O Arquitecto

[ESBOÇO PARA OUTRA COISA QUALQUER]

No corredor é preciso que duas pessoas se cruzem. Sem se tocarem.
Que se cruzem várias pessoas em simultâneo e que o largo do chão entre as paredes os deixe sobreviver.
É preciso, para que isso aconteça, que o corredor tenha a largura de três corpos e que o piso seja liso e uniforme. Talvez com uma ligeira curva, se lá fora não existir nenhuma árvore que o impeça.
Vidros no corredor para a luz penetrar. É tudo. A janela a correr e a deitar a sua luz até ao entardecer e depois, de novo, pela manhã. Talvez um vidro grosso para o proteger do calor.
E do frio no Inverno.
Do barulho dos carros, também.
O Gehry já fez as janelas tortas. Todos os outros, antes ou depois, em certa altura da sua obra, deixaram também uma janela fora do papel.
As minhas vão ser como calhar. Vou pensar ainda nisso, se tiver tempo, há coisas mais importantes para tratar.
Pelas aberturas do vidro entra um mundo e sai o outro e para isso não é importante se de repente a linha se tornar oblíqua.
As cores fazem o resto. Espalham a luz, acolhem o som e a humidade.
Aqui faz húmido. E muito calor.

Quando passo no corredor cruzo-me com outra pessoa. Sei que se ela se cruzar comigo me vai deixar sobreviver.
E não há nenhuma árvore que o impeça.

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