Amartya Sen, Prémio Nobel da Economia, argumenta neste ensaio que o conflito e a violência são hoje sustentados pela ilusão de que os seres humanos se definem exclusivamente, ou sobretudo, a partir de uma única identidade. Como se o mundo fosse constituído por uma federação de religiões, ou de culturas, ou de civilizações, ignorando-se a relevância de aspectos como o género, a profissão, a língua, a ciência, a política...
Em alternativa ao «choque das civilizações», o autor clarifica que não é forçoso aceitarmos as civilizações como critério primordial de classificação da humanidade, analisando temas tão diversos como o terrorismo, a globalização, o fundamentalismo, o multiculturalismo e o pós-colonialismo.
Através da sua perspicaz investigação, Sen salienta a necessidade de uma compreensão clara da liberdade humana e da eficácia de uma voz pública construtiva na sociedade civil global. O mundo, como Sen demonstra, pode ser conduzido para a paz tão firmemente como, em tempos recentes, tem caído numa espiral de violência e guerra.
No «Prefácio» pode ler-se: «É bem provável que as perspectivas de paz no mundo contemporâneo dependam do reconhecimento da pluralidade das nossas afiliações e do uso da reflexão, assumindo-nos enquanto vulgares habitantes de um vasto mundo e não como reclusos encarcerados em pequenos compartimentos.»
SOBRE O AUTOR
Amartya Sen nasceu em 1933, em Santiniketan, uma cidade universitária indiana. É em Dhaka, hoje em dia capital do Bangladeche, que se situam as suas origens familiares e foi lá que passou a maior parte da infância e iniciou a sua educação formal. Depois de alternar os seus interesses entre o sânscrito, a matemática e a física, acabaria por descobrir o fascínio da economia. Sen é hoje um dos mais notáveis pensadores mundiais, uma referência para a discussão de temas como a globalização, o liberalismo económico, o terrorismo ou a desigualdade entre os géneros.
Identidade e Violência, de Amartya Sen • Edições Tinta da China
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