Guerra e Paz publica Prémio Pulitzer

A Odisseia de Enrique

Esta é uma história verídica de coragem e risco. Um jovem hondurenho de 17 anos atravessa toda a América Central e México para reencontrar nos EUA a mãe imigrante que não via há 12 anos. Um percurso terrível e ilegal feito em comboios de carga, pondo em risco a própria vida. A autora, depois de falar com a sua empregada – originária da Guatemala –, que deixara os quatro filhos para ganhar a vida nos EUA, quis saber mais sobre este dramático fenómeno. Foi então que conheceu a história de Enrique e decidiu fazer o mesmo périplo, correndo os mesmos perigos. Mais do que uma fascinante reportagem jornalística que documenta a realidade da imigração na América actual, esta é uma odisseia moderna sobre um rapaz que arriscou a vida para reencontrar a mãe que ama. Uma reportagem dramática que é um exemplo de jornalismo excepcional.

ENTREVISTA COM A AUTORA
Como chegou à história da Odisseia de Enrique, o que a inspirou?
Uma mulher, a Carmen, empregada de limpeza que vem a minha casa duas vezes por mês contou-me que tinha quatro filhos que viviam na Guatemala e que já não os via há doze anos. Um ano depois, o seu filho Enrique fez a viagem até aos Estados Unidos e foi ele que me descreveu El Tren de La Muerte, o Comboio da Morte. Achei o relato inacreditável: a história dessas crianças que querem a todo o custo reunir-se com as mães e que com isso correm todos os riscos possíveis e passam por terríveis perigos até conseguirem lá chegar.

Parece que a sua pesquisa foi também muito perigosa.
Eu queria pôr os leitores em cima do comboio com Enrique, para que sentissem que estavam ao seu lado. Para o fazer foi preciso traçar de novo todo esse percurso. Eu fi-lo do mesmo modo como ele fez. Quando viajou em autocarros pelo meio da América Central, eu viajei de autocarro. E quando embarcou no comboio no Sul do México, eu também o fiz, da mesma maneira. Mas em certas ocasiões tive medo. Demasiadas vezes senti o perigo muito perto.
Houve alturas em que me sentia nojenta e não podia usar a casa-de-banho durante horas ou estava muito calor ou frio ou chovia a potes.

Qual foi a pior situação por que passou?
A certa altura o ramo de uma árvore acertou-me em cheio na cara, quando eu ia no cimo da carruagem do comboio, e nesse momento quase caí. Foi bastante doloroso.

Parece que a maioria das mães não está preparada para a situação de como a suas partidas afectam a vida dos filhos.
Muitas dessas mães acreditam no seu coração e acham que estão a fazer o melhor para eles quando os deixam, porque enviam dinheiro para casa e desse modo as crianças conseguem libertar-se um pouco da pobreza em que se encontram e ter uma vida melhor. Mas a realidade é que na maioria dos casos a separação dura muito mais tempo do que era previsto, e no fim os filhos sentem todo esse desgosto do abandono e culpam-nas por isso. Assim no final, para muitas famílias, é uma história triste.
É no entanto um padrão difícil de mudar, porque a pobreza é muito devastadora. Algumas das famílias vivem com um pano de alcatrão por cima da cabeça e um chão sujo por baixo. As mulheres contam que não têm como alimentar os seus filhos ao jantar e que lhes dão um copo de água com uma colher de açucar para lhes acalmar o estômago. O nível de pobreza é gigantesco.

Em que sentido mudou a sua opinião sobre a imigração ilegal ao escrever este livro?
A grande mudança para mim foi reconhecer que essa poderosa torrente só irá mudar se for deduzida na sua origem, se as economias desses países que enviam grandes quantidades de pessoas para os Estados Unidos melhorarem. Falei com um miúdo no Sul do México que fez 27 tentativas para tentar chegar à mãe nos Estados Unidos, e estava a preparar-se para tentar pela vigésima oitava vez. É óbvio que nenhuma força no mundo, quanto mais uma patrulha na fronteira, poderá impedir alguém assim de chegar ao seu objectivo.

"Esta é uma Odisseia do Século vinte e um. A poderosa escrita de Nazario traz-nos uma das histórias mais negras do nosso país. Se este ano vai ler apenas um livro de não-ficção, tem que ser este, porque conhecemos estes jovens heróis, eles vivem na porta ao lado..."
Isabel Allende

"Os detalhes da viagem são alternadamente aterradores, alucinantes, sinistros e líricos. Nazario tentou dar ao livro o ritmo de um bom romance, com clímaxes em crescendo de força e temor à medida que Enrique se embrenha na viagem – e se vai aproximando dos EUA. Mas sabemos o tempo todo que os problemas vão realmente começar apenas quando ele atingir a fronteira.(...) É seguro dizer que A Odisseia de Enrique está entre os melhores livros jamais escritos sobre a travessia de fronteiras. (...) Um livro inquietante."
Washington Post

"Notável repórter, Nazario deu a conhecer a experiência moderna da imigração; através de Enrique ela deu uma voz e uma cara a estas crianças imigrantes."
New York Times

"A Odisseia de Enrique", de Sonia Nazario
GUERRA E PAZ ● ISBN: 9789898014498 ● MAIO 2007
Visite o site oficial do livro em: http://www.enriquesjourney.com

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