OUTRO LADO DO MUNDO (no site da Guerra e Paz)
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The Grandmothers is the first of Doris Lessing's titles to arrive to Bloom after the announcement of the Nobel prize winner. More are coming, but this you can already take later today. Is a Harper Collins paperback edition that goes unnoticed with you to read until dawn claims the light of the day.
With the four short novels in this collection, Doris Lessing once again proves that she is unrivalled in her ability to capture the truth of the human condition.
In the title novel, The Grandmothers, two friends fall in love with each other's teenage sons, and these passions last for years, until the women end them, vowing a respectable old age. In Victoria and the Staveneys, a young woman gives birth to a child of mixed race and struggles with feelings of estrangement as her daughter gets drawn into a world of white privilege. The Reason for It traces the birth, faltering, and decline of an ancient culture, with enlightening modern resonances. A Love Child features a World War II soldier who believes he has fathered a love child during a fleeting wartime romance and cannot be convinced otherwise.
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Everybody who is anybody is seen at Jay Gatsby’s glittering parties. Day and night his mansion on West Egg buzzes with bright young things drinking, dancing and debating his mysterious character. For Gatsby – young, handsome, fabulously rich – always seems alone in the crowd, watching and waiting, although no one knows what for. Beneath the shimmering surface of his life he is hiding a secret: a silent longing that can never be fulfilled. And soon this destructive obsession will force his world to unravel.
[STAY TUNED, THIS MARKS THE START OF THE GREATEST BLOOM PROJECT SO FAR]
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Bookmarkers: Bloom Exclusives, Macau, Mundo / World
Há 57 por cento de portugueses a ler livros, revela um estudo, "A leitura em Portugal". Mas apenas lêem entre duas a cinco obras literárias por ano. O secretário de Estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho, manifestou-se hoje optimista com os resultados do estudo mas sublinhou que é preciso intensificar o apelo à leitura.
Em declarações à agência Lusa no dia em que é divulgado o estudo sobre "A leitura em Portugal", Mário Vieira de Carvalho referiu que é preciso "criar no espaço público, fora da escola, incentivos para que as pessoas procurem mais os livros".
Para o secretário de Estado, "as estatísticas põem em evidência que continua a haver desequilíbrios que é preciso corrigir", referindo-se à discrepância entre o volume da edição e o que é lido em Portugal.
No seu entender, os incentivos à leitura passam pela rede de bibliotecas públicas, que, nos últimos anos, "conseguiram corrigir assimetrias entre grandes centros urbanos e periferias e têm sido um contributo decisivo para promover a leitura".
Desde 1987, o estado investiu mais de 64 milhões de euros na rede de bibliotecas públicas, que conta actualmente com 157 espaços.
Até ao final de 2008, o ministério da Cultura conta inaugurar mais 20 bibliotecas públicas.
[ESTA É UMA NOTÍCIA RETIRADA DO PÚBLICO]
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Realiza-se amanhã, Quarta-feira dia 24 de Outubro, uma cerimónia fúnebre, com missa de corpo presente, em homenagem a Eurico Ferreira.
Será realizada pelas 18.00 na Casa Mortuária Diocesana na Avenida do Almirante Lacerda, junto ao Canídromo.
A todos aqueles que queiram manifestar o seu sentido apreço por este nosso amigo esta será a última oportunidade. Seguindo o seu desejo não será realizado um funeral e o corpo de Eurico será cremado posteriormente.
E com pena os dias seguem o seu rumo. O nosso bairro perdeu umas das suas figuras mais simbólicas e ficou, e ficámos todos nós, mais pobre com o seu desaparecimento.
Voltaremos a ele, aqui, ainda, muito mais vezes.
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Anne Enright was the Booker Prize Winner this year, with "The Gathering".
The Gathering is a family epic. It is also a sexual history: tracing the line of hurt and redemption through three generations - starting with the grandmother, Ada Merriman - showing how memories warp and family secrets fester. This is a novel about love and disappointment, about thwarted lust and limitless desire, and how our fate is written in the body, not in the stars.
Anne Enright was born in Dublin, where she now lives and works. After studying creative writing under Malcolm Bradbury and Angela Carter at the University of East Anglia, she worked for six years as a TV producer and director in Ireland. She is married to the actor Martin Murphy. She has published one collection of stories, The Portable Virgin, which won the Rooney Prize, and three previous novels, The Wig My Father Wore, What Are You Like? and The Pleasure of Eliza Lynch. What Are You Like? was shortlisted for the Whitbread Novel Award and won the Encore Award. Her first work of non-fiction, Making Babies: Stumbling into Motherhood, was published in 2004.
Bookmarkers: English, Escritores / Writers, Livros / Books, Taste it
Se sabemos que existe logo se pensa
0 comments Semeado por / Sowed by: Bloom * Creative Network at 10:31Quando um livro de contos começa com uma preciosidade de cinco páginas chamada Deram-nos a Terra, e logo aí justifica a sua existência como obra, quer dizer que a mão que lhe deu forma não brincava à literatura quando o escreveu.
Poucos serão os escritores com obra tão breve como Juan Rulfo (este livro de contos mais a novela Pedro Páramo são toda a sua produção literária) capazes de o superar em influência e importância. Rulfo é para a literatura de língua espanhola o que William Faulkner é para a de língua inglesa. Um instante de renovação que marca o futuro.
A Planície em Chamas de Rulfo surge em português, editado pela Cavalo de Ferro, no ano em que se cumpre o cinquentenário da sua primeira publicação no México - na reedição, em 1970, seriam incluídos mais dois contos - A Herança de Matilde Arcángel e O Dia do Desmoronamento - aos 15 que dele faziam parte inicialmente.
Rulfo não se interessava pela cidade, apesar de ter chegado à capital do México ainda cedo. O seu universo era o campo e a sua linguagem a popular. O que ele queria era «utilizar a linguagem do povo», essa que tinha ouvido dos mais velhos e «que continua viva até hoje».
Escrita seca e áspera como a terra por onde andam as suas personagens: mortos para ser ou mortos já. A paisagem é cruel, inclemente, povoada por habitantes sem remorsos. Para contar as histórias, recorre-se muitas vezes à personagem que narra em monólogo à que se mantém como ouvinte. Um outro que somos nós.
Tal como em Pedro Páramo, onde um morto contava a história como se estivesse vivo sobre uma aldeia de fantasmas, de almas penadas, também aqui Rulfo abdica do espaço e do tempo como coordenadas reais e coloca as suas personagens num tempo e geografia indefinidos. Que acabam e começam com cada conto; ou não começam, nem acabam, apenas ficam suspensas à espera do leitor.
Histórias de malparidos; de condenados; de foragidos; de seres humanos a quem nem o Sol dá uma ajuda. De gente que morre porque é mais fácil morrer; de vida que apenas é corrida desenfreada para o ataúde.
A paisagem aqui é marcada apenas pela terra dura e ingrata, sempre a exigir mais do que a dar. E pela água. Por inundações ou pela seca. Morrem vacas na enxurrada, mingua a ração e tornam-se fantasmas as aldeias pela falta de água e nós agarrados a essa narrativa escorreita, pele e osso, a ver morrer gente e a ouvir contar histórias de tristeza. «Não, o llano não é coisa que sirva. Não há aqui nem coelhos nem pássaros. Não há nada. A não ser umas quantas acácias raquíticas e uma ou outra manchinha de pasto com as folhas enroscadas; a não ser isso, não há nada.»
[António Rodrigues in Diário de Notícias]
Juan Rulfo foi um dos grandes escritores latino-americanos do século XX e nas suas obras apresenta-se uma combinação de realidade e fantasia, cuja acção se desenrola em cenários sul-americanos, e as suas personagens representam e reflectem o típico do lugar, com as suas grandes problemáticas socioculturais entretecidas com o mundo fantástico.
Muitos dos seus textos têm sido base de produções cinematográficas.
A partir de 1946 o autor dedicou-se também à fotografia, médium com o qual realizou notáveis composições.
Foi um incansável viajante e obteve prémios como o Prémio Nacional de Literatura no México em 1970 e o Prémio Príncipe de Astúrias em Espanha em 1983. Faleceu no México em 1986.
A Planície em Chamas, de Juan Rulfo • CAVALO DE FERRO • TRADUÇÃO DE ANA SANTOS
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JASON COWLEY: I saw you perform Blemish at Festival Hall, in London, in the summer of 2003.Your audience listened respectfully, as they always do. But I remember at the start of the second half of the show, when you began by singing one of your old songs, The Other Side of Life, from Quiet Life, there was a huge cheer. It was so loud that you could have heard it from the top of the Millennium Wheel.
DAVID SYLVIAN: It was probably a cheer of relief [we both laugh]. Blemish is an album that people have to work at. That people are prepared to do just that, to spend some time getting to grips with it – well, that’s an act of true generosity on their part.
JC: What do you think of the remix album, The Good Son vs The Only Daughter?
DS: I’m happy with it. Remix albums are, in general, only ever moderately successful: the person commissioned to do the remix would generally prefer to be working on his own material than being paid to work on someone else’s. In this instance, the remix gave us an opportunity to build relationships with artists like Akira [Rabelais] and Burnt [Friedman] that could lead to future collaborations. It gave us a chance to discover if we spoke the same language, if you like.
JC: To listen to Blemish is to discover an artist engaged in the complicated process of remaking himself. I was shocked when I first heard it. It sounded like nothing you had done before.
DS: When I began work on Blemish I had an incredible desire to eradicate the past and to find a whole new vocabulary for myself. At first, you are working from pure intuition. You are not sure where you are going; later, you begin to understand where the vocabulary is leading you and how to make it speak for you in a more profound way.
JC: The form of the pop song no longer interested you?
DS: For me those old forms reached a natural end – or shall I say their pinnacle – with Dead Bees on a Cake. Without the benefit of having to face my catalogue as I had to when putting together those compilation albums [for Virgin], I would never have been able to make such a radical break. In the end, I was too familiar with my own material. I’d toured with it, I knew it too well. I was happy to put it to rest and never face it again. I still enjoy the challenge of writing a well-structured pop song, but the stimulus for doing so usually comes from outside – someone will offer me a project or will offer to collaborate or give me a song to write a lyric to.
JC: You are in the process of completing an album with Steve Jansen and Burnt Freidman. I’ve heard the title track, Snow-borne Sorrow: much more accessible than Blemish but still bold and innovative and rather beautiful. How did this come about?
DS: Steve and I had been working on a project, and I’d also been working on another a project with Burnt. From there, the two projects just came together in the most natural way, and began to develop into something very impressive. The project will incorporate some of the strongest material I’ve ever written with Steve – that’s for sure, some really beautiful pieces. It’s a very confessional album. It has that same confessional edge as Blemish had and some very powerful and emotional qualities to it. The structures are rather repetitive, similar to Blemish, but, yes, far more accessible. But I’m looking forward to putting this one to bed and moving on. At times the speed at which I work causes me great frustration... so many other ideas to pursue. [...]
[TAKEN FROM DAVID SYLVIAN'S WEBSITE] [PHOTO NEW YORK TIMES]
Reluctantly, David has had to cancel the shows in Moscow, San Sebastian and Lisbon due to illness brought on by fatigue. We will continue to keep you posted should there be further cancellations.
Bookmarkers: Buenos Aires, English, Hong Kong, Música / Music, The Greatest
Everybody, someway or another, keep curious asking me why did I choose the name Bloom. I was interviewed while ago for a local chinese magazine and, well, I sold again my usual story. The literary reference from James Joyce's Ulysses where the main character is called Leopold Bloom and all of that stuff. I even mentioned kind of the plot, the narrative of an ordinary day that goes for more than six hundred pages. Dublin and the Bloomsday every year at the 16th of June. And they go "wow" asking me to see the edition in their hands. It's an impressive book and really is a good enough reason for a baby's name.
The Mao Zedong quote: «Let a hundred flowers bloom, let a hundred schools of thought contend.»
Then is the word itself. Bloom, the exotic freshness of the term. The blossom in touch with the flower that irradiates from Macau. The conotation to the flag. The new, the seed, the beauty. All things that grow and stay at its peak, prospering. It's not bad to sculpt the panorama and the concept of the whole project. It's a good idea.
But the reality is not so bright. In fact the truth is that everything was named after a song. A dark grunge tune written by Kurt Cobain, from the band Nirvana, in 1990. That's it. Now that I've break the ice and told it all in one scrap you can check it with your own eyes. Just tune your Bloom TV to this spot.
And now? Will you stop coming to Bloom or will you come more often? You just need to remember there's nothing but the truth.
[IN BLOOM IS HERE][IN BLOOM ON WIKIPEDIA]
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I like to see myself as an explorer and experimentalist as if it is the luckiest and joyful possibility of existing. Discover as a voyager of minds, while collecting all sorts of dreams and worlds. Seeing flowers blossom, opening new and wonderful feelings to finely bring you to me... :) happy do be alive.
PB ON HIS OWN WORDS
Rhys Hughes nasceu em Cardiff, País de Gales, em 1966. Com formação em Engenharia, começou por publicar problemas matemáticos e de xadrez em jornais do Reino Unido. Vendeu a sua primeira história em 1992. Desde a edição de Worming the Harpy em 1995, Hughes publicou outros livros, incluindo Nowhere Near Milkwood, Journeys beyond Advice, The Percolated Stars e Englebrecht, Again!, uma colecção de histórias ligadas entre si sobre um boxeur anão. Publicou também poesia, artigos e críticas.
Entre as suas influências estão Jorge Luís Borges, Italo Calvino, Milorad Pavic, Flann O’Brien e Donald Barthelme. Para além da literatura, os seus interesses incluem viajar e explorar outras culturas, música, filosofia, papa-formigas, tucanos, queijo, rombóides, tambores, alaúdes, chá, melodias, jogos de todo o tipo, astronomia, actividades físicas, aprender a voar, encorajar gatos e papagaios. Não gosta de política de partidos, formações nebulosas de baixa altitude e tecidos rudes. Nas suas próprias palavras, Hughes é “um impulsivo espaçoso e indolente, um manipulador de palavras obcecado com frivolidades ontológicas, cuja exploração em profundidade transformou o seu halo estático num fulgor coribântico. Talvez melhore.”
Rhys Hughes vive presentemente em Gales e tem já outro livro de contos pronto, cujas acções interligadas se situam entre o Brasil e Portugal. A Sereia de Curitiba, que a Livros de Areia vai agora lançar [ao mar].
[NA BLOOM AINDA PODE ENCONTRAR "UMA HISTÓRIA UNIVERSAL DA INFÂMIA"]
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Esmeraldas, açafrão, papagaios e velhas vinhas
0 comments Semeado por / Sowed by: Bloom * Creative Network at 15:54Este é o novo título da Editora Livros de Areia, A Sereia de Curitiba de Rhys Hughes. Vai ser apresentado esta semana numa série de enventos que contam, como não poderia deixar de ser, com a presença do autor nascido no País de Gales. Têm início na próxima Quarta-feira em Lisboa, às 14:30 na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (para uma sessão com alunos e professores); às 19:00, no Café no Chiado, para uma sessão de leitura englobada no programa cultural deste espaço, pertencente ao Centro Nacional de Cultura. E nos dias seguintes com duas sessões distintas: no British Council, entidade que apoiou esta edição, Quinta-feira às 19:00, com a apresentação de José Mário Silva. E na Sexta-feira, já numa Livraria, na FNAC do Colombo, com o leme a cargo de Fernando Alvim.
Como refere o seu tradutor "é um livro feito com muito empenho por uma pequena equipa composta por escritor, editor, tradutor, ilustrador e revisor. E neste caso, o resultado foi um livro inestimável recheado de absurdo e imaginação mas também muitos toques de sensualidade, sentido de humor e uma vontade de abraçar o mundo e deixar-se abraçar por ele."
Rhys Hughes escreveu o livro a pensar especialmente na tradução para português, língua em que será unicamente publicado. É um livro fantástico de contos inspirados na síndrome de ser português e lusófono. Ou, por outras palavras, é um livro de contos fantásticos bebidos na passagem do autor pelo nosso país e também pelo Brasil. Ou terá sido embebido? Já não sei dizer. Fica aqui um excerto.
E chega deste disparate de “querido leitor”. Não há nada de querido sobre mim. Tenciono ser reles a partir de agora, o mais reles possível que conseguir ser, e isso é uma outra forma como tenciono arruinar o vosso paraíso vistoso. Arrebatamento terno num clima aromático, fazer amor nas ondas e comer cocos? Pah! Cheguei à idade de (escrever em lápis para que possa ser alterado mais tarde) e nunca fiz isso ainda, logo, não vejo razão porque tenho que me sentar aqui, submisso, e ler sobre isto, sem me infiltrar. Nem pensar! Você esperava realmente aparecer e não fazer os seus leitores invejosos? É assim tão estúpido? Porque se não é, então queria deliberadamente magoar-nos, e nunca nenhum simplório irá ser eleito como Chefe da Ilha do Beijo Picante.A não perder. As sessões de apresentação e o livro, claro. A Livros de Areia está presente em quase toda a sua extensão nesta praia chamada Bloom, um pedaço de terra cheio de céu ao seu serviço. Vamos agora comprar um bilhete, só de ida, para esta Grande Sereia.
A Sereia de Curitiba, de Rhys Hughes
LIVROS DE AREIA • OUT 2007 • TRADUÇÃO DE SAAFA DIB • DESIGN DE PEDRO MARQUES SOBRE ILUSTRAÇÕES DE PAULO BARROS
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JAPAN - SONS OF PIONEERS • 1981
Sometimes I feel I've been here forever
Sometime ago
Sometimes we sense the doubt together
Sometimes alone
I'm tired but we won't sleep at all
Even though the air is calm
There's something here it's something warm
Something cuts and scars inside tonight
Sons of pioneers are hungry men
Every voice I hear sounds so familiar
Every song I know
Still there's been no change in the weather
But sometime we'll have to go
WRITTEN BY DAVID SYLVIAN AND MICK KARN • SEE IT HERE
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A ARTE DA PERFORMANCE é um clássico. O livro, editado e traduzido em diversos países, com versões constantemente actualizadas pela autora, é a grande referência de um repertório histórico que contextualiza a origem e o desenvolvimento da performance – desde os futuristas italianos às obras contemporâneas do artista Matthew Barney – no cenário internacional.
Atravessando as áreas da dança, teatro, música, cinema, arquitectura e artes plásticas, a performance é hoje reconhecida, inclusive em termos académicos, pelo seu enorme contributo à evolução da história geral da arte e a sua importância no domínio dos estudos culturais.
RoseLee Goldberg é historiadora e crítica de arte. Lecciona na Universidade de Nova Iorque e colabora, entre outras publicações, com a revista ARTFORUM. Actualmente directora e curadora do Festival Performa, em Nova Iorque, é também autora de PERFORMANCE: LIVE ART SINCE 1960 e LAURIE ANDERSON. Internacionalmente reconhecida, Goldberg recebeu,em 2006, o título de Comendadora das Artes e das Letras, atribuído pelo ministério da Cultura francês.
• FESTIVAL TEMPS D’IMAGES: www.tempsdimages-portugal.com
ORFEU NEGRO vai dedicar-se à edição no âmbito das artes contemporâneas, tanto no que se refere a ensaios históricos e outros trabalhos documentais, como a obras de reflexão sobre os modos de criação artística, as relações entre a arte e a cultura e o cruzamento das diversas artes.
Da dança à arquitectura, passando pela música, o teatro, a fotografia, o cinema e as artes plásticas, ORFEU NEGRO privilegia a transversalidade do pensamento artístico e as áreas híbridas ou «marginais» da criação, propondo uma leitura aberta da história e o questionamento das convenções estéticas e sociais.
Mito da transgressão, Orfeu representa também a aventura da criação artística. ORFEU NEGRO, designação furtada ao título do filme de Marcel Camus, que por sua vez adapta a peça Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes, acrescenta mais uma leitura às diversas interpretações.
E, tratando-se de uma chancela da Antígona, há-de continuar com a língua de fora.
• SITE OFICIAL: www.orfeunegro.org
A Arte da Perfomance, de RoseLee Goldberg • ORFEU NEGRO • 2007
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É incrível como de repente a sua história termina no anonimato do sopro de um coração. Assim, sem permitir mais nada.
Para os seus familiares e amigos um grande abraço e os nossos sentidos pêsames.
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David Sylvian is coming for a concert in Hong Kong later this month. My admiration for him goes for more than twenty years, since he was in Japan, a band that he formed with his brother when he was sixteen. It might be there that I got more aware of China, I was less than a teenager myself, with songs like Visions of China, Canton and Cantonese Boy that, still today, I hear with much pleasure. At that time he was my Marco Polo who brought me some of the mysticism of the orient.
We'll keep you updated of Sylvian's news along this month.
For now we have the first part of an interview given to Jason Cowley, a journalist and literary critic, who was published in the Observer on April 2005. Enjoy.
JASON COWLEY: Why did you set up your own label?
DAVID SYLVIAN: I had become increasingly frustrated with Virgin [to whom he had been attached since 1980, first as part of Japan and then as a solo artist]. There was enthusiasm for my work from one or two people in the higher echelons of the company but there was no carry through. They were happy to get the albums but they wouldn't know what to do with them. In the end, I felt that they really couldn't care less if I produced any new work or not. What they wanted from me were compilations, which is what I ended up doing for about a year and a half. In truth, I agreed to do the compilations thinking they might let me back in the studio at some point. I was contractually obliged to put together a compilation but I managed to put them off and keep producing new work, which interested me more. So I went through the motions of producing compilations, as well as a re-mix of a live album, but it was a bad period. I felt creatively stifled. I was dying to start over again, but there was no support from the company. We finally managed to part ways with Virgin, and that was a release, on both sides. I’d just moved from California to New Hampshire and started to build my own studio complex there, trying to become more self-sufficient. I knew with the way the industry was moving that it wasn't really going to be supportive of the kind of work I wanted to produce. I thought the best thing to do was to become as self-sufficient as possible and start from there, and see how things developed. It took about a year to build the studio. My brother [Steve Jansen] came over, and lived with me for about a year with his family. We started writing together…
JC: But then something happened. You stopped writing with Steve and took time out to make Blemish, perhaps the boldest and most uncompromising album you have ever made. Tell me a little about what led to the creation of Blemish?
DS: Blemish took only six weeks to make. I knew it would be described in the industry as a difficult album, which is why I decided to put it out over the internet. I thought: we’ll create a website, we’ll put it out without any distribution, and those people who are interested will find it. But the first reviews that appeared were so promising – they generated an awful lot of interest. From there, distributors came on board and wanted to be a part of it, and so the notion of a label began to grow. In truth, we were struggling to keep up with everything that was happening. But it was a gratifying struggle, because we were able to do deals on our own terms, and things were just evolving beautifully. At the end of this period we had a label, we had distribution, and everything seemed to be set up for the future. It’s now very gratifying to have a label and to be able to offer a platform to artists we admire, such as Harold Budd.
JC: I was impressed and moved by Budd’s release on Samadhisound, Avalon Sutra. He has said it is to be his final album – and these pieces of music, so fragile and full of longing, convey a sense of last things, of an artist coming to the end of something. When did you first hear them?
DS: Amazingly, I first heard the album in 2001, when I tried to help Harold find a deal for that album. Everyone turned it down. I finally met Harold for the first time in 2003 in LA, and offered to put out the album on our label. I think that period of refusal of some of his best work may have had something to do with his desire to call it quits at this point in time.
JC: How does it feel no longer to be with a major label? Is it liberation or loss?
DS: When I was in Japan, Simon [Napier-Bell, the band’s manager], would talk to me endlessly about what we were capable of and what we could achieve, as if I should automatically want to pursue the same goals as him. A wit and raconteur, he enjoyed nothing more than attempting to extract large sums of money from record companies…. He could charm his way out of the most difficult situations. I had to find another, less commercial way of working, which was why during the recording of Tin Drum [Japan’s fifth and final album] we kept Simon as far away from the studio as possible. Simon wished for me to see the industry through his eyes. He manipulated because manipulation was more entertaining from his perspective than a more passive (he would argue less creative) form of management and while this was quite an education, once I’d been given room to breathe, to gauge the situation, to size up the music business for myself, I realised that I could make it work for me in ways devoid of cynicism and crass exploitation, and that there were potentially greater returns in establishing relationships in the industry based on trust (I had a particularly long standing and productive relationship with Simon Draper at Virgin lasting almost two decades, a rare thing in music industry in the late 20th century) rather than taking the money and running. From the 1980s onward I never spoke of compromise and consequently compromise was never asked of me. [...]
[TAKEN FROM DAVID SYLVIAN'S WEBSITE]
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At that time I called my eldest brother. There was no other one to call except him. Elderly is the light of wisdom and that's what I needed.
Nobody knew what was happening, as nobody knows, still, at this very moment.
"I declared war to myself", I said to him, " and this is the simplest solution."
I was driving carefully around the block, phone at my ear, same hand shifting gears, from time to time.
He told me, "Hmmm... I knew there was something going on, something wrong somewhere, I could feel it from the distance."
He was surprised. First for the call and then for the news. But he couldn't really imagine the realm of the situation. As I didn't. I was just driving in circles and that was the assembly of all of my feelings. My emotions were all set and crushed against that wheel.
I knew, and I knew as the circle got wider and deeper, as time went of, that it was a war with no end. That declaring war with oneself it's the lock for the eternal conflict, where there's no peace, where there's no hushed quietness.
My eldest brother was faraway, only his voice came down, dimly, the images in my mind were all blurry, palled. No new tale to tell. Only the transmission, the engine and the seat belt of my car were in guard, feeling the same way as I, clutching its combustion until energy blew them away, when the road would be no use for steering anymore. That was war and would go on endless until I die.
Only if I would be immortal. War wouldn't matter anymore.
I'm still here and if there is an end is yet to come.
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We take the truth of coexistence as our guide and concentrate on the realization of the Pure Land, for both the sharp and the dull, the strong and the weak, hand in hand. No one exists divorced from the thoughts of those around him. All comes into existence through an assembly of causes. All things are interrelated. In accord with this principle, it is our aim to build an ideal world, step by step.
ON THE PHILOSOPHY OF SYMBIOSIS BY KISHO KUROKAWA
Bookmarkers: English, Livros / Books, Pensar/Thought
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Bookmarkers: Bloom Exclusives, Macau, Revolución, Vida / Life
The word symbiosis comes from the Greek term for "living together" - referring to a relationship between two or more organisms that is not only advantageous but necessary to both. Today, as national boundaries give way to larger economic alliances, increased discussion and interchange is imperative. Kisho Kurokawa, the noted Japanese architect and urban planner, argues that symbiosis is the means to this end. Symbiosis differs basically from concepts of harmony or peace, because it encompasses both opposition and competition. The author sees evidence everywhere that an increasingly symbiotic attitude is taking root around the world, not only in shifts toward democracy and interreliance but in the growing emphasis on pluralism, multiculturalism, and especially ecology - "the symbiosis of diverse species." The book touches on the writer's areas of professional specialization - architecture and urban planning - but the philosophy of symbiosis, which already boasts a substantial following among some of the world's most prominent political and business leaders, concerns us all. In addition to multiple issues of direct concern to the evolving relationship - economic, political, and cultural - between the West and Japan, the second half of Each One a Hero: The Philosophy of Symbiosis analyzes in detail the Asian Renaissance underway today. A spotlight is thrown on Malaysia and the plan for a Multimedia Super Corridor, or Eco-Media City, currently attracting global notice and investment.
Each One a Hero: The Philosophy of Symbiosis, by Kisho Kurokawa
PUBLISHED BY KODANSHA INTERNATIONAL • HARDCOVER • 543 PAGES • 3RD EDITION 1997
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A great conceptual revolution is underway across the world, but it is taking place so quietly that it has gone largely undetected. It is not the birth of a new ideology, like capitalism or communism; nor is it the advent of a new philosophy to replace that of Kant or Descartes. Yet the new currents of thought that are arising around the world will have a greater effect on us than any ideology or systematic philosophy. They are unarguably changing our way of living and our idea of what it is to be human. This great, invisible change I identify as the philosophy of symbiosis.The Japanese architect Kisho Kurokawa died last week but his work stays as a strong heritage for the following generations. For us, for the ones who stayed behind, who keep on breathing. Kurokawa co-founded the Metabolist Movement in 1960, pioneering a radical avant-garde style of architecture and urban planning for the future. The Metabolists’ vision centred around vast cities that adapted to an ever-increasing population by building flexible, expandable structures that could be added to over time.
KISHO KUROKAWA in EACH ONE A HERO - The Philosophy of Symbiosis
Kurokawa was always ahead of his time. And if you look closer, not so much for the physical proves of the legacy but for the concepts that move them, from where they have gain form, you can see a philosophy of life that was never conceived before. For me he was one of the great thinkers of our time, that found on the edge of architecture the ground to practice and express his theories. But he should never be regarded just as an architect.
The elimination of the spirit of protectionism, in both trade and in the form of group loyalties that exclude all outsiders, is a universal struggle and a universal goal. But to pursue that goal also means that we are plunging into an age of confrontation: between benefit and harm, between personalities, and between cultures. It will no longer do to simply hammer down the nail that sticks out. We can no longer solve anything by attacking those who are unique or extraordinary. We are living at the start of an age of symbiosis, in which we will recognize each other's differing personalities and cultures while competing, in which we will cooperate while we oppose and criticize each other.Following his theories of Metabolism, Kurokawa bred the Philosophy of Symbiosis in architecture, this is also the title of a book he wrote in 1987 that we highlighted here. Symbiosis in architectural terms to Kurokawa meant that buildings shouldn't be viewed as mechanical structures in isolation of each other but should instead work together advantageously as living and breathing entities. But surely what he was looking for was the complex symbiosis that lacks from the concept of hybridism. Like the distance between two walls, or the depth of a sharp-pointed screw that keeps the buildings from falling and Man for leaving a steady life. Isolation should not be seen as an individual recognition of solitude but as a whole abstraction of a common experimentation towards the multitude of social life.
Sorry but this is just me.
When the positions or standards of cultural value are in disagreement, it is not necessary for one side to defeat the other and force his values on his opponent. They can instead search for common ground, even while remaining in mutual opposition. The success of this approach depends upon whether one has any desire to understand one's opponent. Even two cultures so different from each other that understanding is impossible will find that the sincere desire to understand the other makes cooperation possible.ALL ON KISHO KUROKAWA HERE.
Symbiosis of this sort, a symbiosis that includes elements of opposition and competition, is a common feature of the animal and plant kingdoms. This is the reason that I have selected the word symbiosis, preferring it to other words such as peace, harmony, and coexistence.
[TEXT RAISED WITH THE HELP OF YANKODESIGN] • His obituary at THE INDEPENDENT
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from the glass on the floor
and the strings that're breaking
and i keep on breaking more
and it looks like i am shaking
but it's just the temperature
and then again
if it were any colder i could disengage
if i were any older i could act my age
but i dont think that youd believe me
it's
not
the
way
i'm
meant
to
be
it's just the way the operation made me.
Selvagens e Sentimentais é um delicioso livro de textos sobre o futebol. Escrever sobre este desporto é para Javier Marías "um descanso", o qual deve entender-se, como a oportunidade de abandonar as máscaras da ficção e instalar-se num território em que "as coisas são claras e o autor se sente seguro das suas paixões e das suas recordações". Para ]avier Marías o futebol é "a recuperação semanal da infância"; e também é temor. dramaticidade e soçobro, uma mistura de sentimentalismo e selvajaria, uma escola de comportamento e nostalgia, e a encenação do épico ao alcance de todo o mundo. Nestes brilhantes textos fala-se de jogadores e aficionados, treinadores e presidentes, derrotas e triunfos, de emoção e vergonha; também do carácter quase cinematográfico deste desporto, da cuidadosa memória e do rápido esquecimento, do patriotismo, da celebração dos golos, dos hinos, dos andares e dos gestos cheios de significado. E vemos o futebol como certamente é, no fundo, para milhares de aficionados: um interminável desfile de heróis, vilãos, figurantes e façanhas, um espectáculo que talvez mereça a pena levar a sério.
Selvagens e Sentimentais, de Javier Marías • DOM QUIXOTE • FICÇÃO UNIVERSAL
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And so it is, suggested by the Director of Sheng Kung Hui Primary School, we are going to stay there for more one day, or half of it, let's say tomorrow afternoon.
Everything went well. We had a typhoon of kids, of different forces and ages, coming and going. Everybody were happy, we guess, and it was a very good journey for all the books we brought into these children's day-to-day life. Meet us there around 3 o'clock.
THANK YOU!
Bookmarkers: Aprender / Learning, Bloom Exclusives, Livros / Books, Macau
CHAIN OF SAINTS BY CATS ON FIRE [click here]
So, now you're going to change, don't think I want that
Don't think I want that
So when you've spent a fortune on vintage wine
Please remember the type of pain you've felt before
Please remember the Chain gang
So, now you're going to change, don't think I want that
Don't think I want that
So when you wake up knowing that you've tricked her
Please remember the type of pain you've felt before
Please remember the Chain gang
written by Mattias Björkas
Bookmarkers: Buenos Aires, English, Música / Music, Taste it