Guiné em Macau

Editor da Guerra e Paz apresenta obra de António Graça de Abreu na Bloom 

Guiné na 1ª pessoa

São palavras com mais de três décadas, escritas em forma de diário, combinadas com aerogramas, fotografias e documentos da época. A Livraria Bloom apresenta no próximo sábado, dia 14 de Julho, o livro “Diário da Guiné - Lama, Sangue e Água Pura”, uma obra de António Graça de Abreu, lançada este ano pela editora Guerra e Paz. A apresentação da obra vai ser feita pelo editor José Santos e contará com a presença de Fernando Sales Lopes, residente em Macau que combateu na Guiné.

Oficial num Comando Operacional entre Junho de 1972 e Abril de 1974, António Graça de Abreu viveu o agudizar de um conflito militar de uma grande violência. Decidiu abrir a gaveta da memória e organizar o passado, trinta e cinco anos volvidos do fim da guerra colonial, depois de ler as cartas de António Lobo Antunes, também elas sobre o “purgatório” das terras quentes de África. Para Graça de Abreu, este é o tempo certo para partilhar um passado que permanece “doloroso”.

Em declarações à Lusa, aquando do lançamento do livro, o autor vincou que “ainda vive muita gente desse tempo que também guarda estas memórias, cerca de um milhão de homens passou por África e teve experiências muito fortes na guerra.” Com a publicação do livro, acrescentou à agência de notícias de Portugal, “pretendo dar um testemunho pessoal de um período complexo do país que constitui também um documento histórico.” Mas editar a memória é também “uma libertação”.

A Guerra e Paz, responsável pela publicação do Diário da Guiné, explica que se trata do relato do dia a dia na guerra da ex-colónia portuguesa, “amargo, sofrido, quase asfixiante e brutal.” É um quotidiano “também carregado de ironia, onde transparece o aproveitar dos simples prazeres da vida, mesmo em situações de extrema violência e crueldade.”

António Graça de Abreu nasceu no Porto, em 1947. Licenciado em Filologia Germânica e Mestre em História pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, tem no Oriente o tema da maioria das suas obras. Dois anos depois da Revolução de Abril, foi para Pequim, onde leccionou Língua e Cultura Portuguesas a alunos do ensino universitário, tendo sido também docente em Xangai. A ligação à China levou-o à publicação de onze livros na área da sinologia, da poesia e dos estudos chineses, com destaque para a tradução de poemas de Li Bai, obra com que recebeu o Grande Prémio Nacional de Tradução do Pen Clube Português e da Associação Portuguesa de Tradutores em 1990.

Depois de, no final do mês passado, ter organizado a apresentação do livro “Strolling in Macau”, a Bloom quer continuar a ser um espaço de troca de ideias, desta feita em língua portuguesa. A sessão de apresentação começa às 18 horas, no espaço da livraria, na Rua de Guimarães, ao Largo do Pagode do Bazar.

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