O dia 1 no dia 2

“A manifestação de ontem foi o culminar, legítimo, convém sublinhar, do profundo descontentamento de uma fatia da população de Macau. De gentes de Macau que não se sentem governadas, ao contrário do espírito que presidiu à criação da RAEM.
O Governo de Macau tem recursos, tem capacidade negociadora e tem, cada vez mais, uma população que lhe exige medidas concretas. O piloto automático avariou. É preciso pegar no leme e avançar em direcção a um projecto social, político e cultural que assuma níveis qualitativos semelhantes aos do projecto económico. O ano passado foi dado o alerta, este ano confirmou-se: as gentes de Macau não estão assim tão alheadas das questões políticas e sabem exactamente a quem têm de pedir explicações. Estas são-lhes devidas, com medidas concretas e sem floreados de circunstância.”
João Costeira Varela in Hoje Macau

“O que me parece estar aqui verdadeiramente em causa é uma questão de mentalidade ou, se preferirem, de maior ou menor predisposição para jogar as regras da democracia. Afinal, permitam-me a pergunta, está ou não consagrado em Macau o direito à manifestação? Obviamente que sim. E as manifestações fazem-se onde? Onde os manifestantes querem ou onde o governo deixa? A priori, é onde os manifestantes querem, sem sombra de dúvida. O que pode haver – como há – é restrições na lei em função de outros interesses igualmente relevantes, como sejam os da segurança. Daí que manifestações estejam proibidas a uma certa distância de edifícios do governo ou de representações diplomáticas.
Mas pretender que o simples congestionamento do trânsito, ou eventuais prejuízos que possam resultar para o comércio de uma determinada zona, sejam motivo para se impedir que, ano após ano, manifestações como a do 1º de Maio percorram a artéria mais importante de Macau, é absolutamente indefensável em razão dos valores em presença.”
Ricardo Pinto in Ponto Final

2 Comments:

  1. teresa said...
    E nada como um inexperiente aprendiz de Lucky Luke para resolver o assunto com uns bons tiros para o ar à moda do velho farwest.
    isabel said...
    Pois, deve ter sido para animar a festa... ou para ser diferente... No fundo, a culpa é do cinema. Ah, e da literatura, claro está.. Bah.

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