Existem aqueles livros de que a gente gosta sem uma razão muito objectiva. São bons e pronto. Vão de encontro às nossas necessidades literárias. As letras encaixam-se naturalmente no espaço mental que temos para elas e depois ficam por ali, a fazerem-nos pensar. São livros de que se fala com muito entusiasmo mas sem grandes considerações teóricas, porque são tão naturais como todas as outras coisas sobre as quais teorizar não é imperativo. Foi assim o meu “O Vendedor de Passados", que comprei lá e li no avião para cá, com uma osga literária por companhia num voo a roçar a eternidade.
Ontem, soube-se que José Eduardo Agualusa foi distinguido com o XII Prémio de Ficção Estrangeira, entregue pela National Portrait Gallery de Londres, pelo livro onde os passados são à escolha do freguês e a narração é feita por um ser de pequenas dimensões mas de grande alma, que habita nas paredes de uma África que salta nas frases e nos cheiros. A não perder.
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