Alguns gostam de poesia

Alguns -
quer dizer nem todos.
Nem a maioria de todos, mas a minoria.
Excluindo escolas, onde se deve
e os próprios poetas,
serão talvez
dois em mil.

Gostam -
mas também se gosta de canja de massa,
gosta-se da lisonja e da cor azul,
gosta-se do velho cachecol,
gosta-se de levar a sua avante,
gosta-se de fazer festas a um cão.

De poesia -
mas o que é a poesia?
Algumas respostas vagas

foram dadas,
mas eu não sei e não sei, e a isto me agarro
como a um
corrimão providencial.


Esta antologia foi preparada com o objectivo de dar a conhecer a obra dos dois mais importantes nomes da literatura polaca da actualidade. Trata-se de uma antologia bilingue que compreende trinta e cinco poemas de Czeslaw Milosz (Nobel 1980) e outros tantos de Wislawa Szymborska (Nobel de 1996).

Dois poetas aparentemente diferentes, Milosz tem vivido desde há longos anos fora do seu país, Szymborska, pelo contrário, poucas vezes saiu de Cracóvia. Contudo as suas poesias têm traços culturais comuns e reagem aos mesmos acontecimentos.

Esta edição é precedida de uma «Introdução» que contextualiza os dois autores e as suas obras dando linhas de leitura possíveis, quer comuns quer antagónicas, entre as duas obras.

Czeslaw Milosz (1911-2004) Prémio Nobel de Literatura 1980

Poeta, ensaísta, romancista, tradutor e historiador de literaura, nasceu na lituânia onde se formou em direito pela Universidade de Vilnius. Durante a II Guerra Mundial foi um dos animadores da actividade cultural clandestina polaca. Depois da guerra foi embaixador da Polónia em Washington e Paris, onde em 1951 ficou como exilado político. Em 1960 regressou aos Estados Unidos como professor de literaturas eslavas na Universidade de Berckeley. É autor de uma extensa obra, onde se destacam os vários volumes de poesia e os romances, O vale de Issa e A tomada do poder.A sua poesia tem um carácter reflexivo e discursivo, destacando-se pela sua disciplina clássica, objectivação da emoção lírica, bem como pela ironia e a linguagem simples, oral, procurando-se sintetizar a experiência humana através do recurso ao diálogo interior e desmascarar os mecanismos da manipulação política.

Wislawa Szymborska (1923 - ) Prémio Nobel da Literatura 1996


Poetisa, crítica literária e tradutora, vive em Cracóvia, onde se formou em Filologia Polaca e Sociologia pela Universidade Jaguellonica. A sua extensa obra, traduzida em 36 línguas, foi caracterizada pela Academia de Estocolmo como «uma poesia que, com precisão irónica, permite que o contexto histórico e biológico se manifeste em fragmentos da realidade humana.» tendo sido a poetisa definida, ela própria, como «o Mozart da poesia».

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