O essencial da sombra

Na parede, grandes e pequenos quadros
reflectem a vaidade e a arrogância do mundo terreno,
tal como num espelho,
vê-se a sobreposição das imagens do mundo real e do ilusório.
Sendo assim uma auto-reflexão sobre a realidade,
para além de uma revelação sobre o futuro.
Perante os quadros
temos de aprender a acreditar nas nossas mentiras,
caso contrário, não teremos a habilidade
de mentir aos outros, como nos mitos gregos
ou como n’O Comerciante de Veneza.
Tudo isto parece uma ilusão efémera,
mas, é o suficiente para ficarmos perplexos toda a vida.
A sombra da sombra tecida pela pintura
constitui o essencial eterno para iludir.
Num mundo próspero e colorido
quem poderá crer que
a contradição, a escuridão, o vazio e o absurdo surgem por detrás de uma máscara?
Um avião carregado de desejo
fica encalhado na margem do mar da morte, agitado pela cobiça.
A expressão imóvel do rosto
oculta uma alma frágil, devorada pelo desespero.
O piano a flutuar no céu e, o violino com corda quebrada,
tocam em coro um estridente Requiem de Mozart.
Falso ou verdadeiro, certo ou incerto,
tudo deriva das imagens do cenário do real.
Tantas perguntas já colocadas
esperam pela nossa resposta para a inversão da noite e do dia,
uma resposta que não se sabe se correcta ou errada.

Ung Vai Meng - Director do Museu de Artes de Macau.
Na apresentação da exposição de Konstantin Bessmertny, "Edictus Ridiculum", em exibição no MAM desde ontem.
本詩葡語版由姚京明翻譯.Tradução de Yao Jing Ming

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