Sabes a que horas passa a verdade? E a mentira?

O futuro segundo um dos nomes fortes da literatura inglesa contemporânea. Ballard aborda dois dos seus temas preferidos: o mito dos media e a crise da sociedade da abundância, com a consequente perda de valores. O ponto de partida é uma explosão no aeroporto de Heathrow, em Londres, Inglaterra. Um psicólogo descobre que alguém próximo está entre as vítimas e começa a investigar o crime. O ponto de chegada é um grupo que incita à revolução da classe média.

Um fragmento de vidro escorregou da moldura e feriu-me a palma, cortando levemente a linha da vida. Enquanto fitava a mancha brilhante e procurava o meu lenço, dei-me conta que este era o único sangue que derramara em Chelsea Marine durante toda a rebelião.
Uma bomba no aeroporto de Heathrow em Londres parece ao psicólogo criminal David Markham apenas mais um acto isolado de violência gratuita até que descobre que a sua ex-mulher está entre as vitímas. No encalço das suspeitas policiais, Markham decide investigar o crescendo de grupos de protestos londrinos, acabando por conhecer um estranho movimento sediado na rica e confortável marina de Chelsea. Dirigido por um médico carismático, o objectivo deste grupo é fazer acordar a dócil classe média libertando-a dos fardos auto-impostos da responsabilidade e do serviço cívico. Uma meta que irá lançar o caos na capital inglesa. James Graham Ballard nasceu em Xangai, mas será em Inglaterra que completará o curso de medicina e iniciará a sua carreira de escritor. Autor de culto, os seus livros são frequentemente classificados na área da ficção científica, combinando sexo e tecnologia enquanto parte de uma descrição psicoanalítica da moderna condição humana.

Os últimos três romances de J.G. Ballard falam obsessivamente da mesma coisa: a necessidade de violência na sociedade contemporânea. Em "Noites de Cocaína", passado numa estância turística de luxo no Sul de Espanha, Estrella del Mar, um professor de ténis visionário descobre que o crime é a única forma de despertar o sentido cívico e recuperar o amor pela vida. Em "Super-Cannes" (ainda não traduzido em português) um psiquiatra foi incumbido de tratar a depressão crónica dos executivos da "Sillicon Valley" europeia. Prescreve-lhes uma forma de desporto muito eficaz para a saúde física e mental: atacar violentamente cidadãos imigrantes. Em "Gente do Milénio", a classe média de um bairro londrino, Chelsea Marina, cansada do seu estilo de vida demasiado perfeito e monótono, desencadeia uma sangrenta revolução.

E assim se vive. Em Macau a luz está clara, o horizonte limpo. Mais um dia na Bloom onde pode encontrar Ballard no original, em inglês, e na tradução, a língua de Camões, o grande poeta zarolho. Tudo em tempo de revolução, a 60 e tal minutos à hora.

Gente do Milénio de J.G. Ballard ● QUETZAL

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