12.04.2007 - 17h32 PUBLICO.PT
O escritor confessa abertamente a sua angústia e desespero, mitigados com a esperança dada pelo facto de um amigo de longa data, em quem deposita inteira confiança, ter aceite operá-lo.
"Não acreditava que um dia destes chegasse. E agora, Março de 2007, veio com a brutalidade de uma explosão no peito. Não imaginava que fosse assim, tão doloroso e, ao mesmo tempo, tão pouco digno como a velhice e a decadência. Tão reles. O olhar de pena dos outros, palavras de esperança em que não têm fé" – escreve Lobo Antunes.
O autor diz que está a lutar e que, seja qual for o desfecho, o cancro alterou "de cabo a rabo" a sua vida, mas ainda sem saber em que sentido.
Pede também desculpa pelo facto de o texto poder estar um pouco desconexo e pede à revista que entenda "a caligrafia tremida da crónica".
Sobre o cancro, escreve: "Mói e mata. Mata. Mata. Mata. Mata. Levou-me tantas das pessoas que mais queria. E eu, já agora, quero-me? Sim. Não. Sim. Não — sim."
Bookmarkers: Escritores / Writers, Português